20 de Maio de
2023 Robert Bibeau
Por Giancarlo Elia
Valori – 5 de maio de 2023 – Fonte Modern diplomacy
Enquanto em Itália tentamos seguir as ordens dos Estados Unidos da América, quer tenham um presidente bom, mau ou adormecido, a economia iraniana está a crescer e (como veremos mais tarde) alguns países europeus estão cansados de seguir as instruções do outro lado do Atlântico que, sob o pretexto dos direitos humanos, criaram e impuseram as sanções que, em primeiro lugar, prejudicam as empresas ocidentais, que são depois obrigadas a voltar-se para o Ocidente a preços mais elevados, ou a serem pagas pelos próprios Estados, ou seja, à custa dos seus cidadãos. Mas vejamos a rapidez com que a economia iraniana se está a desenvolver.
Em 2021, a República
Islâmica do Irão tinha um rácio comércio/PIB de 59,1% e o comércio de
mercadorias representava 88,2% do comércio total. De 2017 a 2021, as
exportações de mercadorias do Irão diminuíram 0,3% e as importações de
mercadorias aumentaram 2,7% nominalmente, em média, todos os anos.
As exportações de mercadorias cresceram mais lentamente do que o crescimento anual de 9,6% da região Ásia-Pacífico durante o mesmo período. Do mesmo modo, as importações de mercadorias do Irão foram inferiores ao crescimento anual de 10,1% da região Ásia-Pacífico.
Em 2021, as exportações de mercadorias do Irão cresceram 52,7% e as importações 26,4% em termos nominais. No futuro, espera-se que as exportações de mercadorias do Irão cresçam 10,2% em 2022 e 1,9% em 2023.
Do lado das importações, as importações do Irão deverão crescer 12,4% em 2022 e 10% em 2023, enquanto as importações da região Ásia-Pacífico deverão crescer 13% em 2022 e 2,5% em 2023. A percentagem do comércio de serviços no comércio total do Irão foi de 11,8% em 2021. Durante o período 2017-2021, as exportações de serviços comerciais do Irão diminuíram 9% ao ano e as importações de serviços comerciais diminuíram 6,6% ao ano, em média, em termos nominais, o que é inferior ao crescimento médio de 3,7% e 1,7% na região da Ásia-Pacífico, respetivamente.
Em 2021, as exportações de serviços do Irão cresceram 20,9%, após um declínio anual de 56,4% em 2020. As exportações para a região da Ásia-Pacífico aumentaram 18,8% em 2021, após uma queda de 21,4% em 2020. As importações de serviços comerciais do Irão recuperaram 52,3% em 2021, em comparação com o crescimento de 15,2% na região da Ásia-Pacífico.
Sectorialmente, os "serviços de viagem" representaram 40,3% do comércio total de serviços comerciais do Irão em 2021, seguidos dos "serviços de transporte" com 34,9% e dos "outros serviços comerciais" com 7,7%. O principal motor do crescimento das exportações de serviços do Irão durante 2017-2021 foram os "serviços TIC". TIC significa tecnologia da informação e comunicação e refere-se a todos os processos e práticas relacionados com a transmissão, recepção e processamento de dados e informações.
Do lado das importações, os "serviços de transporte" foram os que mais contribuíram para o crescimento dos serviços comerciais, registando um aumento médio anual de 5,6% durante o mesmo período. Em termos prospectivos, prevê-se que as exportações de serviços do Irão aumentem 15% em 2022 e 10% em 2023.
Comparativamente, espera-se que as exportações para a região da
Ásia-Pacífico aumentem 8,9% em 2022 e 8% em 2023. Em comparação, as importações
de serviços do Irão deverão aumentar 20,7% em 2022 e 10,1% em 2023. As
exportações deverão registar um crescimento de 10,5% em 2022 e de 4,5% em 2023.
Em 2021, o principal parceiro comercial do Irão foi a República Popular da
China, que representou 44,6% das suas exportações e 28,9% das suas importações.
2,5% das exportações do Irão e 23% das suas importações em valor foram
comercializadas com os Emirados Árabes Unidos, o seu segundo maior parceiro
comercial. Outros parceiros comerciais importantes são a Turquia, o Brasil, a
Alemanha, a Índia, a Itália, a Ucrânia (antes do conflito), Omã e o Paquistão.
A maior categoria de produtos exportados pelo Irão em 2021 foi "polímeros de etileno, em formas primárias",
com uma quota de 23,7 % do total das exportações, seguida da segunda maior
categoria, "frutos de casca rija"
(excluindo cocos, castanhas do Brasil e castanhas de caju) - frescos ou secos,
incluindo os que são descascados ou pelados - que representou 6,4 % do total
das exportações do Irão.
Em termos de importações, os telefones - incluindo os telefones para redes
móveis ou outras redes sem fios - bem como outros dispositivos para a
transmissão ou recepção de voz, imagens ou outros dados (incluindo redes com e
sem fios), representaram 13,8% do total das importações, destacando-se como a
principal categoria de produtos importados.
O milho representou uma quota de 5,3% e foi o segundo produto mais
importado. O Irão não é actualmente membro da OMC (mas um observador) e, por
conseguinte, não estão disponíveis informações pautais pormenorizadas.
De 2017 a 2021, o Irão registou um declínio médio anual de 11,5% nos fluxos
de IDE (Integrated Design Environment ou Integrated Debugging Environment, ou
seja, software que na fase de programação ajuda os programadores a desenvolver
e depurar códigos-fonte, ou seja, encontrar e corrigir erros no funcionamento
de um sistema ou programa), o que é inferior ao crescimento médio anual de 3,8%
dos fluxos de IDE registados na região Ásia-Pacífico.
Em 2021, o Irão registou um aumento de 6,2% nos fluxos de IDE. Registou um
declínio médio anual de 4,3% nos fluxos de saída de IDE nos últimos cinco anos,
o que também é inferior ao crescimento médio anual de 3,2% dos fluxos de saída
de IDE registados na região Ásia-Pacífico.
Em 2021, o Irão registou um aumento de 4,1% nas saídas de IDE. Os custos
comerciais do Irão com as principais economias em desenvolvimento da China,
Índia, Indonésia e Federação Russa são os mais baixos.
Em 2018, os custos comerciais com as grandes economias em desenvolvimento
na região da Ásia-Pacífico foram, em média, 103,4% do valor das mercadorias, em
relação ao momento e à situação em que os países comercializam essas
mercadorias dentro das suas fronteiras.
Os custos comerciais com as economias da China, do Japão e da República da
Coreia, bem como com a Alemanha, a França e o Reino Unido, foram os mais
elevados, com 132,6% e 155,4%, respectivamente. Em 2018, o Irão estava
classificado no 63.º percentil em termos de serviços de logística entre outros
países da região Ásia-Pacífico.
Em 2021, o Irão tinha sete acordos comerciais em vigor, nenhum acordo
assinado pendente de ratificação e dois acordos comerciais em negociação. Uma
percentagem de 43,5 % do total das exportações do país para o ano foi para os
seus parceiros comerciais, enquanto 52,4 % do total das suas importações foram
provenientes de parceiros de acordos comerciais.
Como já foi referido, as sanções e as restrições unilaterais impostas por
alguns países ocidentais ao Irão prejudicaram a economia ocidental, uma vez que
isolaram estas empresas do mercado iraniano, e muitas pessoas se queixam desta
situação, especialmente em Espanha.
Desde a imposição das sanções, o Irão encontrou alternativas às empresas
ocidentais. Compra bens a outros países, mas a crise económica nos países
europeus conduziu a uma situação em que as empresas europeias não ficarão
satisfeitas com as decisões políticas tomadas por alguns governos europeus
liderados por outros.
A Espanha vê-se como vítima das sanções impostas ao Irão pelos seus aliados
atlânticos e, por isso, as empresas espanholas tentam encontrar formas de
desenvolver relações com o Irão. De facto, se analisarmos a natureza destas
sanções, apercebemo-nos de que causaram mais danos aos países ocidentais do que
à Espanha, em particular, que perdeu o importante mercado iraniano. As empresas
espanholas que têm negócios no Irão têm criticado repetidamente o seu governo
pela aplicação das sanções. Se uma empresa em Itália se queixa desta situação,
há silêncio e ninguém fala sobre o assunto.
Os países europeus - porque é ridículo utilizar a palavra
"Europa" como expressão de uma vontade única - querem evitar que as
suas empresas sejam sujeitas a sanções impostas pelos Estados Unidos por um
desacordo bilateral com raízes na história moderna. O principal problema é a
possibilidade de as sanções americanas serem aplicadas extraterritorialmente,
bem como a possibilidade de, para além das empresas iranianas, as empresas
europeias que já trabalham com o Irão se tornarem - por sua vez - alvos da
pressão das sanções americanas.
Se a Europa quiser defender os seus próprios interesses, deve assegurar que
as sanções dos EUA contra o Irão não afectem as empresas europeias. Além disso,
se os europeus conseguirem defender a sua verdadeira independência, será criado
um precedente quando o destino das sanções for decidido sem referência à
política de um único Estado e à legislação de um país terceiro.
Os países europeus estão claramente sob pressão económica e os EUA não só
se recusaram a concluir a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento
(TTIP), como também tencionam estabelecer quotas para as importações de aço e
alumínio dos países da UE.
Além disso, as medidas compensatórias previstas pelos governos da UE para
as empresas sujeitas a sanções secundárias por parte dos Estados Unidos não
compensam totalmente os custos que recaem sobre os ombros dos cidadãos
europeus.
Giancarlo Elia Valori
Traduzido por Wayan, revisto por Hervé, para o Saker francophone.
Fonte: Sur l’inefficacité des sanctions économiques – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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