Alguns exemplos de princípios
"Por todo o lado surgem nações e mini-nações que reivindicam o seu direito a constituir Estados. Cadáveres apodrecidos emergem de túmulos seculares com um novo vigor primaveril, e povos "sem história", que nunca constituíram uma entidade estatal autónoma, sentem a necessidade violenta de se constituírem como Estados. Polacos, ucranianos, bielorussos, lituanos, checos, jugoslavos, dez novas nações no Cáucaso... Os sionistas já estão a construir o seu gueto palestiniano, de momento em Filadélfia (sublinhado nosso), hoje é a Noite de Walpurgis no Brocken nacionalista", escreveu Rosa Luxemburgo logo após a Primeira Guerra Mundial (Œuvres, t. II, Maspéro, 1978, p. 93).
"A ideia de uma nação judaica é contrária aos interesses do proletariado judeu, criando nele, directa ou indirectamente, um sentimento hostil à assimilação, um sentimento de gueto" (...). ) todo aquele que formula, directa ou indirectamente, a palavra de ordem de "cultura nacional judaica" é um inimigo do proletariado, um partidário do que é velho, do que tem um carácter de casta para os judeus, é o cúmplice dos rabinos e dos burgueses" (...) "Absolutamente inconsistente, do ponto de vista científico, a ideia de um povo judeu especial é, pelo seu alcance político, reaccionária. " (Lenine, Obras, Volume 7)
"Ao explorar o mercado mundial, a burguesia conferiu um carácter cosmopolita à produção e ao consumo de todos os países; para grande desespero dos reaccionários, retirou à indústria a sua base nacional. As velhas indústrias nacionais foram destruídas e continuam a sê-lo todos os dias. São suplantadas por novas indústrias, cuja adopção se torna uma questão de vida ou de morte para todas as nações civilizadas, indústrias que já não utilizam matérias-primas autóctones, mas matérias-primas provenientes das regiões mais distantes, e cujos produtos são consumidos não só no próprio país, mas em todas as partes do globo. Em vez das antigas necessidades, que eram satisfeitas por produtos nacionais, surgiram novas necessidades, que exigem para a sua satisfação produtos das regiões e climas mais distantes. Em vez do antigo isolamento de províncias e nações auto-suficientes, estão a desenvolver-se relações universais, uma interdependência universal de nações. E o que é verdade para a produção material não é menos verdade para a produção intelectual. As obras intelectuais de uma nação tornam-se propriedade comum de todas. A estreiteza e o exclusivismo nacionais tornam-se cada vez mais impossíveis, e da multiplicidade das literaturas nacionais e locais nasce uma literatura universal. (O Manifesto Comunista)
"Enquanto o capital for fraco, limita-se a apoiar-se em muletas retiradas de modos de produção passados ou daqueles que estão a desaparecer em resultado do seu desenvolvimento. Assim que se sente forte, rejeita essas muletas e move-se de acordo com as suas próprias leis". Grundrisse cap. du capital edt. 10/18,p.261
"Ora, quanto mais as esferas individuais, que actuam umas sobre as outras, se alargam no decurso deste desenvolvimento, e quanto mais o isolamento primitivo das diversas nações é destruído pelo modo de produção aperfeiçoado, pela circulação e divisão do trabalho entre as nações que dele resulta espontaneamente, mais a história se transforma em história mundial; Assim, se, por exemplo, se inventa em Inglaterra uma máquina que, na Índia e na China, tira o pão a milhares de operários e subverte toda a forma de existência destes impérios, esta invenção torna-se um facto da história universal. Da mesma forma, o açúcar e o café provaram a sua importância para a história mundial no século XIX, quando a escassez destes produtos, em consequência do bloqueio continental de Napoleão, provocou a revolta alemã contra Napoleão, tornando-se assim a base concreta das gloriosas Guerras de Libertação de 1813. Segue-se que esta transformação da história em história universal não é, digamos, um mero facto abstracto da "auto-consciência", do espírito do mundo ou de qualquer outro fantasma metafísico, mas uma acção puramente material, que pode ser verificada empiricamente, uma acção de que cada indivíduo dá provas, pois aqui está ele, a comer, a beber e a vestir-se. -K. Marx, A Ideologia Alemã.
Dívida pública.
"O povo sabe bem, por experiência própria e pela sangria da sua bolsa, o quanto a dívida pública pesa sobre os seus impostos; mas poucos sabem em que condições especiais essa dívida foi contraída e ainda existe. O Estado, esse instrumento comum nas mãos de nobres proprietários de terras e financeiros, precisa de dinheiro para levar a cabo a sua obra de opressão no país e no estrangeiro. Por isso, pediu emprestado aos capitalistas e usurários, e deu-lhes um pedaço de papel prometendo pagar uma certa quantia de juros por cada 100 libras emprestadas. Os meios necessários para este pagamento são retirados, sob a forma de impostos, dos bolsos das classes operárias. Assim, o povo tem de servir de garantia aos seus opressores em relação às pessoas que lhe emprestam o dinheiro, para que possam cortar-lhe a ele, o povo, o pescoço. Esta dívida aparece sob várias designações, consoante a taxa de juro seja de 3,3 ½ ou de 4 0/0." (K. Marx, Jornal do Povo, 16 de Abril de 1853).
"A dívida pública, ou seja, a alienação do Estado, seja ele despótico, constitucional ou republicano, marca a época capitalista. A única parte da chamada riqueza nacional que entra realmente na posse colectiva dos povos modernos é a sua dívida pública". (K. Marx T 1 p 721 do Kapital, ed. Moscovo)
A dívida pública é agora considerada um valor de refúgio para o capital, porque é garantida pelo Estado.
"De tal modo que o povo tem de servir de garantia aos seus opressores face às pessoas que lhes emprestam o seu dinheiro para que possam cortar-lhe a ele, o povo, o pescoço. Esta dívida aparece sob várias designações, consoante a taxa de juro é de 3,3 ½ ou de 4 0/0." ( K. Marx Jornal do Povo, 16 de Abril de 1853.)
"As dívidas públicas deram origem ao sistema de crédito internacional, que muitas vezes esconde uma das fontes de acumulação primitiva entre um povo ou outro. Assim, por exemplo, a rapina e a violência venezianas constituíram uma das bases da riqueza de capital da Holanda, à qual Veneza, no seu declínio, emprestou somas consideráveis. Por sua vez, a Holanda, tendo perdido a sua supremacia industrial e comercial no final do século XVII, foi forçada a utilizar enormes quantidades de capital emprestando-o ao estrangeiro, especialmente à Inglaterra, a sua rival vitoriosa, de 1701 a 1776.
No volume 2 de "A Acumulação do Capital", Rosa Luxemburgo descreve esta corrida precipitada do capital:
"As contradições da fase imperialista manifestam-se mais claramente nas contradições do sistema de empréstimos internacionais. Estes empréstimos são indispensáveis para a emancipação dos jovens Estados capitalistas ascendentes e, ao mesmo tempo, constituem o meio mais seguro para os velhos países capitalistas manterem os jovens países sob tutela, controlarem as suas finanças e exercerem pressão sobre a sua política externa, aduaneira e comercial. São o meio mais eficaz de abrir novas esferas de investimento para o capital acumulado dos velhos países, mas também de lhes criar ao mesmo tempo uma nova concorrência, de alargar bruscamente o campo de acção da acumulação capitalista e de o estreitar ao mesmo tempo". (Rosa Luxemburgo, "L'emprunt international", p 93, publicado por Maspéro).
Fonte: Ni nationalisme ni mondialisme bourgeois – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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