domingo, 7 de julho de 2024

Sim, estamos numa democracia...

 


 Julho 7, 2024  ROBERT GIL 

Pesquisa realizada por Robert Gil

Que um Presidente, que deveria ser apenas "o representante do povo", possa permitir-se impor medidas ao referido povo, contra a sua opinião geral, é indicativo de uma democracia equivocada, para não dizer perdida. Do mesmo modo, o facto de ele poder decidir sozinho se vai para a guerra, mesmo que latente, contra um país que não nos atacou, sem consultar o povo por referendo, é estritamente anormal. Sarkozy aderiu à NATO por sua própria iniciativa e, em 2005, quando a maioria dos franceses votou "não" ao tratado europeu, os nossos deputados votaram "sim" no Parlamento, e a vontade popular caiu no esquecimento! Na nossa bela democracia, os líderes podem, portanto, sentar-se em referendos e na vontade popular, o que mostra que a cada cinco anos uma mascarada é organizada para fazer as pessoas acreditarem que estamos numa democracia... e que somos nós que decidimos, quando tudo já está decidido. Nenhum dos candidatos que se podem afirmar eleitos pode pôr em causa estes princípios, caso contrário não chegarão à segunda volta... É assim. Só se tem a ilusão da escolha, mas não se decide nada. Sem ser adivinho, posso prever o que o próximo, ou melhor, não fará, o próximo Presidente da República:

§  Não porá em causa o domínio dos nossos oligarcas sobre todas as alavancas da economia e das finanças.

§  Não permitirá a pluralidade de informações, todos os meios de comunicação permanecerão nas mãos desses mesmos oligarcas.

§  Ele não nos pedirá a nossa opinião sobre se queremos sair da NATO ou da UE.

§  E o nosso sistema económico será sempre o capitalismo.

A política é uma profissão, e as diferentes posturas são essencialmente farsas. Estas pessoas entram na política antes dos 25 anos e aos 80 ainda lá estão! É um jogo de tolos, não vale a pena ter convicções, basta aproveitar as oportunidades e fazer as coisas certas para as pessoas certas. Dizer o que realmente se pensa pode acabar com a carreira. É por isso que existe um consenso sobre a Ucrânia. É por isso que não devemos informar, mas sim afirmar e repetir vezes sem conta o que nos vendem como verdades absolutas. Os jornalistas tornaram-se animadores de feira.

A casta política finge que se ataca mutuamente e, alternadamente, culpa os que estão no poder, evitando derrubá-lo, e imita-os no funcionamento e na direcção assim que os substitui. Baseio-me nas várias moções de censura apresentadas contra o governo de Macron, todas elas falhadas porque, por sua vez, RN, LR... e LFI se recusaram a unir forças com os outros para isto ou aquilo; "não votamos com...", "divergimos demasiado em...", etc... Na realidade, trazer os políticos de volta perante os eleitores arriscava perder deputados, o que ninguém queria... Resultado: Macron está a governar o país com menos de 20% do eleitorado!

Penso que é mais do que tempo de mudar a política neste país e de ter "verdadeiros representantes do povo para o povo", eleitos e revogáveis, obrigados a prestar contas regularmente aos eleitores que devem representar, e não políticos de carreira sujeitos às suas ambições e às pressões dos lóbis e cuja principal função é assegurar a sua reeleição. Os representantes eleitos existem para nos servir e não o contrário!


Quem são os verdadeiros "representantes do povo para o povo"? Quantos assalariados ou estudantes existem nas diferentes assembleias? Ora, estas são as categorias mais numerosas da população francesa. Como é possível que sejamos representados por pessoas que não nos representam? Como é que é possível ter um primeiro-ministro que nunca trabalhou um dia na sua vida? Os políticos não pertencem ao povo, não sabem como o povo vive, estão completamente alheios aos problemas quotidianos que os cidadãos enfrentam todos os dias... mas infelizmente isso não vai mudar, a grande maioria da população está perfeitamente domesticada. Tornámo-nos como um rebanho de ovelhas que muda de pastor de cinco em cinco anos! Em todo o caso, é verdade que, para viver serenamente numa sociedade de ovelhas, é preferível sermos nós próprios uma ovelha... 

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Fonte: Oui, nous sommes en démocratie… – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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