terça-feira, 2 de maio de 2023

Segundo um diplomata ucraniano, Kiev admitirá perdas após o fim do conflito por procuração

 


 2 de Maio de 2023  Robert Bibeau  

Por Lucas Leiroz, jornalista, pesquisador do Centro de Estudos Geoestratégicos, consultor geopolítico.


A derrota da Ucrânia está a ser cada vez mais aceite, mesmo entre os dirigentes do regime neonazi de Kiev. Recentemente, um diplomata ucraniano afirmou que o seu país estava a sofrer "perdas horríveis". Segundo ele, o governo está a esconder o nível real de perdas, que se espera que mude após o fim das hostilidades. No entanto, não se sabe quando terminará o conflito, o que nos leva a crer que a realidade continuará a ser ocultada durante muito tempo.

Vadim Pristaiko, embaixador da Ucrânia no Reino Unido, disse numa entrevista ao jornal britânico Daily Express que Kiev evita mesmo comentar publicamente as suas perdas no campo de batalha. De acordo com Pristaiko, desde o início do conflito, o governo ucraniano tem mantido uma política de não divulgar o número real de mortos e feridos do seu lado. Pristaiko disse acreditar que esses dados só seriam fornecidos após o fim dos combates. Admitiu também que espera um "número horrível", não mostrando qualquer optimismo quanto à situação do seu país no cenário militar.

"Desde o início, temos tido uma política de não discutir as nossas perdas (...) Quando a guerra acabar, vamos reconhecê-las. Penso que será um número horrível", afirmou na entrevista.

De facto, é prática comum em qualquer guerra que ambos os lados sejam cautelosos na reivindicação das suas perdas. Há várias razões para que isso aconteça. A principal é que o lado derrotado, ao admitir que está enfraquecido, não só faz com que o adversário perceba que está em desvantagem militar, mas também ajuda a situação psicológica e moral do adversário, dando-lhe confiança na vitória. No entanto, este facto, por si só, não explica porque é que Kiev esconde tantas das suas perdas.


No caso ucraniano, o alvo da propaganda de guerra não é o lado inimigo, que tem plena consciência das suas próprias condições de combate, mas a opinião pública ocidental. Enquanto Estado mandatário da NATO, que trava uma guerra ao serviço dos interesses ocidentais, o regime neonazi de Kiev depende do apoio dos seus aliados para continuar a conduzir as suas manobras. Sem este apoio, Kiev ver-se-ia obrigada a render-se, uma vez que as suas armas e tropas nacionais estão quase esgotadas. No entanto, este apoio depende de um certo nível de "aprovação" pública para continuar a existir.

A população dos países ocidentais está descontente com as consequências visíveis da guerra da NATO contra a Rússia, como o aumento exponencial do custo de vida, especialmente dos alimentos e da energia. Seria muito difícil convencer o cidadão comum a apoiar uma guerra prolongada contra Moscovo, sem prazo, se as derrotas de Kiev se tornassem públicas. Isso aumentaria ainda mais o descontentamento popular e geraria uma grande onda de protestos. E é exactamente por isso que os principais meios de comunicação social estão a trabalhar tão arduamente para esconder a verdade, tentando fazer parecer que Kiev pode vencer, contando apenas com mais armas. Neste sentido, não divulgar o número real de mortos e feridos ucranianos é uma táctica de guerra cujo alvo é a própria opinião pública. O objectivo é continuar a legitimar e justificar o envio de ajuda militar.

O principal problema desta táctica é que há um limite para a quantidade de verdade que pode ser escondida. No final do ano passado, os responsáveis da UE começaram a admitir que Kiev tinha perdido mais de 100.000 soldados no campo de batalha. Relatórios de algumas agências de informação estimam números ainda mais elevados, com mais de 200.000 baixas. Inicialmente, o governo ucraniano sentiu-se ameaçado pela exposição destes dados e respondeu com mentiras de difícil credibilidade, como a declaração do conselheiro de Zelensky, Mikhail Podoliak, em Dezembro, de que as mortes estavam estimadas entre 12.000 e 13.000 homens. Com dados falsos, que diminuem visivelmente o verdadeiro nível da derrota ucraniana, Kiev tem ficado cada vez mais desacreditada e tem prejudicado a opinião pública, pelo que a estratégia parece estar agora a mudar, com alguns oficiais a começarem a admitir que há "perdas horríveis",


É importante notar que esta mudança não altera a narrativa da suposta "necessidade" de continuar a guerra com a Rússia. É simplesmente uma mudança de estratégia para ganhar apoio. Anteriormente, a narrativa era de que Kiev estava a ganhar e "tinha uma hipótese", agora diz-se que, independentemente do cenário militar e das baixas, Kiev "tem de ganhar", mesmo que isso signifique lutar até ao último ucraniano - ou mesmo até ao último soldado ocidental, uma vez que alguns oficiais de Kiev já estão a apelar abertamente a uma intervenção directa da NATO. Este facto está bem patente nas palavras do próprio embaixador Pristaiko, que na entrevista desqualificou qualquer possibilidade de negociação ou acordo de paz e afirmou: "Por isso, temos de lutar até ao último deles ou, muito infelizmente, até ao último Bem".

De facto, não se espera que o conflito termine tão cedo, uma vez que os patrocinadores ocidentais de Kiev não só querem prolongar como também criar novas frentes noutros países. Para a NATO, quanto mais a Rússia estiver envolvida em combates com nações por procuração, melhor. Se, como diz o embaixador, o público tiver de esperar até ao fim da guerra para saber o número real de baixas, então é provável que a verdade continue a ser escondida durante muito tempo. Resta saber se os cidadãos ocidentais querem continuar a ver o seu dinheiro investido numa guerra a que estão impedidos de assistir.

 

Fonte: Selon un diplomate ukrainien, Kiev admettra ses pertes après la fin du conflit par procuration – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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