30 de Julho de 2024 Robert Bibeau
A guerra israelita causou uma devastação sem precedentes no mercado de
trabalho palestiniano e na economia palestiniana em geral, de acordo com novos
dados e análises da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Gabinete
Central Palestiniano de Estatísticas.
BEIRUTE (Notícias da OIT) – Oito meses de guerra na Faixa de Gaza levaram à perda de empregos e meios de subsistência em grande escala e a um declínio acentuado do PIB nos Territórios Palestinianos Ocupados, revela um novo boletim da OIT e do Gabinete Central Palestiniano de Estatísticas (BCPS).
Desde o início das
hostilidades, em Outubro de 2023, a taxa de desemprego na Faixa de Gaza atingiu
uns impressionantes 79,1%. Na Cisjordânia, que também foi gravemente afectada
pela crise, a taxa de desemprego atingiu 32%.
Estes números elevam a taxa média de desemprego para 50,8% nas duas zonas do Território Palestiniano Ocupado. No entanto, as taxas e os números do desemprego não têm em conta as pessoas que abandonaram o mercado de trabalho porque as perspectivas de emprego se revelaram inexistentes. O número real de pessoas que perderam os seus empregos é, portanto, ainda mais elevado do que os números do desemprego sugerem.
Além disso, o PIB real contraiu-se 83,5% na Faixa de Gaza e 22,7% na Cisjordânia nos últimos oito meses, e o PIB real no Território Palestiniano Ocupado como um todo contraiu-se 32,8% em média.
Estas novas conclusões são apresentadas no quarto de uma série de boletins que descrevem o impacto da guerra em Gaza no mercado de trabalho e nos meios de subsistência nos Territórios Palestinianos Ocupados.
“O nosso novo boletim informativo mostra que o terrível número de vítimas humanas da guerra em Gaza e a situação humanitária desesperada que provocou são acompanhados por uma devastação generalizada das actividades económicas e dos meios de subsistência. Esta situação agrava o sofrimento dos palestinianos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia e põe ainda mais em risco a sua segurança e bem-estar”, afirmou Ruba Jaradat, Directora Regional da OIT para os Estados Árabes.
De acordo com o boletim da OIT, a grave crise económica que afecta actualmente os Territórios Palestinianos Ocupados afectou particularmente o sector privado.
Na Faixa de Gaza, quase todos os estabelecimentos do sector privado cessaram completamente a produção ou reduziram-na drasticamente, tendo o sector perdido 85,8% do seu valor de produção - equivalente a 810 milhões de dólares - nos primeiros quatro meses da guerra. Na Cisjordânia, o sector privado sofreu uma redução de 27% do seu valor de produção - equivalente a 1,5 mil milhões de dólares - durante o mesmo período.
Isto traduz-se em perdas diárias de produção do sector privado equivalentes a 19 milhões de dólares em todo o Território Palestiniano Ocupado durante os primeiros quatro meses do conflito.
“O restabelecimento dos meios de subsistência e a criação de empregos decentes são essenciais para que os palestinianos do Território Palestiniano Ocupado possam recuperar dos horrores que a guerra lhes infligiu”, afirmou Jaradat. “Este trabalho de recuperação deve ser feito em paralelo com a resposta humanitária em curso, e a OIT, os seus mandantes e parceiros estão a implementar um plano de resposta de emergência para este fim”, acrescentou.
A nota informativa da OIT apresenta igualmente projecções do impacto da guerra na economia e no mercado de trabalho dos Territórios Palestinianos Ocupados para todo o ano de 2024. Se a guerra terminasse em Agosto de 2024 e os esforços de recuperação económica e do mercado de trabalho se seguissem, a taxa de desemprego anual para 2024 deveria ser, em média, de 47,1%.
As projecções sugerem igualmente que, nesse cenário, o PIB real diminuiria 16,1 % e o rendimento real per capita 18,0 % em 2024, em comparação com 2023. Estes valores representariam a queda mais acentuada das taxas de crescimento destes dois indicadores em mais de vinte anos.
O novo boletim analisa também de perto o impacto da guerra em Gaza nos trabalhadores e empregadores da Cisjordânia, onde os encerramentos israelitas, as restricções à circulação e os ataques dos colonos perturbaram as redes da cadeia de abastecimento e as rotas de transporte.
Um inquérito realizado pela OIT em parceria com a Federação Geral Palestiniana de Sindicatos (PGFTU) revelou que, dos trabalhadores da Cisjordânia ainda empregados, 51% viram o seu horário de trabalho reduzido e 62,8% sofreram uma redução salarial.
Um segundo inquérito realizado pela OIT e pela Federação das Câmaras de Comércio, Indústria e Agricultura Palestinianas (FPCCIA) revelou que 65,3% das empresas da Cisjordânia comunicaram uma redução da sua força de trabalho, muitas delas recorrendo a despedimentos permanentes ou temporários.
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
Sem comentários:
Enviar um comentário