sábado, 2 de março de 2024

África, a minha África (Diop)

 


 28 de Fevereiro de 2024  Equipa de edição  David Diop


África, a minha África
David Diop (1927-1960)

 

África, a minha África

A África dos guerreiros orgulhosos nas savanas ancestrais

África cantada pela minha avó

Nas margens do seu rio distante

Eu nunca te conheci

 

Mas os meus olhos estão cheios do teu sangue

O teu belo sangue negro espalhado pelos campos

O sangue do teu suor

O suor do teu trabalho

O trabalho da escravatura

A escravatura dos vossos filhos

 

África diz-me África

És tu que dobras as costas

E se dobra sob o peso da humildade

Esse dorso trémulo com os seus vergões vermelhos

Dizendo sim ao chicote nas estradas do meio-dia

 

Então, gravemente, uma voz respondeu-me

Filho impetuoso esta árvore robusta e jovem

Aquela árvore ali

Esplendidamente só entre as flores

Brancas e desbotadas

 

É a África, a tua África a crescer

Crescendo pacientemente, teimosamente

E cujos frutos, pouco a pouco

O sabor amargo da liberdade.

.

Os direitos de autor deste texto pertencem às entidades em causa. É publicado aqui, num espaço de cidadão sem rendimentos e sem conteúdo publicitário, para fins estritamente documentais e em total solidariedade com a sua contribuição intelectual, educativa e progressista.

 

Fonte: https://les7duquebec.net/archives/206618

Este poema foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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