sábado, 23 de março de 2024

Criação de grupos terroristas: Paris e Washington adoptam a mesma estratégia no Sahel e no Médio Oriente

 


 23 de Março de 2024  Robert Bibeau  


Grupos islâmicos armados, uma criação ocidental. D. R.

.Por Abdelkader S. – Em: Criação de grupos terroristas: Paris e Washington adoptam a mesma estratégia no Sahel e no Médio Oriente - Algérie Patriotique (algeriepatriotique.com)

A França utiliza todos os meios possíveis para manter a sua influência nas suas antigas colónias em África, nomeadamente através do apoio a grupos islamitas armados na Líbia, no Mali, no Burkina Faso e no Níger. Simultaneamente, os serviços secretos franceses activam estes movimentos terroristas transfronteiriços para atiçar as divisões inter-étnicas e religiosas e justificar a intervenção armada. Estas organizações extremistas violentas, criadas e financiadas pelos Estados Unidos na Síria e no Iraque, e pela França no Sahel e no Magrebe, servem para justificar o controlo destes territórios onde se concentram recursos naturais essenciais para o Ocidente.

Em África, a França copia a estratégia dos Estados Unidos e da Turquia no Médio Oriente: criar grupos islamistas armados que podem depois ser utilizados em qualquer país da região ao sabor dos interesses de Paris, Washington e Ancara. No Sahel, o carácter poroso das fronteiras permite que os serviços secretos franceses operem estes grupos de forma semelhante, à sua vontade, equipando e financiando estas organizações armadas cujo potencial de combate utilizam para desestabilizar várias regiões do mundo.

É notório que os serviços secretos americanos e franceses trabalham em estreita colaboração para pôr em prática esta estratégia diabólica nas nossas fronteiras meridionais, o que constitui uma séria ameaça para a segurança nacional da Argélia, ameaça agravada pela recusa de Argel em submeter-se aos desejos destes dois países, aliados de Israel e de Marrocos. O objectivo das duas potências ocidentais é fazer recuar a influência russa e chinesa no continente.

Numerosos meios de comunicação social e fontes de segurança indicam que armas sofisticadas, entregues pelos Estados Unidos e por países da União Europeia ao regime de Kiev, caíram nas mãos de grupos islâmicos armados. Estes grupos estão agora mesmo a ser utilizados pelo regime de Zelensky para levar a cabo ataques na Rússia. Um relatório recente indicava que 13.000 mercenários estão registados na Ucrânia e que cerca de 6.000 foram mortos pelo exército russo.

França "patrocinadora" do terrorismo islâmico


O envolvimento da França na proliferação de grupos jihadistas é um segredo aberto. No Níger, o novo homem forte de Niamey declarou recentemente que "a França é o patrocinador do terrorismo na região do Sahel", afirmando que "não se pode combater um incêndio com gasolina". "O fogo do terrorismo é alimentado pelo apoio da França ao terrorismo", afirmou o general Abdurrahman Tiani.

"Nos últimos quinze anos, os massacres perpetrados por organizações terroristas separatistas e reaccionárias em África têm sido a agenda mais quente do continente", concordam muitos meios de comunicação credíveis, que lembram que a operação militar levada a cabo pela França em 2013, com o apoio dos EUA, sob o pretexto de livrar o Mali dos terroristas, "foi o início dos ataques na região do Sahel que continuam até hoje".

"Os soldados franceses entraram nas principais cidades do Mali, Konna, Timbuktu, Gao e Kidal, praticamente sem resistência. As organizações terroristas que detinham o norte do Mali retiraram-se sem disparar um único tiro. As organizações terroristas apoiadas pelo Ocidente desempenharam o seu papel e abriram caminho para o estacionamento de tropas francesas na região", sublinhamos. Estas tropas, instaladas no país com o pretexto de eliminar as organizações terroristas que elas próprias tinham criado no norte do Mali, manipularam também os tuaregues, fundando o Movimento de Libertação Nacional do Azawad (MNLA), "o PKK da região", acrescentam. Este movimento separatista, activo na região de Kidal, pegou em armas contra o governo central de Bamako assim que o exército francês foi expulso pelos novos dirigentes do Mali, na sequência do golpe de Estado de Maio de 2021.

Em dezembro de 2023, no Burkina Faso, quatro agentes franceses da DGSE foram interceptados em Ouagadougou, confirmando a presença activa dos serviços secretos franceses no país. As autoridades francesas negaram, naturalmente, qualquer actividade de espionagem no Burkina Faso. "Os quatro indivíduos, descritos como técnicos e detentores de passaportes diplomáticos válidos, foram alegadamente destacados para efectuar a manutenção informática da embaixada francesa em Uagadugu. Apesar do carácter oficial da sua missão, foram detidos duas semanas mais tarde e depois encarcerados no centro de detenção de Maco, na capital", noticiou o site Weafrica24.

Por seu turno, a Jeune Afrique explica que os detidos "são considerados agentes da Direcção-Geral da Segurança Externa (DGSE), os serviços secretos franceses, acusados de espionagem". "O incidente levanta questões sobre o delicado equilíbrio entre as relações diplomáticas e as actividades dos serviços secretos na região. À medida que a situação evolui, a detenção destes funcionários franceses no Burkina Faso põe em evidência os desafios de manter a cooperação num ambiente em que as suspeitas de espionagem podem pôr em causa até mesmo parcerias de longa data", observa o Weafrica24.

No Médio Oriente, o padrão táctico é semelhante. Fontes mediáticas revelaram que o exército americano transferiu prisioneiros pertencentes ao grupo terrorista Daech da província síria de Hassaké, no nordeste da Síria, para o norte do Iraque. Activistas locais citados pela agência noticiosa síria Sana informaram que os islamistas armados eram de diferentes nacionalidades e tinham sido exfiltrados da prisão de Al-Sinaa, controlada pela milícia pró-americana Forças Democráticas Sírias (SDF). Levados para o Iraque, estes terroristas foram instalados o mais próximo possível das bases americanas. A acção de emergência seguiu-se a uma visita programada de diplomatas e peritos militares americanos ao norte da Síria, que deveria ser limpo destes terroristas a soldo de Washington.

A. S.

 

Fonte: Création de groupes terroristes : Paris et Washington adoptent la même stratégie au Sahel et au Moyen-Orient – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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