13 de Março de 2024 Equipa de edição
COTE
DEUX (1982)
Louise
Demers (1952-2014)
O
tempo pára, como num filme de Igmar Bergman
As
palavras perfuram, Deus e o Diabo rasgam a minha alma
Entre
as minhas entranhas, os meus sentidos sacodem a minha castidade
Sou
o espectador comovido com a sua frivolidade
Eu
gostaria de colher o que eles semeiam
Mas
as ervas daninhas crescem e cobrem aqueles que amo
O
jardim tem frutos que têm de ser colhidos
Ou
morrer de fome ou ser envenenado
Brotei
sob as pedras que a razão inflige
A
rapariga camponesa de ontem debochada pela estupidez
Arrastei
o meu exterior anárquico pela Terra
Para
ti o mais pequeno mistério torna-se inevitavelmente herético
Sou
feito de cinza, como num filme de Igmar Bergman
Sou
um Dezembro, um deserto em que remo
Venham,
pescadores! Vinde, pescadores! Trazei a minha alma!
A
pesca é melhor quando é banhada em lágrimas
O
silêncio é demasiado alto ou és mudo?
Tudo
o que ouço de vós são os vossos olhares distraídos
Os
vossos olhos de corvos pousados na minha alma
O
teu coração a coaxar e eu por baixo a querer comer
Brotei
sob as pedras que a razão inflige
A
rapariga camponesa de ontem debochada pela estupidez
Arrastei
o meu exterior anárquico pela terra
Para
ti o mais pequeno mistério torna-se inevitavelmente herético
Quem
fará rir o triste dragão
Que
vagueia à beira de um precipício?
É
pena que seja a cara ou a coroa a decidir
Se
devo saltar ou começar de novo.
Os direitos autorais deste texto pertencem às
autoridades envolvidas. É aqui publicado, num espaço cidadão sem
rendimentos e livre de conteúdos publicitários, com fins estritamente
documentais e em total solidariedade com o seu contributo intelectual,
educativo e progressista.
Fonte: https://les7duquebec.net/archives/236611
Este poema foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
Sem comentários:
Enviar um comentário