8 de Maio de 2023 Robert Bibeau
Por Elodie Descamps 09/01/2023, em ”Aproxima-se uma grande guerra” entre os Estados Unidos e a China, garante um oficial sénior do exército (geo.fr)
E se a guerra que assola a Ucrânia fosse apenas o prelúdio de uma guerra muito maior entre os EUA e a China? Pelo menos é o que sugere um oficial de alta patente do exército americano. O mundo está à beira de um embate entre as duas maiores potências mundiais? Vamos fazer um ponto da situação.
E se a guerra na Ucrânia fosse apenas o "aquecimento" de uma "grande guerra" entre os Estados Unidos e a China? De qualquer forma, é o que disse o almirante Charles A. Richard, um dos oficiais de mais alta patente do exército americano à frente do "Comando Estratégico dos Estados Unidos", num simpósio oficial em Novembro. De acordo com este responsável pelo arsenal militar e dissuasão nuclear, cujas palavras foram relatadas por Korii, o pior ainda está para vir.
A chegada de uma "grande guerra" entre China e os Estados Unidos?
Em Novembro passado, Joe Biden reafirmou num comunicado a oposição dos Estados Unidos a qualquer tentativa "unilateral de mudar o status quo ou minar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan". Historicamente percebida como aliada dos Estados Unidos contra a China, Taiwan já era um baluarte contra o desenvolvimento do comunismo durante a Guerra Fria. O verdadeiro inimigo dos Estados Unidos não é a Rússia, mas a China, insiste o almirante Charles A. Richard. E se "a crise na Ucrânia é apenas um aquecimento", "a grande guerra está para chegar", garante o alto responsável, anunciando um conflito muito maior entre os Estados Unidos e a China.
"E não vai demorar muito para que sejamos
testados, como não somos há muito tempo", avisa o soldado,
que considera que o seu exército ficou atrás do seu principal rival. Embora
seja comum que oficiais superiores façam declarações particularmente alarmistas
sobre a indústria militar do seu país para receber mais financiamento, o facto
das suas declarações serem retomadas pelo Ministério da Defesa ainda indica que
elas não devem ser tomadas de ânimo leve. Especialmente depois que o presidente
chinês, Xi Jinping, se apressou em responder, indirectamente, instando as suas
Forças Armadas a "acelerar
a melhoria da sua capacidade de vencer" em 8 de Novembro, num contexto em
que "a incerteza
sobre a situação de segurança da China está a aumentar".
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Estados Unidos em alerta
Por que é que
a China é o "verdadeiro inimigo" dos Estados Unidos?
Dos exercícios
militares organizados pelos militares norte-americanos no Mar do Sul da China
(onde parte da frota da Marinha norte-americana se instalou) à visita de Nancy
Pelosi a Taiwan contra a vontade da China, passando pelo apoio militar dado à
ilha que Pequim considera uma província do seu território, os Estados Unidos
parecem multiplicar as provocações contra o rival chinês há vários meses. Em
resposta, o presidente Xi
Jinping não hesita em lembrar que o seu país está pronto para
responder militarmente se necessário. Mas por que é que a tensão entre China e
EUA aumentou tanto nos últimos meses, senão anos?
Para além do caso de Taiwan, a primeira potência mundial não pretende perder a sua hegemonia económica, cultural, financeira e militar no mundo. A China nunca escondeu as suas ambições económicas e está a pô-las em prática, nomeadamente no continente africano. O antigo Presidente Barack Obama afirmou na altura: "A China quer escrever as regras para a região de crescimento mais rápido do mundo (África). Porque é que havemos de os deixar? Devíamos ser nós a escrever as regras.” As novas Rotas da Seda, o maior projecto industrial do mundo que liga a China à Europa, também prometem influenciar o comércio mundial. Envolve mais de 68 países e representará quase 40% do produto interno bruto (PIB) mundial. Assim, embora esta rivalidade entre superpotências não seja nova, está a crescer à medida que a China ganha terreno em todo o mundo.
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Uma "ameaça chinesa" mais económica do que militar?
É verdade que a China compete com a principal potência mundial, perdendo ela própria ímpeto, por razões económicas e financeiras. Uma competição entre potências que já perturbou a ordem internacional unipolar tal como foi construída após a Segunda Guerra Mundial e o colapso da URSS, e que não é do agrado dos Estados Unidos. Por exemplo, a China tem um superávit comercial de 690 mil milhões de dólares em 2021, enquanto os Estados Unidos têm um déficit orçamentário colossal estimado em 668 mil milhões de dólares.
Um medo obviamente
partilhado pela União Europeia. De acordo com o Financial Times, um memorando recente
dos serviços de política externa da UE em Bruxelas instou os ministros dos
Negócios Estrangeiros dos 27 Estados-membros a adoptarem uma linha mais dura em
relação a Pequim. "A
China tornou-se um concorrente ainda mais forte para a União Europeia, os
Estados Unidos e outros parceiros", diz a nota. Por conseguinte, é essencial reflectir
sobre a melhor forma de responder a estes desafios actuais ou futuros. [...] Em
suma, estamos a caminhar para a competição total, tanto económica quanto
politicamente", conclui.
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podem mudar a face do mundo
Segundo o oficial superior, preocupado com o facto de a marinha chinesa ser
actualmente a maior do mundo e de a sua força aérea estar a progredir, os
Estados Unidos estão ameaçados pela modernização do exército chinês. No
entanto, seja no domínio económico, financeiro, tecnológico, cultural ou
militar, os Estados Unidos mantêm uma vantagem inegável sobre a China e o resto
do mundo. Recorde-se que o orçamento atribuído ao Departamento da Defesa
ascende a cerca de 688 mil milhões de euros, enquanto o orçamento da China é de
"apenas" 227,4 mil milhões de euros. No período de 2015 a 2018, as
despesas militares dos EUA representam cerca de 35% do total das despesas
militares mundiais. Por outras palavras, embora o aumento das tensões
sino-americanas, de que Taiwan se tornou o epicentro, deva ser observado com
atenção, as forças armadas chinesas ainda não estão ao nível da maior potência
militar do mundo.
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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