segunda-feira, 24 de julho de 2023

Ela vai desaparecer!

 


24 de Julho de 2023  Olivier Cabanel 

OLIVIER CABANEL — Orgulho de uma nação inteira, a Torre Eiffel vai desaparecer!



A sua base, como todos sabem, está a flutuar no Sena, e a corrosão, ligada a problemas estéticos, causará o seu próximo desaparecimento.

De facto, a Torre Eiffel, baptizada em homenagem ao famoso engenheiro, que fez tanta tinta fluir, está agora ameaçada.

Pode ter-se esquecido que foi erguida há dois séculos, por ocasião da Exposição Mundial de 1889, e que foi decidido na altura que seria desconstruída após a exposição.

É um símbolo que vai desaparecer, porque muitas vezes esquecemos que era para celebrar o centenário da Revolução Francesa na época.

Mas mesmo antes de ser construída, circulou uma petição para impedir a sua construção, argumentando o seu elevado preço (mais de 6 milhões de francos na altura, com uma derrapagem de 1,5 milhões de francos sobre o custo inicialmente previsto) e o perigo que representava para os residentes locais, se infelizmente desmoronasse.

Esta petição lançada por escritores, pintores, compositores e até arquitectos recolheu milhares de assinaturas.

Deve dizer-se que quem lançou esta petição não foi qualquer um: Alexandre Dumas Jr., conviveu com Charles Gounod, Victorien Sardou, Guy de Maupassant, Verlaine, Sully Prudhomme e até Leconte de Lisle.

Chamaram-lhe "inútil e monstruosa".

Na época da Exposição Mundial, recebeu 236 milhões de visitantes, e permanece até hoje um dos edifícios mais visitados da França.

Já em 1944, o ocupante nazi tinha planeado a sua destruição.

Até à data, esta torre culminante, com a sua antena de televisão a 325 metros acima do solo, recebeu 6 milhões de visitantes por ano.

Até 1930, manteve-se o edifício mais alto do mundo.

O prefeito de Paris havia agendado uma operação de limpeza e pintura.

Inicialmente, a cor escolhida, para fazer mais festa e champanhe, foi o rosa.

Já, esta escolha de cor não foi unânime.

Mas durante uma inspecção recente, os engenheiros descobriram que os rebites que seguravam a montagem sofreram os estragos do tempo, e substituí-los representa enormes problemas técnicos.

Na verdade, remover um rebite para substituí-lo, pode desequilibrar a Torre, e representa um verdadeiro problema de segurança.

O principal problema vem da sua base.

Tendo os dois pés do lado do Sena sido construídos abaixo do nível do rio, a humidade ao longo dos anos tem causado grandes danos à estrutura de montagem, enfraquecendo todo o edifício.

Especialmente porque os outros dois pés, localizados ao lado da escola militar, são construídos sobre uma espessa camada de concreto de 2 metros.

Outro problema vem da tempestade de 1999, quando ventos de 240 km causaram uma oscilação de 13cm, o que causou uma deformação da estrutura.

Esta torre foi construída em tempo recorde: iniciada em Janeiro de 1887, foi concluída a 12 de março de 1889, o que é um recorde se considerarmos as técnicas bastante rudimentares utilizadas na altura para a construir.

A rapidez desta construção pode surpreender, tendo em conta que só a operação de pintura, que é efectuada de dez em dez anos, demora um ano de cada vez.

As 18.038 peças que compõem o monumento serão, portanto, desmontadas uma a uma, regularmente, para não desequilibrar o monumento.

O aço será depois recuperado.

Os candidatos à compra já se apresentaram: Mital, o conhecido industrial hindu, já está na corrida.

Sabe-se também que algumas das peças serão leiloadas a coleccionadores, para não sobrecarregar demasiado os parisienses com impostos.

Isto não é novidade, pois as escadas metálicas que conduziam ao cimo já foram desmontadas, cortadas em 22 secções e leiloadas a coleccionadores maioritariamente americanos.

É tempo de fazer o luto, porque, como dizia um velho amigo africano:

 "Mesmo os peixes que vivem na água estão sempre com sede."

 

Fonte: Elle va disparaître! – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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