24 de Julho de 2024 Robert Bibeau
Por Andrew Korybko Ao renunciar à soberania sobre a formulação de políticas militares, que
alguns membros da UE orgulhosamente protegeram até agora, todos os outros
aspectos da federalização rapidamente se instalariam pouco depois e
consolidariam a hegemonia alemã sobre a Europa sob tutela americana. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der
Leyen, acaba de
anunciar que "chegou o momento de construir uma verdadeira união de
defesa", o que, segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov,
representa uma mudança acentuada nas prioridades que se sobreporá aos
interesses da NATO. A planeada
transformação da UE numa união militar está a ser vendida ao público como
resposta ao prolongado conflito ucraniano, mas na verdade é um jogo de
poder federalista concebido para consolidar para sempre a hegemonia alemã
sobre o bloco europeu tutelado pelos EUA. Há anos que este país procura
federalizar a UE e, apesar de alguns êxitos notáveis em conseguir que os
Estados-Membros cedam partes significativas da sua soberania a Bruxelas, tal
não produziu até agora os resultados desejados. Este plano poderá também
tornar-se mais difícil de implementar, uma vez que surgiram dois novos grupos
no Parlamento Europeu desde as últimas eleições: a "Europa das Nações
Soberanas", liderada pela AfD, e os "Patriotas pela Europa",
liderados pela Hungria, que se opõem ferozmente à federalização. A única forma possível de fazer avançar esta agenda
face a uma oposição tão crescente é redobrar esforços para assustar a Rússia,
na esperança de que as elites liberais-globalistas no poder nos
Estados-membros aceitem federalizar-se a pretexto de se
defenderem de uma alegada invasão iminente.
Isto não é dito directamente, mas o subtexto é que não se pode confiar no
líder americano da NATO para defender os seus aliados neste caso, apesar de
reafirmar repetidamente o seu compromisso com as obrigações de defesa mútua
do Artigo 5º. Os receios acima mencionados não podem ser expressos
em voz alta, uma vez que a expressão anterior dessas preocupações já foi
denegrida pela grande media como a chamada "propaganda russa", mas
eles podem tornar-se mais fortemente implícitos no período que antecede as próximas
eleições presidenciais nos Estados Unidos. O plano de Trump para a NATO,
sobre o qual os leitores podem ler mais em detalhe aqui,
prevê forçar os membros a aumentarem os seus gastos com a defesa e a
assumirem mais responsabilidade pelos seus interesses imediatos de segurança
face à Rússia. A análise hiper-relacionada acima argumenta que ela
já está parcialmente implementada pelo governo Biden, como evidenciado
pelo conceito alemão de "Fortaleza Europa",
que equivale a tornar-se a potência militar do continente com o total apoio dos
Estados Unidos, a fim de facilitar o "pivot (retorno) da América à
Ásia". O "Schengen militar"
no final de Janeiro, a "linha de defesa da
UE" do mês passado e o acordo deste mês para assumir alguma responsabilidade
pela segurança das fronteiras da Polónia são os desenvolvimentos mais
significativos até agora. O próximo passo é consolidar os
ganhos estratégicos militares da Alemanha nos últimos seis meses através do
apelo de von der Leyen por uma união militar, que veria Bruxelas, controlada
pela Alemanha, organizar as necessidades militares-industriais do bloco nos
seus 27 membros, aproximando-os da federalização de facto. Ao renunciar à
soberania sobre a formulação de políticas militares, que alguns deles
orgulhosamente protegeram até agora, todos os outros aspectos da
federalização rapidamente se instalariam pouco tempo depois. É por isso que cabe aos dois novos
grupos conservadores-nacionalistas no Parlamento Europeu fazer tudo o que for
possível neste órgão e nos países de origem dos seus membros para impedir que
as suas elites liberal-globalistas no poder aceitem os planos de Von der
Leyen para a unidade militar. O futuro dos seus países está em jogo e ou
conservam alguma da sua soberania, por mais imperfeita e parcial que seja
neste momento, ou perdem tudo e acabam por ser um Estado indescritível numa
federação europeia liderada pela Alemanha. Este
artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice |
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