10 de Março de 2024 ROBERT GIL
Pesquisa realizada por Robert Gil
Cultura de Cancelamento, Wokismo, LGBT+, Transgénero, todos estes temas são
livremente debatidos na nossa sociedade, mas não há nada de universal neles.
São as nossas percepções, os nossos costumes, os nossos valores, o nosso modo
de vida, mas não há nada de normal em querer impô-los aos outros. O Ocidente
julga-se o detentor da verdade, como se tivesse uma missão
"civilizadora"... vimos no que deu em África, na Ásia, na América do
Sul e nas Caraíbas. Não aceitaríamos que outros nos impusessem um modo de vida
ou de pensar diferente do nosso, então que direito temos nós de impor o nosso a
quem não o quer? Quanto aos nossos pseudo-defensores dos direitos humanos,
ignoram Guantánamo e Assange, esquecem que os EUA ocupam ilegalmente quase um
terço do território sírio, fecharam os olhos durante oito longos anos quando o
exército ucraniano bombardeava civis no Donbass, mas todo este pequeno mundo
grita como virgens desavergonhadas à simples menção de Putin.
Em 2021, a União Europeia lançou um processo para condenar uma lei húngara que proíbe a "promoção" da homossexualidade. Em Agosto de 2023, o Banco Mundial decidiu deixar de financiar o Uganda devido às suas leis anti-LGBT. Em 2020, a homossexualidade poderá ser punida com a morte na Arábia Saudita, no Qatar ou nos Emirados Árabes Unidos, e não me lembro de estes países terem sido objecto de sanções ou ameaças por parte da UE ou de qualquer organismo internacional. Em 2011, quando o Qatar comprou o Paris Saint Germain, isso não pareceu chocar ninguém. A boa consciência do Ocidente é variável e fala pelos dois lados da boca quando os seus interesses estão em causa. A Europa e o Ocidente têm prioridades, mas não são a luta contra os paraísos fiscais ou contra os países que obrigam as crianças a trabalhar, e muito menos o livre acesso à educação e à saúde. Não, precisamos de acções "bem pensantes" que não ponham em causa a sociedade de mercadorias e a exploração capitalista.
Tenho a desagradável impressão de que estas novas tendências se tornaram moda no seio de uma pseudo-esquerda intelectual-bobo ocidental e que, em última análise, tal como os direitos humanos, não passam de fumo e espelhos mediáticos, utilizados para justificar o nosso direito de interferir e pregar em nome de supostos valores de que somos guardiões. Quando falo com colegas oriundos do mundo operário ou que ainda trabalham em estaleiros de construção, em fábricas ou em supermercados, nunca falamos de questões de mulheres, LGBT ou transgéneros, porque todos têm problemas muito mais urgentes e importantes para resolver no seu dia a dia. Alguns destes colegas estariam sem dúvida dispostos a juntar-se, ou pelo menos a participar, em reuniões para falar dos "seus problemas". Mas, infelizmente, como já tive oportunidade de constatar, nestas reuniões há muitas vezes uma pessoa que veio falar de questões sociais e que tenta orgulhosamente captar toda a atenção. E mesmo que eu esteja a dizer o óbvio, não nos podemos esquecer que nenhum grupo é homogéneo. Sim, podemos ser mulheres, judeus, arménios, curdos, árabes, homossexuais e, mesmo assim, ser totalmente reaccionários e fervorosos apoiantes das forças mais conservadoras.
Fonte: PATRICE SANCHEZ NOUS ADRESSE À NOUVEAU UN MESS@GE… – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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