1 de Maio, 2023 Olivier Cabanel
OLIVIER CABANEL — À luz de um relatório corajosamente feito pela
"FR3", os franceses descobrem tardiamente que resíduos de urânio
(cuja nocividade dura 4,5 mil milhões de anos) foram depositados aqui e ali,
impunemente.
O programa "evidências"
transmitido em 11 de Fevereiro de 2009, atirou uma verdadeira pedra na lagoa do
"silêncio nuclear".
http://www.leblogtvnews.com/article-26757654.html
De facto, descobriu-se que a Cogema, e mais tarde a Areva, tentaram esconder os resíduos da indústria nuclear da pior maneira possível.
A Areva tentou impedir que o assunto fosse ventilado, felizmente sem sucesso.
Estes resíduos são da ordem dos 300 milhões de toneladas, o que não é
pouco.
Aqui, é o parque de estacionamento de um
parque de desportos de Inverno, ali é um bairro de habitação construído sobre
um antigo local de extracção, ou um campo de futebol, e noutro lugar, é um
reservatório que abastece de água "potável" a boa cidade de Limoges.
Estes resíduos foram disseminados em mais de vinte departamentos e utilizados para construir estradas, parques de estacionamento, habitações, escolas e até parques infantis.
A França tem mais de 200 locais de extracção de urânio.
Actualmente, a independência nuclear da
França chegou ao fim e estamos 70%
dependentes da energia das nossas centrais nucleares.
No Níger, ou noutro lugar, os nossos corajosos "nuclearistas" exploram o urânio que já não conseguem encontrar em França.
No entanto, as instalações continuam a
existir, mesmo que já não sejam exploradas.
Os resíduos foram enterrados, cobertos
pelos pseudo-ambientalistas com uma camada de terra e plantados com árvores
para "ficarem bonitos".
Num parque de estacionamento descoberto, a Criirad mediu doses de radioactividade muito acima das normas.
Num bairro social da região do Cantal,
em França, as balizas instaladas para monitorizar continuamente a eventual
radioactividade medem apenas ¼ do que é encontrado a alguns metros de
distância.
Daí a imaginar que a terra foi renovada
no local das balizas vai apenas um pequeno passo, e é lógico que se dê esse
passo.
Entretanto, estas medições servem de testemunho aos inquéritos enviados à administração.
Em Gueugnon, no parque de estacionamento
do campo de futebol, e no campo de futebol, foram enterradas 225.000 toneladas
de resíduos nucleares numa superfície de 12 hectares.
Talvez se trate de uma brincadeira? mas
este campo foi utilizado como pista de fitness.
Mas o pior ainda está para vir.
Um reservatório de água, o lago de Crouzille, foi limpo à pressa porque abastece Limoges de água potável.
Todo o perigo foi (finalmente) afastado.
De facto, é importante saber que,
durante anos, os habitantes da cidade beberam água contaminada sem a menor
malícia.
No entanto, um testemunho revelou uma
realidade terrível:
Os sedimentos retirados do fundo do
reservatório foram depositados algumas dezenas de metros acima do local,
continuando assim a poluir silenciosamente o abastecimento de água da cidade.
O problema é que é o operador que mede a
eventual poluição.
Como se pode ver, a independência das
medições é um problema.
Entretanto, os antigos mineiros estão a contar os mortos à sua volta.
Trabalharam durante anos nestas minas de
urânio e descobriram um pouco tarde que havia um perigo em trabalhar sem
protecção.
Tudo começou nos anos 50, e hoje, mais
de meio século depois, os franceses descobrem a mentira que os pró-nucleares
contam há anos, impunemente.
Numa altura em que os Estados Unidos e
uma grande parte da Europa se voltam resolutamente para as energias limpas e
renováveis, convencidos de que este pode ser um dos factores para sair da
crise, o nosso governo Sarkozy defende a energia nuclear.
No entanto, o problema dos resíduos,
como podemos ver, continua mais actual do que nunca, e nuclear nem sempre rima
com segurança.
Como dizia um velho amigo africano:
"Um peido que dura pode levar a um verdadeiro espectáculo de merda.”
Fonte: Un cancer sous le goudron – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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