sábado, 10 de agosto de 2024

Desafio para a Rússia e para a China: a estratégia dos Estados Unidos representa um risco de guerra mundial



10 de Agosto de 2024  Robert Bibeau 


No Le grand soir 

A guerra na Ucrânia não distraiu Washington do seu objectivo asiático. Este conflito europeu faz parte de uma estratégia mundial para destruir a Rússia e subjugar a China. Este plano, definido por Paul Wolfowitz em 1992 na "Defense Planning Guidance", prevê que, após o colapso da União Soviética, os Estados Unidos não tolerarão mais concorrentes susceptíveis de se oporem à sua hegemonia mundial.


Além do apoio financeiro, político e militar à Ucrânia, os Estados Unidos e seus aliados estão a fornecer apoio logístico a Kiev para lidar com um possível ataque russo aos países bálticos, Polónia e outros países. Este plano inclui a criação de um Schengen militar para transportar rapidamente armas, munições e 300 000 combatentes a partir de portos nos Países Baixos, Itália, Grécia e Noruega, a fim de combater esse ataque. Sob a liderança da Alemanha, este plano permite que os Estados Unidos se concentrem na sua estratégia de viragem para a Ásia, iniciada por Barack Obama em 2011, temporariamente abandonada e assumida por Donald Trump.

A rotação para a Ásia foi acompanhada por acordos com as Filipinas e o Japão para controlar o acesso ao Mar da China Meridional e, portanto, o comércio chinês com o resto do mundo. Estes acordos incluem o Quad (Diálogo de Segurança Quadrilateral: Austrália, Índia, Japão e Estados Unidos) e o AUKUS (Austrália, Reino Unido e Estados Unidos). Espera-se que a Coreia do Sul se junte ao Quad, mas a participação da Índia é incerta.

Perante estas ameaças, a Rússia e a China estão a reagir. Moscovo, que não tem nem os meios nem o desejo de atacar a Europa, está a consolidar as suas relações com os seus aliados, como o comprovam as viagens de Vladimir Putin ao Cazaquistão, Coreia do Norte e Vietname, bem como a recente visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, a Moscovo.

A China, por sua vez, confia na Organização de Cooperação de Xangai (OCS) para combater a ameaça dos EUA e procura transformar o Mar do Sul da China num "mare nostrum", como os Estados Unidos fazem com o Golfo do México.

A OCS tem dez membros e catorze parceiros de diálogo, incluindo a Arábia Saudita. A sua última cimeira realizou-se em Astana (Cazaquistão), em 3 e 4 de Julho, reunindo a China, a Rússia, a Índia, a Turquia, o Irão, o Paquistão, o Catar, os Emirados Árabes Unidos, o Cazaquistão, o Quirguizistão, o Tajiquistão, o Usbequistão, o Turquemenistão, o Azerbaijão, a Mongólia e a Bielorrússia, representando 40% da população mundial e cerca de 30% do PIB mundial. Note-se que o Exército de Libertação Popular da China está a realizar exercícios militares na Bielorrússia sobre o tema do combate ao terrorismo.

Não é a Rússia, mas Washington que quer a guerra, como evidenciado pela decisão de Joe Biden de instalar 15 bases militares na Finlândia e pela afirmação do secretário de Estado Antony Blinken de que a Ucrânia um dia será membro da NATO. As bases militares dos EUA na Finlândia representam uma ameaça existencial para a Rússia, que compartilha uma fronteira de 1.340 quilômetros com aquele país. O que Biden diria se Putin instalasse bases militares no México? Blinken não pode ignorar que a inclusão da Ucrânia na NATO é uma linha vermelha para a Rússia. Bill Burns, o actual director da CIA, era embaixador em Moscovo quando este assunto foi discutido pela primeira vez em Washington e enviou um telegrama urgente ao Departamento de Estado intitulado "Nyet means nyet", que não deixou dúvidas sobre a posição russa. Como explicar a indiferença de Blinken em relação à Rússia?

Os media gostam de acusar Vladimir Putin de querer invadir a Europa. Mas se assim fosse, porque é que ele teria proposto um projecto de tratado para a segurança na Europa em Dezembro de 2021? Uma proposta que o Ocidente ignorou. Estas acusações são repetidas sem provas no comunicado da 75ª cimeira da NATO, em Washington. A operação militar especial russa não é uma agressão, mas uma resposta aos repetidos ataques da Ucrânia no Donbass, uma resposta autorizada pelos artigos 2 e 51 da Carta das Nações Unidas.

Não é a China, mas Washington que quer a guerra, como confirma a decisão de Joe Biden de enviar armas e munições para Taiwan, em contradição com a política oficial dos EUA de uma só China. Além disso, o comunicado da NATO apela à China para que cesse o seu apoio - não provado mas declarado - à Rússia no conflito ucraniano. Pequim "está a desempenhar um papel decisivo na guerra da Rússia através da sua parceria 'sem limites' e do seu forte apoio à base industrial de defesa russa, o que aumenta a ameaça aos seus vizinhos e à segurança do Atlântico".

Esta situação potencialmente explosiva levou as principais figuras anglo-americanas a publicar uma carta apelando a negociações urgentes para alcançar um acordo de paz na Ucrânia. Os Estados Unidos devem abandonar as suas ambições hegemónicas, que já não podem suportar, para estabelecer uma paz justa e duradoura.

Recorde-se que, desde 1947, os cientistas têm vindo a calcular o tempo que nos separa de uma Terceira Guerra Mundial com o Relógio do Apocalipse, actualmente a 100 segundos da meia-noite. Nunca esteve tão perto e, tendo em conta os recentes acontecimentos na Ucrânia e no Médio Oriente, é provável que esteja ainda mais perto do que os cientistas ousaram ou foram autorizados a indicar. O relógio marcava 17 minutos para a meia-noite no início da década de 1990. Parece que foi há um século....

31 de julho de 2024

»» https://italienpcf.blogspot.com/2024/08/defi-la-russie-et-la-chine-la-...

 

Fonte: Défi à la Russie et à la Chine : la stratégie des États-Unis présente un risque de guerre globale – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice



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