domingo, 21 de maio de 2023

RENDIMENTOS EXCESSIVOS: grandes patrões, executivos, mundo do espectáculo e do desporto

 


 21 de Maio de 2023  ROBERT GIL  

Pesquisa conduzida por Robert Gil


O rendimento anual
de um chefe de topo representa entre 600 e 1.120 anos de Smic (salário mínimo nacional – NdT), de acordo com os dados de 2014 publicados pela Proxinvest no seu 17º relatório "A remuneração dos executivos das empresas do SBF 120" (Setembro de 2015). De 8,1 milhões de euros (equivalente a 598 anos de Smic) para Jean-Paul Agon (L'Oréal) a 15,2 milhões de euros (1.122 anos de Smic) para Carlos Ghosn, chefe da Renault-Nissan.

Os rendimentos tidos em conta neste estudo totalizam os salários fixos, variáveis e/ou excepcionais, as opções de compra de acções e as acções gratuitas. Não incluem, no entanto, certas prestações em espécie (automóvel, habitação social, por exemplo) nem os complementos de reforma concedidos a certos dirigentes de grandes empresas.

Estes rendimentos continuam a ser muito superiores ao que o talento, o investimento pessoal, a competência, o elevado nível de responsabilidade ou a concorrência internacional podem justificar. Ultrapassam largamente o que um indivíduo pode despender numa vida para a sua satisfação pessoal. Garantem um nível de vida extraordinário, que pode ser transmitido de geração em geração, e permitem iniciar estratégias de investimento pessoal (empresas, colecções de arte, fundações, etc.). Acrescente-se que estes executivos dispõem também de mecanismos de protecção consideráveis em caso de saída forçada da empresa por desacordo com os accionistas, erros estratégicos ou económicos, etc.

Os PDG (directores executivos) não são os únicos a serem mais bem pagos. Os quadros muito superiores de certas profissões ou os desportistas podem ter um rendimento médio anual astronómico: 35 anos de salário mínimo para um desportista de topo, 23 anos para um quadro do sector financeiro, 18 anos para um administrador de empresa assalariado.

As somas recebidas por algumas personalidades do desporto e do mundo do espectáculo são astronómicas, fora do alcance do cidadão comum. São expressas em centenas ou mesmo milhares de anos de salário mínimo. Tony Parker, o desportista francês mais bem pago em 2015, recebia 19,9 milhões de euros por ano, o equivalente a 1.138 anos de salário mínimo. Na indústria cinematográfica, o actor e produtor Dany Boon foi o mais bem pago em 2013, com um rendimento anual de 3,6 milhões de euros, mais de dois séculos de salário mínimo. A nível mundial, o pugilista americano Floyd Mayweather Jr. ganhou 300 milhões de dólares (264 milhões de euros) em 2015, ou seja, 15 071 anos de salário mínimo francês. A cantora Katy Perry recebeu um rendimento anual em 2015 de 135 milhões de dólares (119 milhões de euros), 6 781 anos de salário mínimo.

Como é que estes níveis elevados se justificam? Apesar de terem frequentemente uma equipa de conselheiros à sua volta, as estrelas do desporto e do espectáculo devem os seus rendimentos a uma combinação de marketing, trabalho árduo e talento pessoal. Mas também ao recurso a "mãozinhas" que são contratadas a muito baixo custo, desde as salas de espectáculo ao mundo do cinema e aos clubes desportivos. A enorme audiência mediática destas estrelas torna-as marcas comerciais que proporcionam aos seus empregadores recursos (quase) garantidos. Os seus empregadores estão, portanto, dispostos a oferecer-lhes rendimentos consideráveis.

 

Fonte: DES REVENUS DÉMESURÉS: grands patrons, cadres dirigeants, show-biz et sport – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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