24 de Março de 2024 Robert Bibeau
Por YI
DA.
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Leitores maliciosos apontam que muitas vezes publicamos artigos escritos por americanos, mas raramente artigos escritos por chineses. Aqui está um que chega até nós sem ter que traduzi-lo.
O autor, Yi Da, é um especialista em relações internacionais baseado em
Pequim.
Ele está a responder
aos ocidentais que continuam a dizer-nos que o crescimento chinês está a chegar
ao fim. LGS
Três pontos para descodificar as
"Duas Sessões"
Para onde vai a economia chinesa? A questão voltou aos holofotes com a
realização concomitante na China das sessões plenárias do Congresso Nacional
Popular (CNP) e do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo
Chinês (CCPPC), conhecidas como as "Duas Sessões". Sendo o evento
político mais importante do ano, oferecem um dos pontos de referência mais
decisivos para a compreensão da profunda dinâmica em curso no país.
Ainda é necessário entender a linguagem que ali é praticada e que pode parecer obscura à primeira vista. O que significa um crescimento de cerca de 5%? O que se entende por "novas forças produtivas de qualidade"? Qual é o "novo trio" que está a florescer na media? Não é desprovido de interesse responder a estas questões para decifrar a real situação da economia chinesa, sobretudo numa altura em que é alvo de todo o tipo de especulação, desde o "tecto de vidro" a que chegou até ao "fim do milagre económico chinês".
Cerca de 5%: um objectivo de crescimento ambicioso
Como de costume,
depois de dizer no relatório de trabalho do governo apresentado para consideração
em 5 de Março que a economia da China cresceu 5,2% em 2023, o primeiro-ministro
chinês, Li Qiang, anunciou que estava a visar um crescimento de cerca de 5%
este ano. Trata-se de um objectivo ambicioso para muitos economistas,
especialmente tendo em conta "a crescente complexidade e incertezas do
ambiente externo". Este objectivo pode também criar alguns cépticos, se
quisermos acreditar no ritmo lento da recuperação pós-covid, no risco de uma
"espiral
deflaccionária" ou na queda de confiança que não hesitariam em mencionar.
Tudo prova o
contrário. Deve-se notar que hoje na China, um crescimento de 5,2% é capaz
de criar
uma riqueza de mais de 6.000 milhares de milhões de yuans RMB, enquanto há 10 anos
teria sido necessário um crescimento de mais de 10% para alcançá-lo. Progresso
que não pode ser inventado.
Sobre a deflação, que está a "pesar
no crescimento chinês", foi desmentida pelo Grupo ING, que conclui num
relatório que o debate sobre esta matéria tem sido exagerado, bem como pelo
primeiro vice-presidente do FMI, que não espera "uma tendência deflaccionária
global na China".
Quanto ao potencial de
médio e longo prazo da economia chinesa, que parece ser mais uma preocupação
para as empresas estrangeiras do que o crescimento a curto prazo, a confiança
mantém-se. Uma pesquisa da Câmara de Comércio Americana na China mostra
que metade
das empresas pesquisadas manterá o seu nível de investimento na China em 2024,
e quase 40% delas planeiam aumentar o seu envolvimento.
"Forças produtivas de nova qualidade": um novo slogan
Será impossível compreender este conceito estratégico, que será uma parte
importante da formulação de políticas da China no futuro, sem contextualizá-lo.
De facto, segundo o Presidente Xi Jinping, o desenvolvimento destas forças
produtivas em que "a inovação desempenhará um papel de liderança" é
"um requisito intrínseco para o desenvolvimento de qualidade". Noutras
palavras, é um requisito impulsionado pelos desafios económicos que a China
enfrenta, tanto do lado da oferta quanto do lado da procura, tanto internamente
quanto internacionalmente, desafios incorporados no chamado "dilema
sanduíche" das economias de renda média.
Nada está escrito. Se
as "novas
forças produtivas de qualidade" conseguirem aumentar a produtividade total dos factores
aumentando o valor agregado do capital e do trabalho, a China será capaz de
derrubar equações difíceis sobre demografia, riscos imobiliários e da dívida local, ou os desafios
colocados pelas restricções ocidentais em matérias comerciais, de investimento
e de tecnologia.
Note-se, no entanto, que não se trata de reconstruir um navio novo desmantelando o navio original. Pelo contrário, sugere mais investimento e apoio à modernização de antigas indústrias ao mesmo tempo que a construção de novas indústrias, daí o significado da estratégia "AI+". Além disso, existem manufactura avançada, tecnologia digital, aviação comercial, biotecnologia, ciências da vida, computação quântica, etc. Todos estes são sectores do futuro que estarão particularmente abertos ao investimento estrangeiro. E é da natureza das coisas que o Governo chinês envide esforços adicionais para continuar a melhorar o clima empresarial e proteger melhor os direitos de propriedade intelectual.
"Desenvolvimento de qualidade": fazer as pessoas felizes
O relatório de actividades do governo era
claro sobre o propósito do "desenvolvimento de qualidade": fazer as
pessoas felizes, que é o "primeiro critério para avaliar o histórico do
governo". Isto reflectiu-se nas "Duas Sessões" em novas medidas
que beneficiam tanto os consumidores como as empresas, uma forma de garantir
uma economia saudável e os fundamentos do emprego.
Na primeira conferência
conjunta de ministros da Economia, foram dadas explicações pormenorizadas sobre
o "Ano
do Consumo", a campanha "Consumo sem preocupações" e o programa para
incentivar as famílias a modernizarem os seus automóveis, produtos electrónicos
e electrodomésticos, à semelhança do "prémio ao abate" nos países
ocidentais para a conversão de automóveis poluentes. Foram igualmente reveladas
medidas de apoio às empresas privadas para as ajudar a sair do rescaldo da
crise sanitária e a adaptarem-se às necessidades futuras da concorrência.
O "desenvolvimento de qualidade" da China não beneficia apenas a China. O "novo trio", uma referência aos setores de carros eléctricos, baterias e painéis solares, cujas exportações aumentaram 30% num ano, ilustra a determinação da China em avançar para uma economia eco-responsável. Pela primeira vez, a capacidade instalada de produção de energia renovável superou a das centrais térmicas e representou mais da metade da capacidade renovável instalada no mundo em 2023. Um facto que não deve ser ignorado.
O pessimismo é uma doença senil, enquanto o optimismo é uma doença infantil. O que a China está a fazer é nada menos do que encarar de frente os desafios actuais, uma contrapartida dolorosa, mas necessária, a curto prazo, para o ganho de uma economia mais segura e auto-sustentável a longo prazo. Ela nunca perderá a confiança, pois a vitória ama corações ardentes.
YI DA
URL
do artigo 39449
https://www.legrandsoir.info/ou-va-l-economie-chinoise.html
Fonte: Où va l’économie chinoise ? – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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