10 de Março de 2024 Robert Bibeau
Por Charles Sannat.
Minhas caras impertinentes,
meus caros impertinentes,
Putin é Hitler. Não fazer nada é Munique. A culpa é dos russos... ou do Rassemblement National.
Está óptimo. Óptimo, e agora podemos pensar por mais de um minuto e reflectir seriamente sobre o assunto, ou continuamos o nosso colapso intelectual e naufrágio jornalístico?
Não só não descarrilámos a economia russa, que está longe de estar de rastos como profetizou... Burno Le Maire.
Pensei que fosse uma gralha, mas o homem que escreveu sobre os inchaços castanhos dos ânus dilatados das jovens com quem namorou pode lidar com uma gralha dessas, não pode? Devo salientar, porque por vezes a língua francesa pode dar azo a confusões, que ele não escreveu sûr... mas sim sobre as protuberâncias castanhas. Não é bem a mesma coisa, mas voltemos à economia, meus amigos.
(Nota do tradutor: Burno não é uma gralha, mas sim uma referência a um burro albardado)
Em suma, uma coisa são as erecções epistolares do nosso Ministro, outra é a sua gestão como grande tesoureiro do país.
Assim, Burno (e como verão no final, não é só para ser mau, é para fazer uma figura de estilo) indicou que o défice público ultrapassará "significativamente" o objectivo de 4,9% em 2023.
Hahahahahahahaha. As minhas bolas, desculpem, é o Burno que me está a distrair, as minhas galinhas de cristal normandas já sabiam disto há muito tempo.
Com uma previsão de crescimento de 1,4% para o governo de Burno, de apenas 0,6% para a OCDE e de apenas 0,8% para Bruxelas, o défice não pode deixar de ser um poço sem fundo.
Numa entrevista ao Le Monde, o ministro francês da Economia garante que o saneamento das finanças públicas deverá permitir baixar o défice público para menos de 3% em 2027 e atingir o equilíbrio orçamental em 2032.
E o Burno peidou-se e repetiu (estava numa lancha de Bercy e caiu no Sena) que "a recuperação das finanças públicas deverá permitir reduzir o défice público para menos de 3% em 2027".
Já um défice de menos de 5% este ano vai ser complicado, mas depois menos de 3% em 2027, quando estivermos em plena guerra com a Rússia e os exércitos de Macronléon estiverem às portas de Moscovo, parece-me um pouco ilusório, mas posso estar enganado, não posso?
Mas, neste momento, tenho de partilhar convosco esta análise deslumbrante do Burno de Bercy, a quem podemos dizer Bercy quem? Quem?
"Quando ganhamos menos, gastamos menos", com "o crescimento [que] está a sofrer as consequências do novo ambiente geopolítico e as receitas fiscais estão a cair", "temos simplesmente de arrefecer a máquina".
Sim, Burno.
Arrefecer a máquina.
Como se pode ver.
Em geral, a água fria funciona bem para arrefecer os ardores das máquinas... económicas, obviamente, não imagine outra implicação.
Afinal de contas, existe uma discrepância (confirmada pelo Palácio do Eliseu) de 7,7 mil milhões de euros entre as previsões orçamentais e as receitas efectivamente registadas em 2023!
"Em termos concretos, todos os sinais
estão no vermelho no que diz respeito às receitas fiscais. Segundo o Eliseu,
"o imposto líquido sobre as sociedades é inferior às previsões em 4,4 mil
milhões de euros", principalmente devido às previsões sombrias para as
grandes empresas em 2024. As receitas do IVA também desceram, em 1,4 mil
milhões de euros. Quanto ao imposto sobre o rendimento, "registou uma
perda de 1,4 mil milhões de euros devido a taxas de retenção na fonte
inferiores às previstas, resultantes de declarações feitas no Verão de
2023", explica o Château. Perante estes "sinais", o Governo
lançou-se numa corrida desenfreada para reequilibrar as contas públicas.
"Em apenas algumas semanas, elaborámos o plano de poupança de 10 mil
milhões de euros para ajustar o orçamento de 2024", confessa Thomas
Cazenave. Mas, perante as últimas notícias sobre as receitas, este plano de
salvamento sem precedentes - que ainda corta mais de 1% das despesas
inicialmente previstas - poderá não passar de um "ponto de partida",
segundo um influente membro da maioria."
Gosto do condicional "poderia". As minhas miúdas estão a cacarejar de prazer, o suficiente para fazer empalidecer o nosso Eco Burno.
ESTÁ BEM.
Menor crescimento = menores receitas fiscais e, ao mesmo tempo, maiores
despesas sociais = maior défice.
Mas quando a merda bate na ventoinha, as taxas de juro são muito mais
elevadas, pelo que a dívida passada (os nossos 3100 mil milhões) é ainda mais
cara.
Para além disso, temos de financiar a guerra na Ucrânia, os Jogos Olímpicos
e a transicção ecológica!
Hahahahahahahahahahahahaha.
As minhas galinhas estão a rir, a rir, a rir... Estão a rebolar no chão!
Estou a dizer-vos, não vai funcionar, meu Burno.
Estamos a correr o risco de sermos desfeitos fiscalmente.
Por isso, o nosso Burno vai ter de vestir a sua albarda (e não outra coisa
qualquer, estou a pensar em pérolas, claro), porque do lado da gestão, o vento
está a aumentar, e vai estar frio. É melhor sair bem agasalhado.
Mas, acho que podemos tranquilizar o Burno, quando a bolsa (do Estado, claro) está vazia, uma boa guerra iniciada pelo miúdo do Eliseu que faz de aviador no Top Gun pode ser uma excelente solução. Não te preocupes, meu Burno. Só mais um bocadinho e, desta vez, estaremos mesmo em guerra, por isso, poderás continuar a fazer o que for preciso e, como por magia, estaremos numa economia de guerra.
Se quiserem um bónus de renovação, é melhor apresentarem a vossa
candidatura rapidamente, porque as minhas miúdas dizem-me que as coisas vão
ficar feias e que, se não houver uma boa guerra...
Já é demasiado tarde, mas nem tudo está perdido.
Preparaem-se!
Carlos SANNAT
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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