5 de Agosto de 2024 Olivier Cabanel
OLIVIER CABANEL — Chamamos-lhe economia solidária,
Tanto pior se o Monsieur de La Fontaine se revirar no túmulo, mas funciona.
Sob o nome de CIGALES (CIGARRAS), existe um "Clube de Investidores
para uma Gestão Alternativa e Local de Poupança Solidária".
Foi fundado em 1983 e a sua longevidade é a prova do seu sucesso. A ideia
que lhe está subjacente é simples.
Mobiliza a poupança local e organiza a participação de investidores de
risco.. link
Como escreveu Philippe Baquet num artigo publicado no Le Monde em Setembro
de 1994, "as cigarras defendem mais a utilidade social do que a lógica do
lucro".
Em 2003, a Fédération des cigales contava com cerca de uma centena de
clubes e tinha arrecadado 2,6 milhões de euros. Em 2007, contava com 110
clubes.
Nesta sociedade de "todos pelo ego" e de "cada um por
si", os CIGALES adoptam deliberadamente uma abordagem oposta.
Promovem a solidariedade e a partilha de fundos.
Grupos de 5 a 20 pessoas juntam as suas poupanças para promover, num quadro
legal, uma economia solidária enraizada num território. São conhecidos como
"cigaliers".
Um "cigalier" é um investidor que se dedica à criação de empresas
da economia social.
O montante mensal das poupanças cobradas por cada membro do CIGALES é de 30
euros e varia entre 8 e 150 euros.
Quando um clube CIGALES se compromete com uma determinada empresa, fá-lo
por um período mínimo de 5 anos.
Estas poupanças não são garantidas e dependem da boa saúde das empresas
apoiadas.
O CIGALES só pode investir em sociedades anónimas ou sociedades de
responsabilidade limitada, e em associações ao abrigo da lei de 1901, e a
participação do CIGALES não pode exceder 25% do capital.
Esta forma de solidariedade dirige-se principalmente às empresas muito
pequenas e permitiu a criação de numerosos projectos.
Os membros do CIGALES apoiam e aconselham a empresa escolhida, que deve
responder a um certo número de critérios: utilidade social, protecção do
ambiente, auto-gestão, solidariedade.
E funciona!
Há cerca de uma centena de CIGALES em toda a França, participando no
capital de centenas de empresas, com montantes entre 3.000 e 12.000 euros.
Dez anos após a sua criação, os CIGALES tinham contribuído para a criação
de pelo menos 1000 postos de trabalho.
Companhias de teatro, lojas de vestuário, empresas de limpeza, empresas de
aluguer de automóveis em segunda mão, relançamento da indústria da lã em
Ardèche, lojas de comércio justo para crianças, produção biológica, energias
renováveis, a lista aumenta todos os dias.
Em Valenciennes, os "créons" CIGALES investiram 4 vezes na
"Expedit", uma empresa de embalagens que criou 28 postos de trabalho,
12 dos quais em integração, e na "Andines", que vende café colombiano
no comércio justo.
No Norte de França, o "rebond" do CIGALES registou um balanço
positivo dos investimentos.
Em Boulogne sur Mer, foi criado um "café de mercado da feira da ladra"
e, noutro local, uma empresa chamada "croc la vie" produz alimentos
biológicos para a restauração,
Como se pode ver, os projectos estão a florescer.
Nestes tempos de crise e de tristeza, não podemos deixar de nos regozijar
com a criação de uma outra economia.
Pode ser apenas uma gota no oceano, mas pequenos riachos fazem grandes
rios.
Talvez seja uma boa altura para consultar o livro de Bernard Maris, o
conhecido economista da France Inter e tio Bernard do Charlie Hebdo, intitulado
"Les Cigales" (anti manuel d'économie, Edition Bréal, 2006), que vem
na sequência natural de "Les Fourmis", que escreveu anteriormente.link
Voltando às Cigarras, e se você quiser tornar-se uma Cigarra, aqui está o. link.
Outros, como o " canal alternativo", estão a agir de forma diferente
e propõem uma semana de financiamento solidário, de 4 a 6 de Novembro. link
O princípio é simples: este fundo investe apenas em empresas responsáveis cotadas na bolsa e doa 75% do seu rendimento distribuível a 7 associações que lutam contra a exclusão social, protegem as crianças que sofrem e ajudam os idosos em situação precária.
É muito diferente de todos os comerciantes que embolsam milhares de milhões sem a menor preocupação.
Por uma vez, seria uma pena não ver a face humana da economia, a antítese do que conhecemos actualmente.
Como dizia um velho amigo africano:
"Ser humano é melhor do que ser mercadoria".
Fonte: Ces cigales qui aident les fourmis – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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