23 de Março de 2024 Robert Bibeau
Os 550.000
trabalhadores do sector público da província do Quebeque votaram 95% a favor de
uma greve geral ilimitada(GGI) a convocar para Outubro. Em 23 de Setembro,
mais de 100.000 trabalhadores manifestaram-se para mostrar a sua determinação.
Num folheto do comité
do NWBCW-Montreal (Não à guerra, pela guerra de classes) distribuído na manifestação,
é referido que a GGI deve ser preparada através da criação de comités de greve
ou de luta de todos os trabalhadores, independentemente da sua filiação
sindical, de serem ou não sindicalizados e da sua profissão.
Esta é a primeira forma de lutar contra as divisões e o enfraquecimento das
nossas forças. Temos de participar nas reuniões sindicais e fazer propostas
para contrariar a divisão e a sabotagem dos sindicatos, especialmente se eles
voltarem com as mesmas propostas de acção que falharam no passado: acções
isoladas, greves sectoriais, greves de um ou dois dias e até mesmo algumas
horas por sindicato.
Os comités da NWBCW apoiam as lutas dos trabalhadores porque hoje já não
são determinadas apenas pela crise - a defesa do capital nacional contra os
rivais económicos - mas também pelas necessidades, mais ou menos directas
consoante os países, do impulso para a guerra generalizada; em particular a
necessidade de desenvolver economias de guerra e de se rearmar. Ver artigos
aqui: en_rg26
Nesta situação, todas as lutas dos trabalhadores representam objectivamente,
qualquer que seja a consciência dos proletários em luta, uma dinâmica de
oposição à crise e à marcha para a guerra do seu próprio capital nacional. E
fá-lo tanto económica como ideologicamente, tendendo, e só tendendo, a romper
com o quadro da defesa do capital nacional e da unidade nacional com a sua
própria burguesia.
Com um mês de atraso,
em Novembro, a Frente Comum dos Sindicatos e os sindicatos exteriores à FC
lançaram uma multiplicidade de "greves" de algumas horas a alguns
dias. Quanto à FAE (35% dos professores), optou por uma GIG de 22 dias. Esta
greve, completamente isolada dos outros trabalhadores, nunca foi alargada a
outros sectores públicos ou privados. Num folheto do GIGC distribuído durante
os dias de greve, escrevemos que já não é prioritário apelar à formação de
comités de luta ou outros para preparar e incentivar uma greve verdadeiramente
"ilimitada e unitária" e o seu alargamento para além do sector
público. Hoje, nos primeiros dias do movimento, trata-se de: apelar directamente
a todos os ofícios e corporações do sector público para que entrem em greve ao
mesmo tempo e todos juntos; apelar a que estendam a greve para além do sector
público, para o sector privado; apelar a todos os proletários do Quebeque, do
sector público e privado, para que entrem em greve imediatamente e por tempo
indeterminado, rompendo com a unidade nacional e a proibição de verdadeiras
greves. E se existem comités de luta, cabe-lhes concentrar toda a sua
intervenção nestas palavras de ordem.
A 27 de Dezembro, os sindicatos anunciaram um acordo de princípio sem divulgar qualquer informação e puseram fim a todas as greves. O governo provincial de Legault não precisou de aprovar injunções e leis para acabar com as greves. Os sindicatos, como órgãos do Estado capitalista, encarregaram-se disso. E para garantir que os trabalhadores do sector público não entrassem em greve, os sindicatos convocaram votações de 8 de Janeiro a 19 de Fevereiro para pôr fim a qualquer indício de luta e garantir que as ofertas do governo fossem aceites.
E a maior parte dos sindicatos realizou reuniões por videoconferência. Por exemplo, a Alliance des professeures et des professeurs de Montréal realizou este tipo de reunião desmobilizadora das 18h00 às 02h00, com 52% dos membros a aceitarem a proposta do governo.
Embora os sindicatos estejam a tentar controlar as reuniões presenciais, as reuniões por videoconferência devem ser radicalmente rejeitadas. O controlo total exercido pelos sindicatos, organizadores das videoconferências, permitiu-lhes fazer o que quisessem, caso a votação não fosse favorável. Ficar em casa não só não permite que os trabalhadores se envolvam num verdadeiro "debate" contraditório sobre a própria luta, neste caso sobre o valor do acordo salarial, as condições de trabalho e sobre a direcção e as modalidades da própria greve.
O isolamento que os sindicatos propõem cada vez mais, tanto para os votos de greve como para as ofertas da direcção, impede os trabalhadores de "sentirem" a força e a vitalidade do seu colectivo, para que possam perceber que, unidos na luta, são muito mais do que uma soma de votos a favor ou contra.
Publicado em 10 de Março no Síte Web do Grupo Internacional da Esquerda Comunista (IGCL): www.igcl.org email: intleftcom@gmail.co
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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