8 de Maio de 2023 Robert Bibeau
Por Djamal YALAOUI
Advogado da Ordem dos Advogados de Paris e correspondente da Ordem dos
Advogados de ORAN
"Nós,
civilizações, sabemos que somos mortais" Paul Valéry
As
instituições públicas, a começar pelos Estados-nação, já não dirigem e
controlam o seu destino, estão sob tutela monetária. A maior parte do planeta
vive uma ausência de soberania monetária: a tomada de controlo pelo sector
privado e estrangeiro da emissão e da circulação da moeda com curso legal. O
bastão de comando está nas mãos das instituições financeiras, que criam
dinheiro a partir do nada, apropriam-se dele e acabam por ser donas de tudo!
A primazia da moeda sobre a dimensão pública foi conquistada pelos
"mercados", pseudónimo do poder financeiro de alguns gigantes do
grande capital, com a criação dos bancos centrais dos quais assumiram o
controle: a Federal Reserve é um órgão privado que se apropriou da fonte
primária de comando, ou seja, a emissão da moeda dos Estados Unidos da América.
Esse estado histórico
de coisas é resumido pela famosa fórmula de Mayer Ansel Rothschild, banqueiro
(1743-1812): "Dê-me
o direito de emitir e controlar a moeda de uma nação e então eu não me importo
com quem faz as suas leis". e que está na origem de todas as
guerras desde a epopeia napoleónica na Europa e no Egipto: guerras sem fim
financiadas por banqueiros gananciosos, sem deus nem senhor! Desde então, a
pilhagem da riqueza tem sido o único fundamento da política ocidental, assim
como a Revolução Francesa é a matriz de todas as revoluções sangrentas!!
Esses chamados órgãos públicos (verdadeiras fake news antes do seu tempo)
disfarçam a sua verdadeira natureza, ou seja, gigantescos poderes privados nas
mãos dos senhores do dinheiro. Os bancos centrais são controlados pela cúpula
das finanças internacionais (o banco dos bancos: o BANCO DE COMPENSAÇÕES
INTERNACIONAIS) e gozam de privilégios e imunidades bem escondidos do público
em geral.
Em 5 de agosto de
1995, no New York Times, Keith Bradsher afirmou que "Numa pequena cidade suíça está
sediada uma organização internacional tão obscura e secreta (...) O controle
dessa instituição, o Banco de Compensações Internacionais, está nas mãos de
alguns dos homens mais poderosos e menos visíveis do mundo: os presidentes dos
32 bancos centrais, reponsáveis capazes de movimentar milhares de milhões de
dólares e mudar o rumo da economia com uma canetada. ».
O sistema financeiro que dominou o mundo desde o fim dos acordos de BRETTON
WOODS e confirmado pelos ACORDOS DA JAMAICA, pôs fim à conversibilidade do
dólar em ouro e, assim, à entrada na era da impressão de dinheiro: com o dólar
os Estados Unidos da América transformam chumbo em ouro!
No entanto, como tudo o que está vivo está condenado a perecer, e por isso
as árvores não sobem ao céu e a fortiori, o "deus dólar" não é excepção
a essa regra natural e absoluta.
O dólar desta espécie
de "CFA GLOBAL" está, agora, em declínio (para não dizer decadente)
como o seu senil presidente democrata de 80 anos, Joe Biden: Kim Yo Jong, irmã
do líder norte-coreano Kim Jong Un, descreveu-o há poucos dias, após o acordo
nuclear Washington-Seul, como "um velho sem futuro (...) que não tem condições
de assumir essa responsabilidade"!! Os ocidentais poderiam muito bem troçar
da Argélia e do falecido presidente Abdelaziz Bouteflika: a Argélia nunca
saqueou nenhuma nação, nem atacou nenhum outro país!
Assim, ao longo das últimas décadas, os Estados Unidos da América
dedicaram-se a trocar todo o valor do trabalho, do conhecimento, dos recursos,
do suor e do sangue dos "Estados Terceiros do Mundo" pelo seu dólar
fiduciário. O dólar, a arma mais poderosa e destrutiva do neo-colonialismo
imperial, tem-se baseado na inércia, na chantagem e em movimentos agressivos de
controlo directo ou indirecto do mercado energético, resultando na exploração e
espoliação dos povos através de "revoluções laranja" ou
"primaveras árabes" (caos político e desestabilização cultural por
hordas LGBTQ e wokistas), ameaça (embargo económico) ou destruição (guerra militar).
É importante não perder de vista que, se o dólar representa a quase totalidade da substância do crédito internacional (com o euro como acessório), este se concentrou cada vez mais ao longo das décadas, com uma expansão singular na Ásia e em África: a China tornou-se a fábrica do Ocidente (deslocalização de fábricas) em troca de compras maciças de dólares, tornando-se assim o credor do mundo (hoje a China detém 3.000 mil milhões de dólares de dívida dos EUA) e a África foi reduzida a "mina do mundo" com a cumplicidade do euro e do franco CFA!
A Ásia e a África, "os 2 Ases", têm sido os dois principais baldes com os quais os Estados Unidos têm exigido imperiosamente que TODOS OS OUTROS PAÍSES retirem, conservem e troquem a água que corre ao longo do rio dólar: o dólar a tornar-se o valor de toda a economia mundial e os Estados Unidos a enriquecerem constantemente com novos afluentes. Um rio de dólares que passa sempre por "intervenções" e formas de guerra mais híbridas, assimétricas, fantasmagóricas, para a protecção humanitária, a exportação da democracia, a prevenção do terrorismo, a segurança do sistema financeiro, a deposição de "ditadores satrápicos" (apenas aqueles que são insubordinados ao Ocidente e, por isso, odiados) e que consegue fazer a guerra por procuração e onde os "outros" são, em alguns casos, até o seu próprio adversário.
A União Europeia é apenas uma variável de ajustamento da economia americana!
A União Europeia está
amarrada aos Estados Unidos através da NATO, todos disfarçados de aliados: um
aliado que está a desconstruir cultural e culturalmente os seus vassalos, a
espoliar empresas de sucesso e a destruir a economia alemã, que é o verdadeiro
motor da economia europeia, e que não vai recuperar!
Os alemães reiniciaram as suas centrais a carvão ultrapoluentes na sequência da sabotagem pelos Estados Unidos dos gasodutos Nord Stream 1 e 2 e, ao mesmo tempo, estão a instalar moinhos de vento à la Dom Quixote, sem a poesia de Cervantes.
Este comportamento é esquizofrénico: a Alemanha ataca "insensatamente" o seu principal fornecedor de energia barata, a Rússia, mas fecha os olhos aos mesmos que dinamitaram o seu gasoduto.
É um comportamento totalmente irracional: lealdade para com o carrasco e guerra contra os seus parceiros estratégicos!
O último exemplo desta destruição e pilhagem metodicamente organizadas é a empresa VIiesmann, líder alemão das bombas de calor, que foi obrigada a vender-se ao seu concorrente americano.
Aliás, como nos lembra o enferrujado Henry Kessinger: "Atacar os Estados Unidos é perigoso, confiar neles é mortal": isso explica a minha expressão "TODOS os PAÍSES"! Esta verdade histórica brandida como uma bandeira no nariz e na barba de todo o mundo, por um dos líderes do poder profundo americano, um judeu do Oriente, é confirmada pelo Presidente François Mitterrand, pouco antes da sua morte, depois de 14 anos passados no Palácio do Eliseu (a perspectiva de morte iminente desamarra a linguagem do ser humano!). Notamos no seu livro "The Last Mitterrand": "A França está em guerra e os franceses não sabem disso. Os americanos querem poder indiviso sobre o mundo, é uma guerra desconhecida, é uma guerra aparentemente sem morte e, no entanto, uma guerra até a morte. ».
A democracia ocidental é mais lenda do
que realidade!
Politicamente, a União Europeia é tudo
menos uma democracia!!
Os ocidentais exportavam apenas o
colonialismo.
Os ocidentais NUNCA exportaram
democracia!
Não me diga que a colonização da África
é uma democracia ocidental!!
Como pode observar, a
verdadeira guerra, ou seja, a que conta, é a da "moeda": o
best-seller chinês de HONG BIN SONG "a guerra cambial" explica isso em
detalhes.
Mas sem finanças, não há poder!
A omnipotência dos
Estados Unidos acabou por os cegar perante o "Estado do Terceiro
Mundo" que se organiza progressivamente, por um lado, e por outro,
tornou-os surdos à profecia de um dirigente soviético aquando do colapso da
URSS: "o desaparecimento da União Soviética é um veneno mortal, já não têm
adversário! Como resultado, a dívida dos Estados Unidos atingiu alturas
estratosféricas que estão para além da compreensão: MAIS DE 30 TRILIÕES DE DÓLARES (precisamente 31.400 biliões)!
Para os Estados Unidos, só havia duas soluções para sair desta dívida monstruosa:
§
Começar uma guerra, porque um Estado em
guerra não é capaz de pagar a sua dívida e, portanto, congelamos tudo;
§
Desencadear a hiperinflacção, que reduz
mecanicamente a dívida.
É por isso que a NATO "declarou" guerra à Rússia: a guerra na Ucrânia, como é agora do conhecimento geral, foi provocada pelo Ocidente, apesar dos muitos avisos e advertências de Vladimir Putin.
A dívida cria uma crise interna e a guerra é uma manobra de diversão política. Esta é a escolha que tem sido feita pelos grandes capitalistas sempre que a acumulação do grande capital se depara com os seus limites. A guerra na Ucrânia é, de facto, um disfarce para a dívida dos EUA.
Mas, ao mesmo tempo, desencadearam a hiperinflação: mataram dois coelhos
com uma cajadada só; são o Mozart da finança, que talento!
Os Estados Unidos cometeram um "erro fatal" ao roubar os activos
russos e aplicar sanções financeiras: a confiança no dólar derreteu-se como a
neve no Saara! Os EUA fizeram explodir a garantia da propriedade privada em
todo o Ocidente. No entanto, já em 2009, no London Telegraph, num dos seus
artigos, Ambroise Evert Richards, avisava o grande capital financeiro: "A
queda da Ucrânia vai provocar a falência do sistema bancário".
Hoje, a falência dos bancos nos Estados Unidos entrou na sua fase
"activa", uma vez que assistimos à prática da "teoria do
dominó": a última vítima é o FIRST REPUBLIK BANK, que faliu a 1 de Maio de
2023, o que constitui a segunda maior falência bancária da história dos Estados
Unidos, depois da do WASHINGTON MUTUEL BANK em 2008 (excepto os bancos de
investimento como o Lehman Brothers em 2008...) A metástase deste cancro
generalizado já chegou à Suíça com o desaparecimento do CREDIT SUISSE, um banco
criado há mais de 165 anos! Em seguida, o Société Générale, o BNP... o Deutch
Bank.
O First Republik Bank foi comprado a baixo preço por um dinossauro da
finança americana, o JP MORGAN. A guerra é apenas uma transferência de riqueza:
como no mundo animal, os pequenos são comidos pelos grandes. Estamos a assistir
ao mesmo processo que durante a crise de 1929!
Se estabelecermos a
ligação entre a falência em dominó dos bancos, em curso, e o aumento das
despesas militares financiadas a crédito com a garantia dos Estados, assistimos
a uma crise "clássica" do capitalismo que procura uma saída com a
guerra que se generalizará nos próximos meses ou anos. No entanto, o pior nunca
é certo e o Ocidente, que quer fazer a guerra aos "Estados do Terceiro Mundo",
só tem o dinheiro de fantasia que o mundo já não quer (desdolarização das
transacções internacionais a favor do yuan, nomeadamente) e tem hoje apenas
alguns dias de munições de reserva. Além disso, o Ocidente tornou-se uma casa
de repouso continental: a sua inteligência artificial, que só é artificial sem
inteligência, não fará a guerra por eles! A "weponização" do dólar é
uma viragem importante na política mundial dos Estados Unidos: o dólar será
retirado do arsenal militar.
A guerra é um meio para acelerar a mudança de paradigma, mas não é a mudança em si. O sistema demonstrou que é capaz de gerar uma quantidade ilimitada de dívida a partir do dinheiro do mercado, que é reciclado no mundo real, sob a forma de moeda fiduciária e capital de dívida. Na Europa, a mudança de paradigma está a ser financiada por ondas de dívida sem precedentes, mesmo quando os bancos centrais estão a aumentar as taxas do mercado obrigacionista como nunca antes na história do euro. É o consumidor e o empresário que estão a pagar o preço das escolhas económicas desastrosas e criminosas feitas pela oligarquia europeia decadente, que encontra no mercado recursos ilimitados para financiar a sua ideologia mortífera.
A guerra na Ucrânia é apenas uma manobra de diversão que permite acelerar a descarbonização e a transformação digital das sociedades ocidentais, onde a emissão maciça de dívidas combinada com a inflação completa a transferência de capital para as mãos de alguns senhores da finança e sangradores do povo!
O presidente francês, Emmanuel MACRON, pertence indiscutivelmente a esta categoria de oligarcas - os JOVENS LÍDERES MUNDIAIS - que não são eleitos para defender os interesses dos seus povos, mas com a missão especial de servir os seus senhores, a "alta nobreza da finança internacional".
É chocante constatar que, apesar de uma situação económica catastrófica, que se aproxima perigosamente de uma forma de "libanização" da sociedade francesa, o Presidente não hesitou em contrair empréstimos (OAT) indexados à inflação! Esta decisão é um verdadeiro suicídio programado da nação francesa: depois da picada do COVID-19, é outra forma de eutanásia do povo francês.
De facto, os juros
da dívida (e não a dívida em si) representarão a primeira despesa do Estado a
partir de 2024; ou seja, mais ou menos cem mil milhões de euros e que só podem
aumentar exponencialmente, tendo em conta a hiperinflação. É uma dádiva para o
grande capital financeiro e um caixão para a economia francesa. A reforma das
pensões (reforma significa regressão social para esta gente), que deveria
permitir poupar 13 mil milhões aos "pobres coitados", é uma gota de
água no oceano da dívida, uma verdadeira burla intelectual!
A máquina de imprimir dinheiro utilizada de forma irracional só produz hiperinflação, que é um imposto disfarçado, ilegal e ilegítimo: é um roubo! Leva a uma queda do rendimento geral, à pilhagem das poupanças: é a maquilhagem da dívida. A guerra na Ucrânia para apoiar os neo-nazis é o pretexto certo, tal como o "aquecimento mundial antropológico": empobrecimento generalizado desde há muito tempo no OESTE.
O dólar perdeu 8,3% do seu valor desde 2022. Os analistas do GOLDMAN SACHS BANK estimam que o dólar está entre 5% e 15% acima do seu valor justo: esta conclusão anuncia uma recessão profunda.
O fim do petrodólar leva-nos a interrogarmo-nos sobre o futuro do dólar como moeda de reserva: em que se baseará o dólar para existir? De 1944 a 1971, o dólar baseou-se no ouro e, de 1975 até hoje, no petróleo, mas a partir de agora basear-se-á em quê? Microprocessadores? Inteligência artificial? Fluxos digitais? Blockchains? Batota e tesão ?????
Em todo o caso, uma certeza nestes tempos incertos é que a observação de Frédéric Bastiat (1801-1850) sobre a origem da dominação do Ocidente e, por conseguinte, da sua riqueza, deixará de ter lugar no "Estado do Terceiro Mundo": "Quando a pilhagem se torna o modo de vida de um grupo de pessoas que vivem juntas em sociedade, com o tempo, estas criam para si próprias um sistema jurídico que autoriza essa pilhagem e um código moral que a glorifica": está a ser construído um segundo mundo novo... sem os ocidentais.
Postado por Djerrad Amar
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
Sem comentários:
Enviar um comentário