quinta-feira, 27 de julho de 2023

DA INSURREIÇÃO POPULAR À REVOLUÇÃO PROLETÁRIA (4/5)

 


 27 de Julho de 2023  Robert Bibeau 



CAPÍTULO 4: O IMPERIALISMO MODERNO

Por Robert Bibeau e Khider Mesloub.

 

A Parte 1 deste volume está aqui: https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2023/06/da-insurreicao-popular-revolucao.html

Parte 2 deste volume está aqui: https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2023/07/da-insurreicao-popular-revolucao.html

A Parte 3 deste volume está aqui:

https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2023/07/da-insurreicao-popular-revolucao_19.html


57.  Desde os primórdios dos tempos, a espécie humana conheceu quatro modos diferentes de produção. O modo primitivo de produção sem classes sociais (caçador-colector); o modo de produção escravocrata (escravos e homens livres); o modo de produção feudal (servos e senhores); o modo de produção capitalista (proletários e burgueses). O mundo um dia experimentará um novo modo de produção sem classes sociais, o comunismo. Por enquanto, estudaremos a evolução do modo de produção capitalista (MPC).


58.  Ao longo da história, seguindo os caprichos da luta de classes – impulsionada pelas contradições inerentes a cada modo de produção – a evolução levou cada sistema de produção da sua fase de emergência revolucionária, à sua fase de crescimento e maturidade, à sua fase de degenerescência imperialista que o conduziu à decadência. Nomeadamente, houve o Império Médio (China), o Império Romano, o Império Bizantino, o Império Espanhol, o Império Português, o Império do Congo, o Império Maia, o Império Inca, o Império Austro-Húngaro, o Império Russo, o Império Otomano, o Segundo Império Francês, o Império Britânico, o III Reich alemão e o Império Americano. Embora semelhantes em vários aspectos (poder militar, hegemonia sobre o comércio, guerra de expansão, pilhagem de recursos internos e externos, exploração da força de trabalho, etc.), estes impérios diferem de acordo com as características do seu modo de produção (tecnologias, meios de produção, transporte e troca, relações sociais de produção e, consequentemente, de cultura (religião, língua, costumes, laços sociais, etc.).


59.  O imperialismo moderno caracteriza-se por cinco processos económicos emaranhados. O imperialismo moderno é:

(1) monopolização da propriedade dos meios de produção, troca e comunicação;

2) o imperialismo moderno é a concentração da riqueza – riqueza social – capital – nas mãos de alguns trusts e cartéis internacionais que deram origem à oligarquia financeira mundial de que tomamos a medida na revista Forbes http://;

3) o imperialismo moderno é também a integração de todos os sectores industriais, comerciais e financeiros numa única economia política mundializada e interconectada, seguindo uma vasta cadeia de suprimentos mundializada onde o capital (fiduciário) é exportado e trocado tanto quanto as mercadorias;

4) o imperialismo moderno é a financeirização do capital e do comércio;

5) Finalmente, o imperialismo moderno caracteriza-se pela terciarização de empregos cada vez mais precários e parasitários.

Lenine e as suas teses sobre o imperialismo

As 5 características do capitalismo na fase imperialista

 1) a concentração da produção e do capital atingiu um grau de desenvolvimento tão elevado que criou monopólios, cujo papel é decisivo na vida económica.

2) Fusão do capital bancário e do capital industrial e criação, com base nesse "capital financeiro", de uma oligarquia financeira.

3) a exportação de capitais, ao contrário da exportação de bens, reveste-se de particular importância; [não confundir com fuga de capitais e optimização fiscal em paraísos fiscais].

4) Estabelecimento de uniões monopolistas internacionais de capitalistas concorrentes que partilham o mundo, os seus recursos e mercados.

5) Partilha territorial do mundo entre as grandes potências capitalistas. O imperialismo é o capitalismo que atingiu uma fase de desenvolvimento em que se afirmou o domínio dos monopólios e do capital financeiro, em que a exportação de capitais adquiriu uma importância primordial, em que se iniciou a divisão do mundo entre trusts internacionais [isto é, onde os trusts estão a sobrepor-se aos Estados e, portanto, onde os Estados e os responsáveis desses Estados são os representantes, os mensageiros de trusts e monopólios e onde se completou a divisão de todo o território do globo entre os maiores países capitalistas.

Fonte Lenine – "O imperialismo, estágio supremo do capitalismo". Resumo por escolha de citações, por Med. – Faculdade Popular de Filosofia e Ciências Sociais المدرسة الشعبية للفلسفة والعلوم الاجتماعية 


60.  Quer isto dizer que "enquanto o imperialismo tiver uma reserva de acumulação nos países economicamente mais atrasados, onde grande parte da população ainda vive da agricultura de subsistência à margem da grande indústria, o modo de produção capitalista [na sua fase imperialista moderna] terá uma reserva de potencial de crescimento para a expansão das suas forças produtivas, dos seus meios de produção, para a acumulação de mais-valia e lucros a reinvestir na sua reprodução alargada"? Podemos deduzir desta reflexão feita por Marx em 1859 que "a classe capitalista monopolista mundial poderá continuar a usar uma parte dos lucros saqueados nos países dominados do Terceiro Mundo para corromper a aristocracia operária e a pequena burguesia dos países imperialistas em declínio ou ascendentes no Ocidente"[i] Basta observar os repetidos ataques da grande burguesia em todos os países do Ocidente contra o que reformistas de esquerda e de direita chamam de "ganhos sociais" da "classe média" através de uma infinidade de medidas ditas de "austeridade" para entender que o tempo presente não é mais para o Estado de bem-estar social. para os pequeno-burgueses empobrecidos a quem é dito que apertem o cinto e se curvem aos seus senhores capitalistas que, apesar da enorme reserva de trabalhadores do Terceiro Mundo, já não conseguem manter as suas taxas de lucro e, assim, assegurar a reprodução alargada (do capital) do moderno sistema imperialista de exploração e expansão.


61.  A corrente kautskyista do pensamento economista aplica mecanicamente os apofatemas publicados por Marx no final do século XIX e esquece-se de confrontar as suas compreensões dos escritos de Marx com a realidade concreta que os rodeia. A crise económica do imperialismo moderno é sistémica, global e mundial, apesar de ainda existirem recursos e forças produtivas para aproveitar e explorar. É necessário reler os preceitos de Marx e notar que ele enfatiza que um modo de produção – uma formação social – "nunca pode [ser definitivamente derrubado] até que todas as forças produtivas que ele é grande o suficiente para conter sejam desenvolvidas", o que não se refere de forma alguma à disponibilidade de recursos naturais e trabalhadores assalariados a serem explorados. mas à capacidade deste modo de produção, desta formação social, de assegurar o seu desenvolvimento e exploração para os fins próprios do sistema de economia política vigente na formação social em causa.


62.  Os economistas vulgares negam que, sob o imperialismo moderno, o desenvolvimento económico continue de forma desigual, combinada e aos saltos e que esse processo produza uma divisão internacional do trabalho mundialmente integrada, na qual alguns países ou "entidades" têm a função de extrair recursos do solo, do mar, da natureza, enquanto outros têm a "missão" de transformá-los. Para condicioná-los, e a outros países, e outros empregados, outras "entidades" têm a vocação para os consumir a fim de provocar as condições do próximo ciclo de reprodução estendida para um novo ciclo de valorização dos lucros impulsionando um novo ciclo de acumulação.


63.  Observamos, com Lenine, que o modo de produção capitalista no seu estágio imperialista moderno desenvolveu todas as forças produtivas, não potencialmente disponíveis, mas que é amplo o suficiente para conter e tornar frutífero, isto é, para se reproduzir e valorizar para acumular de acordo com um ciclo que os capitalistas gostariam de eternizar. A ascensão inexorável da crise sistémica do capitalismo leva-nos a crer que o capitalismo não durará para sempre e que as previsões de Marx se justificam. O modo de produção capitalista, na sua fase imperialista decadente, tem de ser derrubado, mas não entrará em colapso por si só. A classe proletária revolucionária terá de dar o golpe final se não quisermos que a humanidade se auto-destrua numa sucessão interminável de guerras termonucleares e biológicas genocidas. https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2023/07/armas-biologicasbacteriologicasvirais.html

[i] V. Gouysse (2013) Classes sociais sob o imperialismohttp://marxisme.fr/imperialisme_et_classes_sociales.htm

(A CONTINUAR)

 

Fonte: DE L’INSURRECTION POPULAIRE À LA RÉVOLUTION PROLÉTARIENNE (4/5) – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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