quinta-feira, 18 de julho de 2024

O carácter operário da moeda por oposição ao seu actual carácter burguês

 


Finalmente! Um importante contributo teórico marxista, baseado numa análise sustentada no princípio do materialismo dialéctico e do materialismo histórico.

A "ruptura" teórica quanto ao dinheiro e à moeda que aqui se propõe, já tinha sido iniciada pelo camarada Arnaldo Matos e pode ser prefigurada quer na sua palestra do 1º de Maio Vermelho de 2018, quer nas "Teses da Urgeiriça".

É hoje tarefa central dos defensores do materialismo dialéctico e do materialismo histórico, fazer perceber que nesta luta contra o capital, a burguesia e o imperialismo, há que retomar a matriz ideológica do marxismo, do internacionalismo proletário, e sacudir das costas do proletariado revolucionário e internacionalista, as amarras das influências pequeno-burguesas, reformistas e revisionistas, que o afundaram no marasmo das "frentes populares", da "unidade democrática e patriótica", da visão mirabolante da "teoria dos 3 mundos" e das "3 contradições", das mascaradas eleitorais burguesas que paralisam a luta proletária, comunista e internacionalista.

Este texto cumpre um dos objectivos traçados pelo camarada Arnaldo Matos e plasmado no texto aprovado por unanimidade e aclamação no I Congresso Extraordinário do Partido, o "Plano de Acção". Um plano todo ele orientado para a definição da estratégia do Marxismo - transformar a guerra imperialista em guerra civil revolucionária, pela destruição do modo de produção capitalista e imperialista e pela abolição de uma sociedade que assenta na exploração do homem pelo homem.

Este texto dá-nos um vislumbre do que espera o proletariado quando a sua Revolução, comunista e internacionalista, tiver lugar, e a que ferramentas e instrumentos teóricos,  ideológicos, políticos, económicos e organizativos deve lançar mão. E constitui uma “pedrada no charco” da confusão propositada que a pequena-burguesia oportunista e poltrona lançou no campo operário sobre a moeda e a sua natureza de classe.

Este texto, centrando-se no papel da moeda no contexto das relações de produção capitalista e do modo de produção capitalista, tem essa importância. E, como tal, deveria ser estudado intensamente. Porque, percebendo os mecanismos que estão subjacentes - de um ponto de vista da análise económica marxista - se entenderá melhor a importância que o saudoso camarada Arnaldo Matos deu, ao longo da sua vida e, sobretudo, na sua fase final, à importância do estudo e à clarificação de qual é a matriz ideológica pela qual se guia o movimento comunista e internacionalista mundial.

 

Luis Júdice

 

 


A Vossa tarefa é tomar o poder, será que ides hesitar?

(afirmação do camarada Arnaldo Matos no comício do Campo Pequeno a

18 de Julho de 1975)

Quem hesitou e hesita?

Hesitaram e hesitam porquê?

Que indicadores temos que nos possam esclarecer?

O primeiro e talvez o mais importante indicador será aquele que originou a subsequente abulia relativamente ao Euro e as orelhas moucas ao depois incisivo apelo do camarada Arnaldo Matos pelo “Novo Escudo”.

Como a ofuscação da luz na noite, que leva tanto insecto a juntar-se à sua volta e mesmo finar-se nela, a moeda universal desenha-se às massas populosas internacionais como comum bitola na mundial troca de procurados bens e serviços - tantas vezes nunca alcançados.

O Novo Escudo é a outra face da moeda, a da paridade com os recursos e a do controlo económico decorrente dessa soberania.

O que concluir deste levantar o véu dos tempos próximo passado e próximo futuro?

É que quer no Euro quer no Novo Escudo o nó górdio não estava nem está nem num nem noutro mas no que num e noutro é determinante: o carácter burguês da moeda indexada ao sobre-produto ou mais-valia ou o carácter operário da indexação da moeda ao produto que a contra-revolução burguesa tão desesperadamente combate frente ao movimento revolucionário do proletariado mundial.

A burguesia foi vitoriosa na sua grandiosa revolução porque dominou o que lhe foi capital para o desfecho da sua luta, vitória testada muitas vezes antes da vitória finalmente obtida.

Assim também para quem trabalha sob exclusão, humilhação e fome há que pesar as vitórias testadas ao longo da sua já longa História para obter finalmente a vitória há tanto desejada – e bem ao alcance se pela preclara e generosa acção humana.

moeda burguesa é o que alimenta fantoches assassinos como Netanyahu, Zelensky, Putin, Biden, Bush e quejandos oportunistas e tigres de papel a fazerem-se de tigres aos olhos das massas populosas por todo o mundo no desvario da bola de fogo da mais-valia tomada ora às ocultas ora à luz do sol no nosso pequeno planeta Terra.

A mais-valia é parte indispensável da propriedade burguesa e a propriedade burguesa é eliminação da propriedade mental, produtiva, geográfica e organizativa para as imensas massas vivas das pessoas oprimidas, roubadas, excluídas, humilhadas, manipuladas, ludibriadas, perseguidas, silenciadas, caluniadas,  assassinadas.

maior valor não reside propriamente na mais-valia ou sobre-produto, está sim no produto de que o sobre-produto ou mais-valia é simplesmente parasita.

hesitação vive do fabricado logro e da promovida ignorância da função económica que a moeda tem como se diferença alguma houvesse nela conforme o uso que lhe é dado por dentro das diferentes relações de produção e de distribuição que a legitimam.

Sabendo o que é que se quer da moeda deixa de haver razões para qualquer hesitação na assunção do poder indispensável à sua legitimação!

Ousar Lutar Ousar Vencer!

Viva quem elucide!

Viva quem trabalhe!

Viva quem produza!

Região Autónoma dos Açores, 18 de Julho de 2024,

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