9 de Março de 2024 Allan Erwan Berger
ALLAN
ERWAN BERGER — sobre um título de Richard
Monette, aqui está o comentário sobre uma fotografia minha. Sim, eles são
insectos. Ou conchas, flores, paisagens, pássaros. Não quero falar
sobre coisas humanas agora. Mas posso sempre, se quiserem, recomendar um
pequeno link sobre a Ucrânia e a desinformação a que este conflito está
sujeito. Está aqui…
Zarolho e picuinhas por natureza
Eis um insecto... Este é um juvenil do
tradicional Nezara viridula (Linnæus, 1758: Cimex viridulus),
conhecido como "percevejo verde", que não deve ser confundido com o Palomena
prasina (Linnæus, 1761: Cimex prasinus), também ele conhecido como
"percevejo verde". Há, no entanto, uma diferença: os juvenis de prasina
são totalmente verdes, enquanto os de viridula não o são: variam do
vermelhão bebé ao esmeralda adulto, passando pelo preto com manchas brancas que
marca a infância e a adolescência. Portanto: não se trata de uma joaninha, pelo
amor de Deus.
Fabricius, no seu Systema entomologiæ
de 1775, redescobriu o animal e deu-lhe o nome de Cimex smaragdulus. Mas
como Linnaeus tinha descrito o animal antes dele, smaragdulus tornou-se
um "sinónimo júnior" de viridula, que assim manteve a sua
precedência e, consequentemente, designou a espécie até ao fim dos tempos.
E há mais. Como a viridula varia de
cor consoante a idade e a estação do ano, Fabricius redescobriu-a mais duas
vezes: Cimex torquatus em 1775 e Cimex spirans em 1798. Em 1789,
de Villers inventou o Cimex variabilis, aparentemente o primeiro a
aperceber-se de que se tratava de uma única espécie. Wolff, pelo contrário, não
percebeu nada, excepto que o insecto verde era decididamente muito verde: Cimex
viridissimus (1801). Durante o percurso, encontrámos também um Cimex
transversus do famoso Thunberg (1783).
Finalmente, Reiche & Fairmaire, em 1848, deram o binómio Nezara approximata a este pobre insecto. Nesta ocasião, constatamos que o nome do género foi alterado. Cimex Linnæus foi abandonado em favor de Nezara Amyot & Serville (cf. Histoire naturelle des insectes Hémiptères, Roret, Paris, 1843). Porquê?
Porque não podíamos juntar decentemente os
percevejos da madeira e do mato com os percevejos da cama e do colchão. Uns
cheiram mal, são grandes e coloridos, enquanto outros mordem sempre e adquirem
a cor de sangue coalhado. Quando Linnaeus descreveu o percevejo (deve ter
começado por ele, porque o tinha na mão - ou debaixo das nádegas), deu-lhe o
nome de género Cimex, que significa simplesmente "percevejo"
em latim: "Ah, esse percevejo Pantilius" (Horácio). Linnaeus: "Eheu!
Iste Cimex lectularius", e aí está.
A taxonomia é fastidiosa; deve sempre optar pelo mais válido, de acordo com leis inflexíveis. Mas os taxonomistas são muitas vezes meio zarolhos: sem nunca lerem correctamente o que os seus predecessores fizeram, refazem o trabalho duas, três, dez vezes, uma após a outra, todos apanhados pela paixão de descrever e prejudicados pelo ponto cego da sua visão virada quase exclusivamente para a frente. É por isso que se pode dizer que a taxonomia progride com um olho só. É, portanto, zarolha e picuinhas por natureza. O entomologista: "Os animais estão a mudar, os livros são escassos, está escuro no escritório, o livreiro está a empatar e eu ainda não acabei as placas. Ah, porque não coleccionei antes medalhas?
Fonte: https://les7duquebec.net/archives/197550
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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