27 de Maio de 2023 Robert Bibeau
Por Robert Bibeau.
O artigo que se segue é um balão de ensaio que a revista Politico se propôs difundir pelas capitais ocidentais para conhecer a reacção dos vassalos europeus envolvidos, a contragosto, no caos ucraniano. A guerra americana na Ucrânia faz parte de uma ofensiva mundial do poder americano para travar o seu declínio económico, comercial e financeiro e, consequentemente, o seu declínio político, diplomático, ideológico e militar. No entanto, o hegemon americano já perdeu a guerra económica, comercial e financeira que trava contra o novo império chinês emergente - o seu verdadeiro adversário nesta nau genocida.
A potência americana em declínio está determinada a confrontar militarmente o seu adversário chinês, a fim de destruir as suas capacidades de produção e de acumulação de capital - o objectivo último do sistema económico capitalista em declínio. Em preparação para este confronto militar entre gigantes nucleares, o Pentágono resolveu travar uma guerra por procuração através da Ucrânia contra a procuração russa que representa o emergente Império Chinês.
Esta guerra de investigação (teste e validação de novas armas e tácticas inovadoras), que está a ser travada na Europa, destina-se a avaliar as capacidades militares da NATO e da Rússia, o cavaleiro negro da hegemonia chinesa. Esta guerra regional de investigação visa igualmente separar de forma drástica e definitiva os países da NATO dos seus fornecedores de energia. Como disse Donald Trump, "não se entra em guerra com o homem que nos vende o combustível". Por fim, esta guerra de investigação visa reforçar a unidade estratégica e a coesão táctica dos vassalos da Aliança Atlântica em antecipação da Grande Guerra Atómica...
Com estes objectivos atingidos, o Pentágono considera que deve começar a segunda fase dos preparativos para a guerra. Desde há algumas semanas, o governo americano tem vindo a intensificar os seus ataques àChina, deixando aos lacaios europeus (Alemanha, Polónia, Itália, etc.) e à Comissão Europeia em Bruxelas (incluindo a vingativa Comissária von der Leyen. A UE está sobreinvestida no projecto de guerra da Ucrânia) para difamar a Rússia e persuadir o lacaio Zelensky, que eles gostariam de convencer a permanecer no cargo em Kiev por mais algum tempo, apenas o tempo suficiente para transferir o fardo desta guerra genocida para os ombros dos governos europeus encurralados no recuo ucraniano.O artigo de Dave Decamp (em baixo) expõe as três hipóteses presunçosas em que o Pentágono se baseia para propor um "congelamento ao estilo coreano" no interminável conflito ucraniano.
Essa primeira hipótese também postula que a Rússia esgotou todas as suas vias militares e que praticamente perdeu a guerra na Ucrânia, o que é totalmente falso. A Batalha de Bakhmut que está a chegar ao fim mostra claramente que a Rússia dominou esta guerra de desgaste (destruição sistemática do exército adversário) que a Ucrânia e a NATO estão a perder, apesar do recrutamento de mercenários no Leste e em África, e apesar do despejo de armas obsoletas dos arsenais ocidentais. A Rússia ainda tem dois milhões de reservistas enquanto a Ucrânia está com falta de reservistas e a sua economia está destruída, o que é confirmado pelo cientista político Dmitry Orlov "https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2023/05/nao-ha-razao-para-conversacoes-de-paz.html
A segunda hipótese do Pentágono é que os países europeus da NATO estão prontos, dispostos e capazes de enfrentar uma guerra prolongada às portas da Europa contra um inimigo determinado, o principal fornecedor mundial de matérias-primas e energia, com mais de 5.000 ogivas nucleares e apoiado pela principal potência industrial do mundo - a China. Esta hipótese é totalmente irrealista e rebuscada. Não podemos esquecer que a Rússia está a apostar o seu futuro como nação nesta guerra por procuração, enquanto a Europa não pode esperar mais do que ser atolada, levada à falência e destruída nesta aventura ao serviço da hegemonia americana decaída. "https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2023/05/nao-ha-razao-para-conversacoes-de-paz.html
O terceiro pressuposto em que se baseia a estratégia de atolamento do Pentágono implica que, nos próximos
anos, a situação económica e social mundial será estável e estará sob o
controlo do grande capital mundializado e dos seus fantoches políticos a soldo.
Nada é menos certo neste mundo de crises sistémicas catastróficas. A crise
económica mundializada ainda agora começou e a reacção do proletariado promete
ser radical, como sugerem a batalha das pensões em França e as greves na
Grã-Bretanha. Por todo o lado, o proletariado resiste ferozmente à deterioração
das suas condições de vida e de trabalho, nomeadamente na Europa, e as massas laboriosas
- os assalariados - não estão de todo dispostas a sacrificar-se como carne para
canhão nesta guerra por procuração. Já na Ucrânia e na Rússia milhares de
recrutas desertaram desta guerra genocida.
Os estrategas da
administração Biden devem decididamente desistir de tentar transformar a guerra
genocida "na Ucrânia num conflito congelado durante anos, ou mesmo
décadas, como a situação na península coreana". O proletariado europeu não
terá a paciência do proletariado coreano.
ANEXO
Por DAVE DECAMP, sobre Guerra na Ucrânia: EUA preparam-se para conflito
congelado | Investig'Action (investigaction.net)
O governo Biden está a preparar-se para que a guerra na Ucrânia se transforme num conflito congelado durante anos, se não décadas, semelhante à situação na Península Coreana, informou o POLITICO nesta quinta-feira.
Os responsáveis dos
EUA discutiram esta possibilidade, incluindo potenciais opções para traçar as
linhas de um conflito congelado que ambas as partes concordariam em não
ultrapassar. O relatório afirma que a ideia de um congelamento dos combates
poderia ser um "resultado politicamente aceitável a longo prazo".
O governo está a considerar essa possibilidade porque não espera que a Ucrânia recupere muito território na sua tão esperada contraofensiva. De acordo com o POLITICO, os EUA esperam que o ataque "não desfira um golpe fatal na Rússia".
Uma autoridade dos EUA disse que o governo está a preparar-se para apoiar a Ucrânia a longo prazo, esteja o conflito congelado ou não. "Planeamos a longo prazo, quer o conflito esteja congelado ou descongelado", disse o funcionário ao POLITICO.
Esse apoio de longo prazo envolveria continuar a armar a Ucrânia e tentar tornar as forças armadas do país mais interoperáveis com a Otan. Alguns membros da Otan estão a tentar mudar o status da Ucrânia dentro da aliança. Mas os Estados Unidos e os membros da Otan na Europa Ocidental estão relutantes em abrir um caminho concreto para a adesão em Kiev. No entanto, esperam-se mais salvaguardas no futuro.
De acordo com o
POLITICO, essas novas garantias para a Ucrânia podem variar de um "acordo de defesa mútua sob o Artigo 5 da
Otan a acordos de armas com a Ucrânia de uma forma que dissuada a Rússia, como
é feito para Israel". Autoridades dos EUA disseram que, no mínimo, a
Otan garantiria que as armas da Ucrânia fossem compatíveis com as da aliança. A
Otan também realizará treino conjunto com tropas ucranianas.
Dado que uma das
principais motivações da Rússia para invadir a Ucrânia era o seu alinhamento
com a Otan e que sua principal exigência nas negociações no início da guerra
era a neutralidade
da Ucrânia, um conflito congelado envolvendo a Otan a continuar a
armar Kiev provavelmente não seria aceitável para Moscovo. Embora as
autoridades russas se
tenham mostrado abertas a negociações, o Kremlin disse acreditar que
os objetivos da Rússia só podem ser alcançados por
meios militares.
Se o conflito permanecer congelado nas linhas de batalha actuais, a Ucrânia perderia muito mais território do que se tivesse negociado um acordo com Moscovo logo após a invasão.
Mas os EUA e os seus aliados desencorajaram as negociações de paz, e o governo Biden ainda não demonstra interesse numa solução diplomática duradoura.
Fonte original: AntiWar
Traduzido do inglês
por GL para Investig'Action
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Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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