sexta-feira, 22 de março de 2024

Revolta dos agricultores europeus (polacos) contra a União Europeia

 

Março 22, 2024  Robert Bibeau  


Por Andrew Korybko.








 Março 22, 2024  Robert Bibeau  

Por Andrew Korybko.

É muito provável que os seus protestos continuem a crescer e possam continuar a transformar-se num novo movimento de solidariedade que representa um sério desafio para o governo.

Cerca de 70.000 manifestantes bloquearam cerca de 570 locais na Polónia esta semana, nos maiores protestos de sempre em apoio aos seus agricultores, cujos meios de subsistência estão à beira da ruína devido ao fluxo contínuo de cereais ucranianos baratos e de baixa qualidade para o mercado interno. A decisão provisória da UE de limitar certos cereais ucranianos aos níveis médios de volume de 2022-2023 excluiu significativamente o trigo e a cevada, e as isenções pautais sobre todas as importações permanecerão em vigor por mais um ano.

A Bloomberg noticiou no dia seguinte que "o apoio da Europa ao trigo ucraniano deixa os agricultores ainda mais zangados", uma vez que esta medida preliminar não responde às suas preocupações. O Comissário Europeu da Agricultura, Janusz Wojciechowski, também afirmou na semana passada que a agricultura polaca estava a perder o comércio com a Ucrânia. Ele é polaco e membro do antigo governo conservador-nacionalista que impôs restricções às importações ucranianas, mas foi pressionado pelo novo governo liberal-mundialista a renunciar.

Quanto às autoridades em funções, estão agora a tentar desviar a atenção dos manifestantes, fazendo aprovar uma proposta da UE para impor tarifas sobre as importações agrícolas russas em resposta a uma operação de influência ucraniana que alega falsamente que estas importações de baixo nível são responsáveis pela situação dos agricultores. Esta análise aqui abrange as diferentes dimensões da sua campanha de guerra de informação anti-polaca desde a retoma dos protestos em Janeiro para aqueles interessados em aprender mais sobre essa interferência.

A importância de o referir é informar o leitor sobre a razão pela qual a Polónia apoia uma proposta que, segundo o próprio Politico, é "mais uma distracção do que uma solução real para a difícil situação económica que os agricultores europeus enfrentam, dada a quota relativamente pequena do mercado da UE representada pelas importações (russas)". A agência de análise e informação ucraniana APK-Inform também se gabou de que "as tarifas sobre o grão russo aumentarão a competitividade do trigo ucraniano no mercado da UE".

A iminente distracção agrícola da Rússia em relação à UE é, portanto, uma forma tortuosa de aumentar a participação da Ucrânia no mercado do bloco, o que só agravará os problemas dos agricultores polacos, arriscando assim que o cenário dos seus protestos se transforme numa forma moderna do movimento Solidariedade da era da Guerra Fria. Foi avaliado no início deste mês que o novo governo liberal-mundialista da Polónia pode então sentir-se obrigado a intervir convencionalmente na Ucrânia como a distracção final destes protestos.

É certo que a decisão de o fazer não seria inteiramente motivada por questões internas, mas provavelmente desempenhariam um papel desproporcionado no convencimento dos decisores políticos no cenário da emergência de um novo movimento de solidariedade. Os desenvolvimentos no terreno na guerra por procuração entre a NATO e a Rússia teriam muito mais influência, como a possibilidade de a França tentar preventivamente assumir o controlo de Odessa antes de um avanço russo. No entanto, o facto é que uma potencial participação da Polónia poderia servir para desviar a atenção destes protestos.

Dado que a abordagem da UE em relação às importações agrícolas russas e ucranianas não ajudará os agricultores polacos, mas irá mesmo piorar a sua situação, é muito provável que os seus protestos continuem a crescer e possam continuar a transformar-se num novo movimento de solidariedade. Neste caso, a lei marcial poderia ser imposta sob o pretexto de uma intervenção convencional na Ucrânia e, claro, ter de levantar todos os bloqueios que impediam a deslocação das tropas para lá, matando assim dois coelhos com uma cajadada só.

No entanto, esta política pode sair pela culatra se os manifestantes se recusarem a cumprir e acabarem por entrar em confronto com as Forças Armadas, o que pode complicar esta campanha no seu momento mais sensível. O seu sucesso não poderia, portanto, ser dado como certo devido ao ensinamentos da teoria da complexidade, segundo a qual as condições iniciais moldam desproporcionalmente o resultado de processos complexos como este. A possível solução do governo liberal-globalista para os protestos poderia, portanto, desencadear a pior crise nacional da história da Polónia.

 

Fonte: Révolte des agriculteurs européens (polonais) contre l’Union européenne – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice

 

Fonte: Révolte des agriculteurs européens (polonais) contre l’Union européenne – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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