28 de Março de 2024 Robert Bibeau
A GUERRA NA UCRÂNIA OU O DOLOROSO
NASCIMENTO DE UM NOVO MUNDO
Por Marc Paitier (General 2S)
Dois anos após o início da guerra na
Ucrânia, a realidade contradiz as previsões arriscadas do campo ocidental, que
anunciou a derrota da Rússia. Ao fecharem a porta à diplomacia, os Estados
Unidos e os países da União Europeia apenas prolongaram a guerra mantendo a
ilusão de que o Ocidente tem os meios para a apoiar e vencer, contribuindo
assim para impor um sofrimento terrível ao povo ucraniano.
É possível retirar uma série de observações e lições dos acontecimentos e da situação atual. Para que este exercício seja útil, há que evitar qualquer forma de simplificação ou de maniqueísmo. Estamos longe disso.
Qualquer posição que se afaste da doxa oficial, situando esta guerra no seu
contexto histórico e geopolítico, e pondo em evidência os erros e os equívocos
pelos quais somos responsáveis, é combatida e desqualificada. Depois, as
palavras assassinas são utilizadas para desacreditar aqueles que têm uma visão
diferente da guerra. São traidores e colaboradores contaminados pelo espírito
de Munique.
Talvez nunca antes a opinião pública tenha sido tão manipulada. Esta é a
triste realidade de uma época medíocre em que a inteligência cedeu o lugar à
ideologia. Com os Estados Unidos a distanciarem-se do apoio à Ucrânia, a Europa
e, em particular, a França, a única potência nuclear, encontram-se na linha da
frente.
Emmanuel Macron
aproveitou esta "oportunidade" para endurecer o seu discurso de forma
escandalosa e adoptar uma posição belicista. Isto pode levar o conflito a um
novo nível, infinitamente mais trágico. O objectivo aqui não é apresentar uma
análise exaustiva do conflito ucraniano e do que ele nos diz sobre as
convulsões que se avizinham. Trata-se, mais modestamente, de desenvolver
algumas reflexões ditadas por uma procura honesta da verdade, sabendo que esta
não pode ser confinada a uma visão que distingue o campo do bem e o campo do
mal. A realidade é muito mais complexa 1.
A falha histórica do Ocidente
O colapso do mundo soviético, a dissolução do Pacto de Varsóvia e o
desmembramento da URSS representaram uma oportunidade histórica para
estabelecer uma nova arquitectura de segurança na Europa que incluísse a
Rússia. Foi nesta perspectiva que Mikhail Gorbachev falou da "casa
comum" Europa-Rússia, uma visão que se deparou com o veto categórico dos
Estados Unidos, que sempre se mostraram hostis à ideia de uma Europa unida
"do Atlântico aos Urais".
Quanto aos europeus, alinharam e fizeram ouvidos moucos à proposta russa
por falta de clareza, coragem e unidade. Assim, optaram por continuar a
depender dos Estados Unidos para a sua segurança através da NATO.
Apesar de tudo, era tempo de desanuviamento, e George Bush pai
comprometeu-se a não alargar a NATO aos antigos satélites russos e a não
colocar meios militares nas fronteiras da Rússia, ou seja, nos Estados
Bálticos, na Moldávia, na Bielorrússia e na Ucrânia. James Baker, Secretário de
Estado dos EUA, e Roland Dumas, seu homólogo francês, assinalaram claramente a
realidade deste acordo1, que é negado por muitos comentadores sob o pretexto de
que não foi objecto de um documento escrito.
Será concebível que os dirigentes soviéticos tivessem aceite o
desmantelamento do seu império sem obterem certas garantias relativamente à
segurança da Federação Russa na sua zona de influência? Este compromisso não
foi cumprido. A Rússia sentiu-se traída e humilhada. Em 1999, a NATO violou
deliberadamente o princípio da inviolabilidade das fronteiras ao bombardear
Belgrado, um aliado de Moscovo, e ao invadir a província sérvia do Kosovo.
Foi o seu primeiro grande pecado. Na altura, a Rússia, que tinha acabado de
suportar 10 anos de caos, não estava em posição de retaliar, mas não esqueceu.
Por conseguinte, não é oportuno que o Ocidente dê lições à Rússia neste
domínio. No entanto, Vladimir Putin deu uma ajuda à Rússia no início do seu
mandato. Em 2000, previu a possibilidade de a Rússia aderir à NATO. Em 2002,
Moscovo concordou com a criação de um Conselho NATO-Rússia. Em 2003 e 2005, as
negociações entre a União Europeia e a Rússia procuraram definir domínios de
cooperação entre as duas partes, um dos quais dizia respeito à segurança
externa.
A responsabilidade
pelo fracasso desta via de cooperação não pode ser atribuída apenas ao
Ocidente, mas uma série de actos considerados agressivos convenceram Vladimir
Putin a pôr termo às suas relações com o Ocidente e a voltar a sua atenção para
a Ásia. Vale a pena recordar esses actos: o alargamento da NATO o mais próximo
possível da fronteira russa; a ingerência e o apoio americanos à Revolução
Laranja e à Revolução de Maïdan; a não aplicação dos acordos de Minsk (Fevereiro
de 2015), apesar de terem sido garantidos pela França e pela Alemanha e de
preverem um amplo estatuto de autonomia para as regiões separatistas russófonas
de Donetsk e Lugansk, na Ucrânia; a instalação de bases americanas na Ucrânia2;
e os planos de integração da Ucrânia na União Europeia e na NATO.
Se tais acontecimentos ocorressem às portas dos Estados Unidos, estes reagiriam militarmente com a aprovação de todos os países ocidentais. Em 1997, o geopolítico americano Brzeziński identificou três acções prioritárias que permitiriam aos Estados Unidos manter o seu papel à escala mundial:
"conter o impulso" da China,
"manter a divisão da Europa" e... "Cortar a Rússia da Ucrânia
3". Esta guerra é, portanto, antes de mais, uma guerra entre os Estados
Unidos e a Rússia. Sem a Ucrânia, a Rússia deixa de ser um império eurasiático,
que é o objectivo dos americanos.
Após uma longa agonia, a Rússia voltou a ser uma grande potência apoiada por uma grande parte do mundo que rejeita o modelo ocidental.
Este último argumento, repetido vezes sem conta, é utilizado para
justificar uma intervenção militar em circunstâncias que nada têm a ver com a
situação da Europa no final da década de 1930. Há alguns anos, um oficial
general, conselheiro do governo ao mais alto nível, chamou a atenção do autor
destas linhas para o facto de ter observado uma total falta de cultura
histórica entre os dirigentes políticos. Esta é a prova disso. A denúncia do
espírito de Munique, totalmente anacrónica nas circunstâncias, é lançada
indiscriminadamente sempre que é preciso decidir entre uma solução militar e
uma solução negociada. Foi o caso do Kosovo, do Iraque, do Afeganistão, da
Síria e da Líbia. Serve para encobrir as mentiras, que por sua vez encobrem
todas as inverdades do discurso oficial.
O discurso do Primeiro-Ministro perante a Assembleia Nacional, a 12 de Março,
foi sem dúvida um ponto alto nesta matéria. O economista Jacques Sapir fez uma
lista das inverdades de Gabriel Attal e das suas omissões. Entre elas, o facto
de, a 17 de Fevereiro de 2022, uma semana antes da invasão russa, se terem
intensificado os bombardeamentos ucranianos sobre Donetsk e Lugansk.
O jovem
primeiro-ministro também se esquece de que a guerra actual é uma continuação da
que começou em 2014... A decisão da Rússia de atacar a Ucrânia deve, no
entanto, ser contextualizada. No seu livro The Defeat of the West, o sociólogo
e historiador Emmanuel Todd demonstra de forma convincente que a Rússia não
representa qualquer ameaça para a Europa Ocidental. Sabe", diz ele,
"que não dispõe de meios demográficos e militares para se expandir para
oeste; a lentidão da sua acção na Ucrânia demonstra-o". Para ele, a ameaça
russa é uma fantasia. A Rússia está a lutar na sua fronteira. Donetsk está
apenas a 100 km da Rússia e a 3.000 km de Paris. Uma eventual vitória russa não
ameaçaria, portanto, o nosso território, nem poria em causa os nossos
interesses vitais.
Zelensky, o Churchill ucraniano demoniza Putin e a Rússia, é preciso também glorificar Zelensky, o "Churchill ucraniano". Eleito em 2019 depois de desempenhar o papel de um presidente fictício incorruptível numa série de televisão intitulada "Servo do Povo", Volodymir Zelensky foi exposto por um consórcio de jornalistas de investigação (Pandora Papers) por acordos financeiros offshore. Financiou a sua campanha com dinheiro do bilionário sulfuroso Igor Kolomoiski, que pôs à sua disposição o seu império mediático. Tudo isto mancha a imagem do cavaleiro branco que defende a corrupção endémica do seu país. Foi eleito com a promessa de relançar o processo de paz com a Rússia para pôr fim à guerra no Donbass.
Não enveredou por esse caminho, e a pressão americana
e europeia não é responsável por essa escolha. François Hollande e Angela
Merkel admitiram que os acordos de Minsk tinham apenas um objectivo: dar
tempo à Ucrânia para se rearmar contra os russos, o que significa que a guerra
já estava prevista pelas potências ocidentais10 .
Zelensky, atraído pelas sirenes ocidentais e aspirando a aderir à NATO, não contrariou este plano. Com o apoio do seu mentor americano, prosseguiu uma política russofóbica. A língua russa foi banida das instituições do Estado. No início de 2021, fechou três canais de televisão da oposição. Após o início do conflito, dezenas de jornalistas foram detidos, a maioria dos quais defendia posições de esquerda. Em Março de 2022, onze partidos hostis ao Governo foram proibidos. Com o apoio cego e incondicional de que goza de todos os líderes ocidentais, Zelenski não hesita em ultrapassá-los constantemente, jogando com a moral para levar o Ocidente a comprometer-se cada vez mais com a Ucrânia. Não lhe falta talento para servir a sua imagem com um discurso progressista que apela às democracias ocidentais. Ao mesmo tempo, como representante do campo dos bons, alimenta as brasas do conflito com declarações ao extremo que excluem qualquer possibilidade de negociação.
Em Março de 2022, um mês após o início da
"operação especial" russa, os beligerantes sentaram-se à mesa em
Istambul para chegar a um acordo que pusesse fim às operações. Boris Johnson,
primeiro-ministro do Reino Unido, torpedeia as negociações com a cumplicidade
dos Estados Unidos.
Seguem-no e
estendem-lhe o tapete vermelho sempre que o visita. Os meios de comunicação
social, a intelectualidade e o mundo do espetáculo fizeram dele um herói.
Vimo-lo discursar em directo na cerimónia de abertura do último Festival de
Cinema de Cannes, perante um público totalmente empenhado na sua causa. 3.
Ilusões. As mentiras
andam de mãos dadas com um certo número de ilusões que os factos fazem cada vez
mais emergir.
O colapso da economia russa
A primeira ilusão foi ignorar a capacidade de resistência da economia astuta. Foi amplamente proclamado que as sanções iriam pôr a Rússia de joelhos. Bruno Lemaire, o nosso ministro da Economia, não hesitou em dizer, logo no início da guerra, levantando o queixo: "Vamos provocar o colapso da economia russa". A exclusão dos bancos russos da rede SWIFT11 ia levar à ruína do seu sistema financeiro. Dois anos depois, a economia russa está em boa forma. As mentes esclarecidas poderiam ter previsto este facto porque a Rússia se tinha adaptado às medidas tomadas contra a sua economia em 2014 e tinha-se preparado para enfrentar um novo pacote de sanções, ainda mais pesado. Conseguiu reorientar com êxito os seus fornecimentos e exportações. Em todos os domínios, a Rússia demonstrou uma flexibilidade que os peritos ocidentais não tinham previsto. Estes pensavam que a Rússia de Putin tinha mantido a rigidez da Rússia soviética. A economia russa está agora acima do seu nível de antes da guerra, mas não devemos esquecer o papel desempenhado pela indústria de armamento, que está em plena actividade.
A fraqueza militar russa "O exército russo, sem doutrina e depois de uma ofensiva sem objectivos reais, chocou com as forças armadas ucranianas, que estavam motivadas e bem preparadas pelos americanos. Os ucranianos retomaram todas as grandes cidades de Kharkiv a Kherson em Novembro de 2022". O Inverno de 2022-2023 foi um período difícil para o exército russo, especialmente porque a Ucrânia começou a beneficiar de grandes entregas de armas e munições dos Estados Unidos e da Europa. A partir daí, o Ocidente acreditou que a vitória ucraniana era um dado adquirido.
Segundo Isabelle Facon, especialista em políticas de defesa e segurança
russas e professora na École Polytechnique, "o exército russo é um poder
militar fantasiado... A invasão da Ucrânia mostra as fraquezas da caixa de
ferramentas militar russa "13. Confrontado com a resistência inesperada do
exército e da população ucraniana, o exército russo sofreu imediatamente
pesadas perdas humanas e materiais, em resultado de uma estratégia deficiente,
de um planeamento aleatório e da falta de manobrabilidade das tropas no
terreno. Estas são as lições retiradas dos primeiros seis meses de guerra por
um grande número de observadores e comentadores que assombram os estúdios de
televisão.
Dois anos mais tarde, parece que estas conclusões estavam erradas.
Cometemos um grave
erro de análise ao subestimar grandemente as capacidades do exército russo. Hoje,
é um instrumento bem afinado e eficaz, baseado numa perfeita coerência
política, económica, doutrinária e material. Aprendeu as lições dos seus
fracassos relativos e adquiriu uma experiência e um know-how em matéria de
guerra de alta intensidade que nenhum exército no mundo possui actualmente.
Beneficia também da sua profundidade estratégica. Segundo o coronel Jacques
Hogard, "a Rússia atingiu quase todos os seus objectivos no terreno e o
exército russo está totalmente recarregado em termos de homens e de equipamento
"14 .
Por outro lado, o
exército ucraniano sofre uma grave hemorragia que afecta o seu moral. Um
tenente do exército francês que encontrou um batalhão ucraniano em formação no
campo militar de Courtine (departamento de Creuse) disse-me que todos os homens
da unidade tinham sido mortos ou feridos após o seu empenhamento na frente. As
perdas ucranianas, sobre as quais não existem informações credíveis, são, de
qualquer modo, consideráveis. Estas perdas provocaram muitas deserções.
A vitória russa é inevitável.
Resta saber quais serão os objectivos estratégicos da Rússia. Inicialmente,
foi para privar a Ucrânia da sua capacidade de atacar o Donbass e controlar a
parte oriental de língua russa, garantindo a ligação com a Crimeia. A Rússia
pode querer empurrar os seus peões ainda mais, privando a Ucrânia do seu acesso
ao mar através da junção entre o Donbass e a Transnístria, assumindo o controlo
de Odessa. Os objectivos da guerra podem evoluir para garantir promessas para
futuras negociações.
A fragilidade do regime russo
De acordo com a imprensa ocidental, a rebelião armada de Yevgeny Prigozhin 16
em Junho de 2023 pôs de joelhos um regime enfraquecido pela guerra. Para eles,
as consequências desta crise serão profundas e duradouras. "O sistema
Putin está a quebrar" é o título do jornal L'Opinion17. "O regime de
Putin está em decadência", acrescenta o general Yakovleff. O menor
protesto como o que se seguiu à morte do líder da oposição Navalny é relatado
como um bofetada na cara de Vladimir Putin. Ouvindo os nossos canais de rádio e
televisão, o seu regime é desafiado por uma parte significativa da população.
Mantém-se no poder pela força e pelo medo, por assassínios e eleições
fraudulentas.
A realidade é bem diferente.
O presidente russo é popular. A taxa de aprovação da sua acção é de cerca
de 75%. É ainda mais elevado hoje do que era antes da guerra. Que líder
ocidental pode dizer o mesmo? É claro que as sondagens falsificadas serão
responsabilizadas, mas a realidade é que a Rússia apoia Vladimir Putin, o homem
que restaurou a sua honra e grandeza após os anos de humilhação da presidência
de Ieltsin.
As condições de vida na Rússia nunca foram tão boas como sob Putin. A forma
como o povo apoia o seu exército e aceita os sacrifícios da guerra prova a
solidez do regime russo. Não é certo que as nossas democracias ocidentais,
confrontadas com a guerra, gozem da mesma estabilidade.
A única fragilidade real da Rússia reside na sua demografia. A sua taxa de fertilidade é baixa. É de cerca de 1,5 filhos por mulher (próximo do da União Europeia: 1,59). A política de apoio à natalidade era uma prioridade do regime, mas a guerra era um obstáculo ao seu desenvolvimento e sucesso.
Elementos franceses do sub-GTIA TIMBUKTU
Capacidades militares europeias
A ilusão também diz respeito às nossas próprias capacidades militares.
Desde a queda do Muro de Berlim, as nações europeias reduziram drasticamente as
suas despesas com a defesa, aboliram maioritariamente a conscrição e
profissionalizaram os seus exércitos, num contexto de abandono das virtudes
inerentes à profissão militar. Nestas condições, é difícil para a União
Europeia afirmar que está envolvida numa guerra convencional de "alta
intensidade" que não é capaz de travar sozinha. Embora o exército francês
seja o mais operacional de todos os exércitos do Velho Continente, com unidades
notáveis e um vasto leque de capacidades, não deixa de ser uma
"amostra". É "até ao osso", como dizia o General de
Villiers; um exército "bonzaï", para usar uma imagem frequentemente
utilizada.
A França, que reduziu progressivamente o seu exército sob todos os governos
de esquerda e de direita, só podia projectar cerca de vinte mil homens.
"Não se pode picar o urso russo com um alfinete 19". Não está, portanto,
em condições de conduzir uma batalha de alta intensidade a longo prazo. Tanto
mais que, nas últimas décadas, participou principalmente em operações de
manutenção da paz que não o prepararam para este tipo de empenhamento. Além
disso, a criação de um exército europeu, muitas vezes defendida por alguns
utópicos, é uma ilusão: "Não pode haver exército sem autoridade política
legítima, que só pode vir de um povo constituído em nação e que elege os seus
dirigentes.
No entanto, a história e a actualidade mostram que nada disso parece possível à escala do velho continente, a não ser que nos afundemos na utopia... Além disso, falar de um exército europeu é falar de dissuasão nuclear, da sua utilização, por quem? Como?20 "Tendo em conta os riscos inerentes à posse de armas nucleares, e mesmo que a definição dos nossos interesses vitais deva ser objecto de uma certa discrição, seria necessário e legítimo que as alusões presidenciais a uma extensão do próprio objectivo da dissuasão nuclear fossem debatidas no Parlamento. Por outras palavras, trata-se de proteger mais do que o santuário nacional?
Estas questões são
também uma oportunidade para nos lembrarmos que a guerra raramente nos
encontrou prontos, e se Emmanuel Macron diz hoje: "Estamos prontos",
lembremo-nos de Paul Reynaud dizendo: "Venceremos porque somos os mais
fortes "21 ou do Marechal Leboeuf garantindo na véspera da guerra de 1970:
"Estamos prontos e extremamente prontos. Mesmo que a guerra durasse dois
anos, não faltaria um botão de polaina aos nossos soldados22. O resto é
história...
O Ocidente acredita
que quanto mais armas e dinheiro fornecer à Ucrânia, mais impossibilita uma
vitória russa, com base num slogan que parece ser semelhante ao método Coué:
"Os russos não podem nem devem ganhar a guerra", e que não deixa nada
a desejar em termos da estratégia subjacente. A evolução recente da situação
militar prova que este raciocínio está errado.
O envolvimento do
Ocidente está apenas a prolongar a guerra à custa do povo ucraniano que está a
morrer debaixo das bombas.
O Ocidente está a agir como um bombeiro pirómano. A questão da entrega de mísseis alemães Taurus de longo alcance (500 km), que poderiam atingir cidades russas, e o empenhamento de tropas da NATO no terreno, que Emmanuel Macron não exclui, constituiriam, apesar dos desmentidos do chefe de Estado francês, uma escalada que poderia conduzir a uma conflagração apocalíptica.
A lógica da força, quando não é controlada e quando,
além disso, não parece resultar de um conhecimento pormenorizado da doutrina de
utilização de forças do adversário, pode conduzir a uma escalada mortífera. Os
chefes de Estado ocidentais estão bem conscientes deste facto. "O
Presidente francês colocou todos os seus aliados contra ele, a começar por
Washington e Berlim, que não apreciaram a lição de "coragem" que veio
de Paris23 .
Apoio dos EUA
A 3 de Fevereiro, os senadores norte-americanos chegaram a um acordo para
enviar 60 mil milhões de dólares em ajuda à Ucrânia, após meses de aceso
debate, mas o presidente republicano da Câmara dos Representantes, que tem
agora de validar este projecto para o tornar definitivo, prometeu enterrá-lo,
apesar do apelo de Joe Biden para que fosse aprovado rapidamente. Esta retirada
momentânea dos Estados Unidos pode tornar-se definitiva se Donald Trump for
eleito em Novembro próximo.
É importante recordar que os americanos estão habituados a renunciar aos
seus compromissos e a deixar os seus protegidos a enfrentar o seu destino
trágico. O Vietname e o Afeganistão são disso testemunho.
Desde o início do conflito, Moscovo tem contado com a ajuda ocidental a
perder força. Qualquer hesitação por parte dos países que apoiam a Ucrânia
reforça a convicção dos russos de que a sua aposta vai dar frutos. No entanto,
a possível retirada dos Estados Unidos está já a criar um vazio estratégico que
os europeus devem, voluntária ou involuntariamente, ocupar com a França, a
única potência nuclear da União Europeia, mas sem forças convencionais à altura
da ameaça que agora define como pesando sobre a Europa.
A Ucrânia enfrenta um grande risco: a retirada do seu principal apoio, que
em circunstância alguma pode ser atendido por Estados europeus cuja opinião
pública não apoiará um confronto directo com os russos.
Para concluir sobre as ilusões, demos a palavra a François Fillon, um bom
conhecedor da Rússia: "Nenhuma das profecias dos líderes ocidentais sobre
o colapso da economia russa, a derrota do seu exército ou a fragilidade política
do seu regime ocorreu. Essas previsões, que eram proibidas de serem criticadas,
revelavam um desconhecimento da história e das realidades estratégicas"24.
Esta observação explica o disparate que
se segue.
A revista trimestral Omerta, na sua 4ª edição publicada em Fevereiro de
2024, lista uma série de declarações chocantes, actores e pseudo-especialistas.
Seriam risíveis se o assunto não fosse tão sério. Já citamos Bruno Lemaire, ele
inaugura esta antologia:
– Bruno Lemaire, Ministro da Economia francês: "Vemos o colapso do
mercado, vemos também o aumento da inflação. Vamos ver filas de russos à
procura de dinheiro nos bancos." France Info, 1 de Março de 2022
– Alla Poedie, consultora franco-ucraniana: "Não há dúvidas sobre a
vitória rápida e iminente da Ucrânia." 13 de Março de 2022 no C8
– Gina Raimondo, Secretária de Comércio dos EUA: "O hardware russo
estaria cheio de semicondutores que eles retiraram de máquinas de lavar louça e
frigoríficos." 11 de Maio de 2022
– Bruno Tertrais, cientista político especializado em análise geopolítica
estratégica: "O cenário mais provável é o do colapso gradual do exército
russo." 23 de Agosto de 2022.
– General Michel Yakovleff, oficial francês, ex-vice-chefe do Estado-Maior
do QG da OTAN: "Acho que o regime de Putin vai cair" 28 de Setembro
de 2022. "O regime de Putin está em estado de decomposição" 23 de Junho
de 2023 na LCI. Visionário, o General!
– Bernard-Henri Lévy, "grande consciência internacional": "E se a estratégia de Zelensky e Zaluzhny em Bakhmut fosse: sair da cidade para melhor retomá-la... por outras palavras, o Cavalo de Troia ao contrário? » 21 de Maio de 2023 no X (ex-twitter – NdT). O mesmo algumas semanas depois: "Independentemente do que a propaganda russa diga, a Ucrânia está a ganhar" O BHL continua tão perspicaz como sempre!
– Nicolas Tenzer, cientista geopolítico, professor da Sciences Po: "Se
entregarmos muito mais armas à Ucrânia, ela não só será capaz de resistir à
agressão, mas vencerá a guerra." 1 de Janeiro de 2024 24 François Fillon,
artigo na revista Omerta n°4, Fevereiro, Março, Abril de 2024. Pág. 9 10
- Volodimir Zelensky, presidente da Ucrânia: "O facto de Putin estar
do lado vencedor não passa de um sentimento." 2 de Janeiro de 2024 4.
A derrota do Ocidente
"Esta derrota é uma certeza porque o Ocidente está a autodestruir-se
em vez de ser atacado pela Rússia." Os Estados Unidos estão a tirar
partido da crise para fornecer recursos energéticos aos europeus a preços
elevados. Estão, assim, a pagar a interrupção das fontes de aprovisionamento do
gás russo que nos foi vendido a um bom preço. O consequente aumento do custo da
energia está a pôr em risco a nossa indústria, ou melhor, o que resta dela.
"A balança comercial da área do euro passou de um valor positivo de 116
mil milhões em 2021 para um valor negativo de 400 mil milhões em 2022.26"
A retirada da Rússia
das filiais europeias aí estabelecidas afecta fortemente a França. Antes da
guerra, 500 empresas francesas estavam presentes em território russo. A
TotalEnergies produz cerca de 17% dos seus hidrocarbonetos e 30% do seu gás. É
compreensível que o seu presidente esteja relutante em vender os seus activos
na Rússia.
Politicamente, o Ocidente queria isolar a Rússia, mas é o Ocidente que se
encontra isolado. O resto do mundo, chamado a tomar partido, optou claramente por apoiar a
Rússia. "O
Ocidente descobriu que não é amado".27
Estamos a caminhar
para "uma bipolarização do mundo com o Ocidente americano de um lado – com
Israel neste bloco – e o resto do mundo do outro: Rússia, China, América
Latina, BRIC, que são geralmente anti-ocidentais".28 A África deve ser adicionada a esta
lista.
A guerra na Ucrânia revelou que o Ocidente está sozinho contra todos,
enquanto os especialistas no estúdio continuam a apontar o dedo ao isolamento
da Rússia.
O mundo ocidental ainda mantém um poder económico e financeiro considerável, mas já não tem grande peso demográfico e as suas pretensões de universalismo estão a voltar-se contra ele. Os BRICs representam quase metade da população mundial e dois terços do seu crescimento, em comparação com menos de 10% para o G7, que tem uma taxa de fertilidade muito baixa (que também é o caso da Rússia, como mencionamos).
O modelo ocidental de sociedade é
abominado.
As nossas injunções
moralizantes para impor a liberalização da moral (teoria de género, activismo
LGBTQ+, woke) são um elemento fundamental dessa rejeição. Vladimir Putin
compreendeu-o perfeitamente e não cessa de denunciar a decadência ocidental.
Este discurso tem um grande eco em África, onde as autoridades reconhecem que a
Rússia respeita a identidade africana e não impõe quaisquer constrangimentos
sociais, políticos ou económicos. Nunca deixamos de denunciar a entrada dos
russos em África, mas ela é, acima de tudo, o resultado da nossa incoerência.
Os russos entraram no vazio... Não podemos culpar os russos por se aproveitarem
da nossa nulidade. Estamos a travar uma guerra contra eles na Ucrânia e, quando
estão a travar uma guerra contra nós em África, descobrimos que não é
moral."
A França rompe com a sua vocação histórica, Emmanuel Macron está a usar o
sério tema da guerra na Ucrânia para fins políticos internos. Quer transformar
este conflito num objecto de discriminação interna em que todos aqueles que
acreditam que a negociação não seria despropositada seriam atirados para o
campo do mal. Pode também tratar-se de fazer esquecer o seu mau historial e a
sua impopularidade, mas, mais ainda, de se promover para estabelecer o seu
destino como um "homem providencial" que marcará a história.
No início do conflito, disse que a Rússia não devia ser humilhada e
apresentou-se como o mediador que levaria Vladimir Putin aos seus sentidos.
Hoje, vestiu as vestes do combatente, adoptou um discurso bélico para criar o
mito do presidente que não vai parar em nada para defender o campo do bem. Quer
ser reconhecido como o mais forte apoiante de Zelinsky e o inimigo número 1 de
Vladimir Putin.
"Júpiter" está de volta.
Trata-se também de
manter as pessoas com medo. Depois do coronavírus, o perigo russo. Ao
considerar, de improviso, a possibilidade de um destacamento militar francês em
solo ucraniano, Emmanuel Macron e todos aqueles que apoiam a sua retórica -
ministros, eleitos, comentadores e especialistas televisivos - estão a brincar
com o fogo. Fazem-no casualmente, como se se tratasse de uma questão trivial,
quando estão em jogo as vidas de milhões de pessoas.
Henri Guaino denuncia
estes aprendizes de feiticeiro: "O que temos aqui é um fracasso
intelectual e moral. O pensamento é totalmente maniqueísta. Há um campo bom e
um campo mau. Estamos a criar uma política sem consciência. Como eu sou bom,
posso dar-me ao luxo de tudo32 ". O Presidente da República, o
Primeiro-Ministro e o Ministro dos Negócios Estrangeiros não cumpriram o
serviço militar. Não sabem nada sobre a profissão das armas, sobre a condição
de soldado. Sem experiência, não aprenderam nada; sem filhos, não transmitiram
nada. Falam de coragem sem conhecer o significado da palavra. "Ai de ti,
país, cujo rei é uma criança 34".
Ao agirem assim, estão
a trair a missão histórica da França, cuja vocação é ser uma potência de equilíbrio
e de apaziguamento.
CONCLUSÃO: O QUE FAZER?
Na nossa relação com a Rússia, como em muitos outros domínios, não temos uma visão a longo prazo. Não temos uma visão a longo prazo das nossas acções, com um objectivo final em mente. Não fazemos o esforço de "compreender o mapa mental da pessoa com quem estamos a lidar". Não somos capazes de entrar na sua história, nas suas frustrações, no seu sofrimento35 " Pior ainda, temos o inimigo errado. "Na hierarquia das ameaças que os ocidentais - e os europeus em particular - enfrentam, o totalitarismo islâmico está no topo, muito à frente da questão russa e da concorrência económica e política com a China.
De facto, o totalitarismo islâmico é uma ameaça directa para a Europa devido à nossa proximidade do Médio Oriente, às nossas ligações com África e à ressonância que tem com uma parte significativa das nossas populações"36. A afirmação de François Fillon soa verdadeira, mesmo que possamos lamentar o facto de termos feito da Rússia uma ameaça quando deveria ter sido um aliado natural face ao islamismo. Recordamos o apoio espontâneo da Rússia aos americanos durante os ataques de 11 de Setembro. Na altura, a Rússia parecia ser um parceiro do Ocidente na luta contra o terrorismo islâmico. A integração da Ucrânia na NATO acarreta um grande risco devido ao artigo 5.º, que estipula que, se um país pertencente à NATO for vítima de um ataque armado, cada membro da Aliança considerará este acto de violência como um ataque armado contra todos os membros e tomará as medidas que considerar necessárias para ajudar o país atacado. Assim, o menor problema na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia pode escalar para uma guerra nuclear. É por isso que a Ucrânia deve manter-se neutra e fornecer uma zona tampão. Este país, antes de 1991, foi independente por apenas cinco curtos anos, de 1917 a 1922. Anteriormente, era dividido entre o Império Russo e o Império Austríaco. A Ucrânia tem o direito e o dever de defender a sua independência e originalidade, mas tendo em devida conta o seu legado histórico.
A negociação parece ser o único caminho razoável a seguir. Estão longe de
estar reunidas as condições para o conseguir num curto espaço de tempo.
Entretanto, o povo ucraniano continua a sofrer e a Europa continua a dançar à
beira do abismo.
A guerra na Ucrânia é indicativa do novo mundo que está a nascer. Neste
mundo, a Europa terá de reconstruir os seus laços com a Rússia para garantir a
sua sobrevivência e ser uma verdadeira força na competição impiedosa que se
desenrolará à escala mundial. A questão é saber em que medida a França
contribuirá para isso, tendo em conta as suas actuais posições, rompendo com a
tradição da amizade franco-russa. No entanto, é uma necessidade ditada pela
história e pela geografia que pode reconciliar-nos com o mundo ortodoxo e levar
a Europa Ocidental a redescobrir o seu carácter cristão para enfrentar a
investida do Islão. Nas actuais circunstâncias, tal objectivo pode parecer
totalmente utópico. É uma esperança que podemos confiar nas nossas orações a
Nossa Senhora de Fátima. 35 General
Lalanne-Berdouticq, entrevista a Charles Villeneuve, Le Spectacle du monde.
OBSERVAÇÕES
1.
O economista Jacques Sapir, que
trabalhou como conselheiro de Roland Dumas no Ministério dos Negócios
Estrangeiros, confirma a realidade deste acordo.
2.
Num artigo publicado a 25 de Fevereiro
de 2024, o New York Times, pouco suspeito de apaziguamento em relação à Rússia,
reconheceu a existência de 12 bases da CIA instaladas na Ucrânia desde 2016.
Tal afirmação antes da publicação deste artigo foi acusada de teoria da
conspiração.
3.
Zbigniew Brzeziński, O Grande Tabuleiro
de Xadrez.
4.
a realidade e empurrar a Rússia para os
braços da China é a grande culpa do Ocidente.
5.
O significado dado à guerra entre a
Rússia e a Ucrânia pelas democracias ocidentais para justificar o seu
envolvimento baseia-se numa série de mentiras. A primeira, aquela que não pode
ser questionada, consiste em afirmar que "esta guerra é a nossa
guerra", que diz respeito directamente à nossa segurança e ao nosso
futuro. Trata-se de transformar a Rússia num papão: quer reconstituir o seu império
e ameaça a nossa liberdade. Hoje Ucrânia, amanhã Moldávia, Roménia e Polónia e
depois de amanhã tanques russos estarão em Brest
6.
Gabriel Attal: "Abster-se é fugir
às responsabilidades perante a história, trair o que temos de mais caro desde
18 de Junho de 1940, o espírito de resistência francês... A Rússia é uma
ameaça, não só para a Ucrânia, mas também directamente para nós, para a Europa,
para a França, para o povo francês
7.
Emmanuel Macron: "Se a Rússia
ganhasse, a vida dos franceses mudaria”
8.
Valérie Hayer, cabeça de lista da
Renascença nas eleições europeias: "Ontem Daladier e Chamberlain, hoje Le
Pen e Orban. Estamos em Munique em 1938."
9.
quando Kiev enviou tropas para o Donbass
para reprimir a rebelião anti-Maidan, uma operação realizada em violação dos
acordos de Minsk. Se alguém pode legitimamente condenar
§
Um memorando de inteligência dos EUA de
5 de Fevereiro de 2024 reconhece que a Rússia não está à procura de uma guerra
com as potências da Otan.
§
Terça-feira, 12 de Março de 2024, debate
na Assembleia Nacional para a votação do acordo bilateral de segurança com a
Ucrânia.
12. Quinta-feira,
14 de Março de 2024, intervenção na TF1
§
Primeiro encontro dos europeus, sábado,
9 de Março de 2024, Lille
14. Esta
guerra no Donbass causou pelo menos 12.000 mortes.
15. SWIFT:
Sociedade Interbancária de Telecomunicações Financeiras. É uma rede de
comunicação interbancária que automatiza e padroniza transações financeiras
internacionais e transferências de dinheiro.
16. Coronel
Peer de Jong, co-fundador do Instituto Themiis dedicado às questões de paz e
segurança. Valores Actuais, 14 de Março de 2024, pp. 32-33.
17.
Quotidien Le Monde,
tribuna de 17 de Março de 2022.
§
Jacques Hogard, Sud
radio, 7 de Março de 2024. O Coronel Hogard é um ex-oficial
para-quedista da Legião Estrangeira. Fundou e gere a EPEE, uma empresa
especializada em inteligência estratégica e diplomacia corporativa
internacional. É autor de The War in Ukraine – A Critical Look at the Causes of
a Tragedy, Hugo Doc Editions, 2024.
§
Uma fina faixa de terra de 4163 km², a
Transnístria, dentro da então estatutária República Socialista Soviética da
Moldávia, proclamou a sua independência em Setembro de 1990, por instigação de
falantes de russo. Presença militar russa.
20. Líder
da milícia privada russa Wagner. Morreu num acidente de avião a 23 de Agosto de
2023.
21. 26
de Junho de 2023
22. Um
oficial francês, ex-vice-chefe do Estado-Maior do GQG da OTAN, um regular no
conjunto LCI, cujas previsões são muitas vezes contraditadas pelos factos.
23. General
soviético Alexander Svetchin (1878-1938). Citado por Philippe de Villiers, 15
de Março, Cnews.
24. Controlador-Geral
das Forças Armadas (2S) Philippe Nicolardot. Resposta ao General Cot (antigo
comandante do 1.º Exército e da UNPROFOR – Força de Protecção das Nações Unidas
na ex-Jugoslávia) que defendeu a ideia de uma Europa militar num artigo
intitulado "A guerra de Putin", 5 de Março de 2024.
25. Paul
Reynaud, Presidente do Conselho, discurso radiofónico, 10 de Setembro de 1939.
26. Marechal
Leboeuf, Ministro da Guerra, 19 de Julho de 1870. A posteridade reteve apenas
esta infeliz frase dele. O homem que era um grande soldado era melhor do que
isso.
27.
Pierre Lellouche,
Valeurs actuelles, 14 de Março de 2024, p.40
§
Bernard Lugan, o grande especialista 25
§
Emmanuel Todd, A Derrota do Ocidente,
Gallimard 2024, p. 20 26 Ibidem, p.163 27 Ibidem, p. 320.
30. Aymeric
Chauprade, cientista geopolítico. Entrevista à revista Omerta n°4, p. 16-17.
§
BRICS: Brasil, Rússia, Índia e China,
aos quais se juntam a África do Sul, Egipto, Irão, Etiópia, Arábia Saudita e
Emirados Árabes Unidos.
32. G7:
Estados Unidos, Canadá, Japão, Reino Unido, Alemanha, França e Itália
33. "É
um reflexo do infantilismo total atribuir os próprios fracassos ao outro.
§
31 Bernard Lugan, entrevista à revista
Omerta n.°4, p. 70.
35. Cnews,
Europe 1, programa "Punchline" apresentado por Laurence Ferrari. 12
de Março de 2024.
36. Os
russos cunharam a palavra "macronner" que para eles significa: falar
à toa.
37. Eclesiastes,
X, 16 12
Fonte: LA GUERRE D’UKRAINE ANALYSÉE PAR UN GÉNÉRAL FRANÇAIS – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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