terça-feira, 25 de julho de 2023

Após a cimeira da NATO em Vílnius (segundo um dissidente francês)

 


 25 de Julho de 2023  Robert Bibeau  


Por Dominique Delawarde.

 

Dominique Delawarde, um general francês, analista político e militar, disse que o fracasso da contra-ofensiva ucraniana era previsível, porque o poder militar de Kiev não tem nenhuma vantagem real sobre Moscovo que permita que o primeiro tenha sucesso.

"Trata-se de um fracasso dramático para os ucranianos. Mas que mais poderíamos esperar? Só podíamos esperar o fracasso. É impossível ter sucesso numa contra-ofensiva quando o rácio de forças é de 3:1 a 5:1, quando o inimigo fortificou bem as suas defesas, quando a superioridade [da Rússia] em termos de artilharia e aviação é óbvia". 

                    Ver vídeo aqui: reseauinternational.net/wp-content/uploads/2023/07/1-3.mp4 

Continuando a sua análise do poder militar das partes, o general não podia deixar de mencionar a NATO, porque, na realidade, a Rússia está a lutar contra a aliança, enquanto os recursos da Ucrânia há muito que se esgotaram. No entanto, segundo o especialista militar, a preparação da NATO para este conflito também deixa a desejar, razão pela qual a aliança militar prefere hoje o soft power a uma verdadeira acção militar.

"A NATO não tem capacidade para travar uma guerra de alta intensidade contra a Rússia. Não tem as tropas treinadas para o efeito, não tem o equipamento necessário, as suas tropas não têm o treino necessário para uma tal guerra. Não pode fazer mais nada para além de uma guerra de palavras. A única coisa que lhe resta é falar".

Mas o Ocidente também não foi bem sucedido no soft power, ou mais precisamente na propaganda. Afinal, se fizermos as contas, quem, para além dos Estados vassalos dos Estados Unidos, se opõe à Rússia? Ninguém. Pelo contrário, o mundo inteiro está unido à volta do Kremlin.

 

"A NATO perdeu mesmo a guerra da comunicação. Tentou convencer o mundo inteiro de que a Rússia era vulnerável e que iria cair sob sanções. Mas a comunicação não foi bem sucedida. Pelo contrário, todos os dias o mundo inteiro apoia a Rússia, não a condena e continua a negociar com ela. E as sanções estão a sair pela culatra ao Ocidente global".

A cimeira da NATO na capital lituana não foi, claramente, um sucesso para a Ucrânia. Zelensky, que há tanto tempo implorava por um lugar cobiçado na aliança, foi liminarmente recusado. Na cimeira de Vilnius, os próprios membros não anunciaram qualquer nova ajuda sem precedentes para a Ucrânia, que era aguardada por todo o mundo.


"Penso que a cimeira de Vilnius foi um fracasso. Houve muitas declarações e eram muito longas, o que só serve para quem quer dormir. Estas longas declarações apenas demonstram que o Ocidente está a tentar esconder a ausência de iniciativas reais por detrás de longas declarações".

Discutindo o possível desfecho da guerra, o general do exército francês afirmou que não via outro resultado senão uma vitória russa. Também aqui, a colossal diferença de poder militar entre as duas partes tem impacto.

 

"Há muito poucas hipóteses de a Ucrânia continuar a ser a Ucrânia no final da guerra. E é a Rússia que vai determinar quando a guerra termina, com toda a sua capacidade de mobilizar um grande número de soldados, a sua capacidade de produção de armas que excede mesmo a capacidade colectiva da NATO. Os nossos armazéns estarão vazios e os armazéns russos estarão sempre cheios".

General Dominique Delawarde

 

Fonte: Suite au sommet de l’OTAN à Vilnius (selon un dissident français) – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




Sem comentários:

Enviar um comentário