18 de Março de 2024 Olivier Cabanel
OLIVIER CABANEL — O
imposto sobre o carbono é objecto de debate.
66%dos
franceses opõem-se a
este novo imposto e 77% consideram-no ineficaz.
É altura de fazer um balanço.
De que se trata?
Trata-se de taxar as energias poluentes que contribuem para o aquecimento mundial.
Mas, se olharmos mais de perto, a electricidade (cuja maior parte é
produzida em França com recurso à energia nuclear) não está incluída neste programa,
não será tributada e é mesmo subsidiada pelo Estado.
No entanto, não é difícil demonstrar que a energia nuclear é uma forma de
energia poluente, "lembrem-se de Chernobyl".
Também não é difícil provar que a energia nuclear produz CO2. link
Então porquê excluí-la desta proposta de imposto?
Passemos agora às energias que produzem o efeito de estufa.
É claro que o CO2 é uma delas, mas se analisarmos bem, é muito menos
preocupante do que o metano, que contribui 23 vezes mais do que o CO2 para o
aquecimento mundial. link
Os brincalhões vão sugerir que se ponha uma rolha no rabo das vacas.
Os investigadores estão a propor, com toda a seriedade, fazer com que as
vacas consumam um produto que impediria a produção de metano.
Falemos a sério.
O metano produzido pelos ruminantes é apenas a ponta do icebergue - e está
a derreter.
No Ártico, outros cientistas observaram o aparecimento daquilo a que chamam
"aberturas de metano": o metano que esteve retido no permafrost
durante milhões de anos está agora a escapar para a atmosfera em grandes
jorros.
Ver o meu artigo
sobre o assunto.
De acordo com a Enciclopédia Britânica, a concentração atmosférica média de
metano é equivalente a 3 milhões de toneladas de carbono.
O permafrost contém 3000 vezes mais, o que corresponde a 10 mil milhões de
toneladas de carbono equivalente.
Não seria mais inteligente recuperar o metano que produzimos em grandes
quantidades e usá-lo como combustível, em vez de deixá-lo ir para a atmosfera?
Dos 276 milhões
de toneladas equivalentes de petróleo que consumimos todos os anos, o metano
recuperado poderia representar 90 milhões de toneladas de petróleo.
Voltemos à decisão.
Há uma nova cacofonia no governo.
Uma cacofonia inevitável quando um Presidente não permite que o Primeiro-Ministro exerça plenamente o seu papel.
Há alguns dias, François Fillon afirmou que o imposto era inevitável.
No entanto, após o seu encontro com Sarkozy, a 3 de Setembro, Cécile Duflot, Secretária Nacional dos Verdes, declarou que o Chefe de Estado não tinha dito nada disso, referindo que o debate estava em curso.
Borloo, o Gainsbourg do governo (como disse Sarkozy), prefere afastar-se de tudo e faz uma pequena viagem ao Taiti.
Ségolène junta-se a ele, dizendo que o imposto é injusto, pois visa os franceses mais pobres, que nunca poderão comprar um carro menos poluente.
Os mais afectados serão a população rural, os subúrbios e os trabalhadores atípicos.
Em contrapartida, o Governo propõe a supressão do imposto profissional, tirando de um lado e dando do outro.
Mas o problema é que se tira aos mais pobres e se dá às empresas.
Neste pequeno jogo de cadeiras ao som da música, os franceses não ganham nada, excepto pagar mais um imposto.
É claro que a palavra "imposto" faz com que os membros do governo se encolham e prefiram outras palavras, mas o resultado é o mesmo.
Os 14% "decididos" por Fillon vão aumentar o preço dos combustíveis em cerca de 3,37 cêntimos de euro por litro.
Para Nicolas Hulot, custarão aos franceses 100 euros por ano.
Será que é razoável acreditar que um imposto vai realmente ajudar a reduzir o aquecimento mundial?
Não é sério.
Conhecemos as soluções.
Substituir o petróleo por electricidade solar, ou por metano, parece ser uma solução muito melhor.
Mas isso não agradará ao Presidente Sarkozy, que prefere muito mais a energia nuclear.
Porque, como dizia um velho amigo africano:
"O dinheiro é apenas a parte visível da miséria".
Fonte: Les Français carbonisés – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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