6 de Julho de
2023 Robert Bibeau
Por Noam Chomsky. Em PRESSENZA Boston,
21/09/10.
1/ A estratégia da distracção
Elemento-chave do
controlo social, a estratégia de diversão consiste em desviar a atenção do
público das questões importantes e das mudanças decididas pelas elites
políticas e económicas.
A estratégia de desvio
consiste em desviar a atenção do público das questões importantes e das
mudanças decididas pelas elites políticas e económicas, através de um dilúvio
contínuo de distracções e de informações insignificantes. A estratégia de
desvio é também
o interesse do público
pelos conhecimentos essenciais, nos domínios da ciência, da economia,
psicologia, neurobiologia e cibernética. "Manter a atenção do público
do público distraído,
longe dos verdadeiros problemas sociais, cativado por assuntos sem importância
real.
Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem tempo para pensar; de volta à quinta com os outros animais". Extracto de "Armas silenciosas para guerras silenciosas".
2/ Criar problemas e, em seguida,
oferecer soluções
Este método é também
conhecido como "problema-reacção-solução". Primeiro, criamos um
problema, uma "situação concebida para suscitar uma determinada reacção do
público, para que o próprio público exija as medidas que se pretende que sejam
aceites. Por exemplo: deixar que a violência urbana se desenvolva, ou organizar
ataques sangrentos, para que o público exija leis de segurança em detrimento da
liberdade.
Ou criar uma crise económica para que as pessoas aceitem o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços sociais como um mal necessário.
3/ A estratégia de degradação
Para fazer com que as
pessoas aceitem uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, de forma
"desvalorizada", durante um período de 10 anos. Foi assim que se
impuseram condições socio-económicas radicalmente novas (neo-liberalismo) durante
os anos 1980 e 1990. O desemprego em massa, a precariedade, a flexibilidade
das deslocalizações, salários que já não garantem um rendimento digno - tudo mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de forma brutal.
4/ A estratégia do diferimento
Outra forma de obter a
aceitação de uma decisão impopular é apresentá-la como "dolorosa mas
necessária", obtendo a aprovação pública no presente para aplicação no
futuro. É sempre mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um imediato. Em
primeiro lugar, porque o esforço não tem de ser feito imediatamente. Em segundo
lugar, porque o público tem sempre a tendência para esperar ingenuamente que
"amanhã tudo será melhor" e que o sacrifício exigido valerá a pena.
Finalmente, dá tempo ao público para se habituar à ideia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegar a altura... aceitar pagar para supostamente combater as alterações climáticas...
5/ Dirigir-se ao público como se fossem
crianças pequenas
A maior parte da
publicidade dirigida ao grande público utiliza um discurso, argumentos,
personagens e um tom particularmente infantilizantes, que muitas vezes se
aproximam do debilitante.
O tom, muitas vezes
próximo do debilitante, como se o espectador fosse uma criança pequena ou um
deficiente mental.
Quanto mais se tenta
enganar o espectador, mais se adopta um tom infantilizante. Porquê? "Se
nos dirigirmos a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos, então, devido à
sugestionabilidade, ela estará mais inclinada a ouvir.
Por causa da sugestionabilidade, ela terá, com uma certa probabilidade, uma resposta ou reacção tão acrítica como a de uma criança de 12 anos". Extracto de "Armas silenciosas para guerras silenciosas".
6/ Apelo ao emocional e não à reflexão
Apelar ao emocional é uma técnica clássica para provocar um curto-circuito na análise racional e, portanto, nas faculdades críticas das pessoas. Além disso, a utilização do registo emocional abre a porta ao inconsciente para implantar ideias, desejos, medos, impulsos ou comportamentos...
7/ Manter o público na ignorância e na
estupidez
Tornar o público
incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o controlar
e escravizar.
"A qualidade da
educação dada às classes mais baixas deve ser a mais pobre,
para que o abismo de ignorância que separa as classes baixas das classes altas seja, e permaneça incompreensível para as classes mais baixas. Extracto de "Armas silenciosas para guerras silenciosas".
8/ Encorajar o público a chafurdar na
mediocridade
Incentive o público a achar "cool" ser uma besta, vulgar e sem
instrucção...
9/ Substitua a
revolta pela culpa
Fazer o indivíduo
acreditar que ele é o único responsável pela sua desgraça, devido à
insuficiência da sua inteligência, das suas capacidades ou dos seus esforços.
Assim, em vez de se
revoltar contra o sistema económico, a auto-depreciação e a culpa levam a um
estado de depressão, que tem como um dos seus efeitos a inibição da acção.
E sem acção, não há revolução!... como os jovens rebeldes franceses que o Estado quer fazer passar por bandidos e por escumalha ...
10/ Conhecer os indivíduos melhor do que
eles próprios
Nos últimos 50 anos, o deslumbrante progresso da ciência criou um fosso
crescente entre o conhecimento do público e o conhecimento detido e utilizado
pelas elites no poder.
Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o
"sistema" desenvolveu um conhecimento avançado do ser humano, tanto a
nível físico como psicológico.
O sistema passou a conhecer o indivíduo médio melhor do que ele se conhece
a si próprio.
Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema tem maior controlo e
poder sobre os próprios indivíduos.
Fonte: Dix stratégies de manipulation à travers les média (Chomsky) – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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