sábado, 3 de agosto de 2024

As eleições presidenciais norte-americanas já terminaram?


3 de Agosto de 2024  Robert Bibeau 


Há poucos dias, o candidato Trump estava a montar uma incrível dinâmica de campanha, após a tentativa de ataque de que tinha sido vítima, a sua imagem tinha melhorado na mente dos americanos que não faziam parte da sua base eleitoral tradicional. A sua vitória na convenção republicana em Milwaukee, em meados de Julho, e o "bilhete" que agora encarna com o muito conservador JD Vance  garantem-lhe um plebiscito entre os eleitores de direita. Acima de tudo, evidenciou o dinamismo e a determinação de um candidato que tinha acabado de conseguir um milagre, num gesto extraordinário de marketing e comunicação, ergueu o punho no ar para instar os americanos a segui-lo nesta guerra pela Casa Branca. Este lado messiânico, desafiando toda a racionalidade, fez de Donald Trump o vencedor garantido desta eleição presidencial na mente de todos os americanos, bem como em todas as redacções dos EUA... De qualquer forma chapéu-branco = branco-chapéu  (https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2024/08/a-estrutura-de-poder-nos-estados-unidos.html ).


Sim, mas esta incrível dinâmica só valeu a pena porque o seu adversário era um Presidente activo tão divisivo como ele, com um historial criticado por todos e cuja situação médica preocupava até os democratas mais convictos. Trump, neste duelo, era de facto o favorito não pela sua capacidade de ser eleito para além da sua base, mas pela incapacidade do seu adversário de motivar e federar. A mediocridade deste último foi evidenciada, nomeadamente durante o famoso debate de 27 de Junho. A humilhação sofrida pelo campo da esquerda e o súbito entendimento de que Joe Biden nunca conseguiria nos restantes meses da campanha derrubar as sondagens tiveram o efeito de uma bomba interna no Partido dos Burros (recorde-se que o "Burro" é o símbolo do Partido Democrata). Uma incrível máquina de guerra eleitoral foi então posta em acção. Inicialmente, a operação consistiu em levar o Presidente em exercício a aceitar a realidade factual das suas hipóteses e em desestabilizar os seus patrocinadores - o que nos EUA é o fio condutor da guerra - bem como os seus apoiantes políticos, mediáticos e celebridades. Foi uma operação simples e hábil, que culminou com o anúncio de um súbito e preocupante covid para o octogenário! Sem esquecer que já ninguém morre deste vírus, a impressão de fragilidade e de risco vital para o candidato presidencial democrata ficou estabelecida no imaginário colectivo.


A segunda fase do plano consistiu, portanto, em encontrar o candidato certo para assumir o cargo desde o início. Mais uma vez, o plano estava perfeitamente oleado, uma vez que, na pessoa da vice-presidente Kamala Harris, os democratas combinavam uma personalidade conhecida nacional e internacionalmente, que pela sua posição inspirava confiança em saber como ocupar o cobiçado cargo e que acima de tudo era jovem (em termos dos candidatos em disputa), das minorias e do sexo feminino! Ou seja, uma combinação ideal de critérios para garantir o suporte da 5ª coluna.

Embora Biden possa ser facilmente atacado pelo seu historial terrível, particularmente em questões de segurança fronteiriça e internacional, a sua vice-presidente terá todas as oportunidades para se ilibar da responsabilidade pelas acções de Biden, explicando de forma dissimulada que não subscreveu as decisões tomadas, mas que se manteve leal ao cargo que ocupava e ao seu partido, o que reforçará a sua credibilidade aos olhos do americano indeciso, que está mais do que nunca em jogo nestas eleições.


Para isso, o agora candidato poderá, e isso é o mais importante, contar com a máquina mediática americana que integrará diariamente a narrativa do sonho americano e tudo o que este candidato representa na luta do "campo do bem" contra as "trevas" representadas pelo populismo, pelo ultra patriotismo da MAGA ou, digamos agora, do MAGOA (Make America Great Once Again – RNC 2024). Veja: https://les7duquebec.net/archives/293326

E é aí que reside o cerne da vitória que agora parece mais provável do que nunca para Kamala Harris. Os actores vão falar, os artistas vão cantar em conjunto, a esquerda caviar de Silicon Valley vai investir num "futuro mais humanista", as minorias vão erguer-se para apoiar a diversidade (cf. Obama 2008). Mas, mais do que isso, os meios de comunicação social colocarão todo o seu peso (e eles têm-no) para apoiar, promover e criar um mito fantástico em Kamala. Para todos aqueles que seguiram as eleições francesas de 2017, nada do que acontecer nas próximas semanas vos surpreenderá. Para os ingénuos que ainda acreditam que o melhor homem vence... tomem o comprimido azul e fiquem na Matrix porque, tal como nos últimos grandes acontecimentos políticos na Europa e em França, o "campo do bem" tem a força de se ter infiltrado profundamente nas instituições e no voto de massas através de uma minagem e manipulação mental das massas a longo prazo, tendendo para a hipnose colectiva, e é assim que, durante décadas, quer se chame Deep State, Young Leaders, Macronismo ou qualquer outro nome, tem inevitavelmente assegurado a sua sobrevivência democrática. (Veja democracia aqui: https://les7duquebec.net/?s=democratie) 

Alexis TARRADE

 

Fonte: L’élection présidentielle américaine serait-elle déjà pliée ? – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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