terça-feira, 11 de julho de 2023

John Bolton defende política agressiva dos EUA em relação à Rússia e à China

 


 11 de Julho de 2023  Robert Bibeau  

Por Caitlin Johnstone – 7 de Julho de 2023

John Bolton escreveu um artigo publicado pelo The Hill intitulado "America Cannot Allow Chinese Military Expansion in Cuba" que explica exactamente o que há de errado com a forma como o império dos EUA continua a acumular forças fortemente armadas nas fronteiras dos seus grandes inimigos asiáticos.

Citando uma reportagem do Wall Street Journal no mês passado em que autoridades americanas não identificadas afirmaram que Havana havia iniciado negociações com Pequim para um possível futuro centro de treino militar conjunto para Cuba, Bolton disse que os EUA devem recorrer a qualquer forma de retaliação necessária para impedir a construção do centro. até uma intervenção militar com o objetivo de mudar o governo em vigor.


"A possibilidade de instalações chinesas significativas em Cuba representa uma ameaça para os Estados Unidos", escreveu Bolton, que acredita que tais actividades "podem muito bem camuflar armas ofensivas, sistemas de tiro ou outras capacidades ameaçadoras". "Por exemplo, mísseis de cruzeiro hipersónicos, que são mais difíceis de detectar, rastrear e destruir do que mísseis balísticos, são candidatos naturais para instalação em Cuba, uma perspectiva que não podemos tolerar, assim como muitos outros riscos, como uma base submarina chinesa", acrescentou.

 

Todos estes são argumentos que a Rússia e a China poderiam apresentar, quase palavra por palavra, sobre a forma como os EUA ameaçam os seus interesses de segurança instalando máquinas de guerra no seu ambiente imediato.

Argumentando que os Estados Unidos "não estão vinculados por nenhum compromisso que limite o uso da força", Bolton defende "a revogação das relações diplomáticas com Cuba, o aumento das sanções económicas contra a China e Cuba e uma implementação muito mais rigorosa das sanções existentes" como resposta imediata a este desenvolvimento, defendendo a intervenção para mudar o regime naquele país como a solução final para o comportamento desobediente de Cuba.

"Se os Presidentes Eisenhower ou Kennedy tivessem agido de forma mais enérgica e eficaz contra Fidel Castro, poderíamos ter evitado muitas crises perigosas durante a Guerra Fria, poupando-nos décadas de preocupações estratégicas, para não falar da repressão do povo cubano", escreve Bolton, que acrescenta: "Com a crescente ameaça de Pequim, não devemos perder o momento actual sem reconsiderar seriamente a forma de colocar esta ilha geograficamente crítica nas mãos do seu próprio povo".

Bolton também observa que a Baía de Guantánamo "permanece totalmente à nossa disposição hoje" para qualquer operação que os EUA decidam implementar para derrubar o governo em Havana.

Este é o mesmo John Bolton que, em 2002, acusou falsamente Cuba de ter um programa de armas biológicas para arrastar a ilha para o mesmo ímpeto bélico que ele alimentou, com extrema agressividade para pressionar os Estados Unidos a atacar o Iraque.

Sempre que há o menor murmúrio de uma potência estrangeira a estabelecer uma presença militar perto de Washington, os belicistas imediatamente começam a bater os tambores da guerra e a expor a hipocrisia do império americano que insiste no seu direito de formar alianças militares e acumular forças por procuração às portas dos seus rivais geopolíticos. Os apologistas do império rejeitam sempre as alegações da Rússia e da China, quando dizem que as invasões militares dos EUA no seu ambiente representam um risco inaceitável para a sua segurança, retorquindo que nenhuma nação tem direito a uma "esfera de influência" na qual os seus inimigos não teriam o direito de entrar. [Algo como "É o direito da Ucrânia aderir à NATO", "É o direito de Taiwan de se armar", Ed.]

No início deste ano, o senador Josh Hawley fez uma pergunta perturbadora ao seu público: "Imagine um mundo onde navios de guerra chineses patrulham águas havaianas e submarinos chineses rondam a costa da Califórnia. Um mundo onde o Exército de Libertação Popular tem bases militares na América Central e do Sul. Um mundo onde as forças chinesas operam livremente no Golfo do México e no Oceano Atlântico." No entanto, este é exactamente o jogo que os militares dos EUA estão a jogar com a China.

A coisa mais estúpida que o império americano nos pede para acreditar é que o cerco militar dos seus dois principais rivais geopolíticos é uma acção defensiva, e não um acto de extrema agressão. A ideia de que o cerco militar da Rússia e da China pelos Estados Unidos é um acto de defesa e não de agressão é tão patente que qualquer pessoa que pense criticamente sobre ela a descartaria imediatamente pelo absurdo irracional que é, e no entanto, por causa da propaganda, é a narrativa dominante no mundo ocidental. E milhões de pessoas aceitam-no como a verdade.

Ver em: Arnaud Bertrand no Twitter: "US presidential candidate Marianne Williamson when asked about reports of China helping train Cuban troops: "Do you know how many military bases we have surrounding China? 313. Americans need to wake up." I actually didn't know it was SO many. Insane... https://t.co/OLt6v34Q4K" / Twitter

O objectivo de destacar a hipocrisia não é que ser hipócrita seja um crime em si, mas mostrar que o hipócrita mente sobre os seus motivos e comportamentos, e desmantelar os argumentos que apresenta para defender as suas posições. Se os Estados Unidos interpretam uma presença militar chinesa em Cuba como uma provocação incendiária, então, logicamente, a presença militar muito maior que os Estados Unidos acumularam nas fronteiras da Rússia e da China é uma provocação muito maior de acordo com esse mesmo raciocínio, e os Estados Unidos sabem disso. Não há nenhum argumento em contrário que não se baseie em afirmações como "sim, mas temos o direito de o fazer".

Exigir que a Rússia e a China tolerem comportamentos por parte dos Estados Unidos que os Estados Unidos nunca tolerariam por parte da Rússia ou da China é simplesmente exigir que o mundo se submeta ao império americano. Aqueles que argumentam que a Rússia deveria ter tolerado que a Ucrânia se tornasse membro da NATO ou que a China deveria aceitar o cerco militar dos EUA, em nome da liberdade e da democracia, estão, na realidade, apenas a afirmar que os EUA devem poder governar cada centímetro quadrado do planeta.

E se realmente quer que os Estados Unidos dominem cada centímetro quadrado deste planeta completamente sem contestação, então não tente dizer-me que se preocupa com o povo da Ucrânia, Taiwan ou qualquer outro país. Não mije na minha perna e diga-me que está a chover. Apenas seja honesto sobre quem é e onde está.

Caitlin Johnstone

Traduzido por Wayan, revisto por Hervé, para o Saker Francophone.


Fonte: John Bolton défend la politique américaine agressive à l’égard de la Russie et de la Chine – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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