por Alfredo
Jalife-Rahme.
A recepção do Primeiro-Ministro israelita Benjamin Netanyahu numa sessão
conjunta do Congresso americano não é apenas uma operação contra o Presidente
Joe Biden; é também um apoio à maioria parlamentar israelita na continuação do
massacre em Gaza. Além disso, tendo em conta a insistência de Netanyahu em
entrar em guerra contra o Hezbollah, envolvendo o Irão e envolvendo os Estados
Unidos, este será mais um passo na sua estratégia de atomização da Pérsia.
Já em 2015, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, se tinha imposto ao Congresso contra o conselho do então Presidente Barack Obama. Colocara os secretários da sua embaixada nos corredores da sala para assinalar os parlamentares que não o aplaudiam e que, por isso, não podiam contar com a sua ajuda interessada para a sua reeleição.
Depois do fracasso de Joe Biden no seu desastroso debate contra Donald
Trump, e em antecipação à segunda volta das eleições no Irão, a controversa
presença do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, a 24 de Julho, no Congresso
dos EUA desencadeou uma onda de comentários intensos, que, especialmente de
grupos de compatriotas dentro e fora de Israel, apontam para a predisposição do
primeiro-ministro a favor de Trump, enquanto grupos pró-Biden/Democratas fustigam
a sua presença indesejada. A eleição americana está nas mãos de Netanyahu e da
AIPAC, o poderoso lobby EUA-Israel?
O Comité Sionista-Americano de Assuntos Públicos (AZCPA) infiltrou-se na
AIPAC, o grupo de lobby que exerce forte influência sobre os poderes executivo
e legislativo dos Estados Unidos. É considerado o grupo de pressão mais
poderoso da infinidade de organizações pró-Israel nos Estados Unidos. A AIPAC
orgulha-se de representar "mais de 3 milhões (sic) de americanos
pró-Israel em todos os distritos do Congresso para reforçar o apoio bi-partidário
na relação dos EUA com Israel". O comité auto-avalia-se como o "maior
lobby pró-Israel", o que oferece mais recursos (sic) directamente aos
candidatos: 98% dos candidatos que apoia venceram as eleições gerais em 2022!
O seu enorme
rendimento, sem incluir doações dedutíveis de impostos financeiros khazars
Wall Street, totalizou 473,5 milhões de dólares em 2022. O portal israelitae Forward informou
que, a partir de 7 de Outubro, data emblemática do ataque do Hamas a Israel, a
AIPAC arrecadou 90 milhões de dólares, "grande parte dos quais está
prevista até o momento para as eleições de 2024 [1]". O jornal
anti-Netanyahu Haaretz explica o poder da AIPAC nos Estados
Unidos, cujo "grupo colector terá um papel decisivo nas eleições de 2024". Não se deve subestimar a omnipotência
decisiva da AIPAC que, além de fornecer lubrificante a uma série de
legisladores americanos, acaba de infligir uma dolorosa derrota no seu feudo de
Nova York ao deputado Jamaal Bowman, membro do grupo progressista e
pró-palestino Squad, liderado pela jovem Alexandria Ocasio-Cortez [3], graças às maciças
doações sionistas daqueles que agora procuram outros chefes eleitorais para
decapitar [4] .
O portal jacobino afirma
que a derrota de Bowman para a AIPAC paradoxalmente mascara "a sua
fraqueza" [5]. Até o Financial
Times comenta a implementação dos planos de guerra do
primeiro-ministro Netanyahu na sua entrevista autista no Canal 14, junto dos
fanáticos do gabinete Ben Gvir e Smotrich, para um "Verão de conflito". A Rede Voltaire,
em França, já explicou [7] que os Estadunidenses-israelitas
com dupla nacionalidade condenam a próxima visita de Netanyahu a Washington. O
Grupo UnXeptable da Califórnia lançou uma campanha contra a presença de
Netanyahu no Congresso a 24 de Julho; na minha opinião, isso será decisivo para
a planeada invasão do Líbano.
Segundo a Rede
Voltaire. [8], uma série de
personalidades israelitas também condenou a visita anunciada no New
York Times: David Harel, presidente da Academia Israelita de Ciências;
Tamir Pardo, ex-chefe do Mossad de Israel; Ehud Barak, ex-primeiro-ministro de
Israel; Aaron Ciechanoveret, Prémio Nobel da Química; ou o romancista e
ensaísta David Grossman, etc. Antes do desastre de Biden, a Casa Branca não
escondia os seus temores sobre a presença de Netanyahu no Congresso:
"ninguém sabe o que ele dirá" [9]. John
Mearsheimer, professor da Universidade de Chicago, falou do poder inconcebível
do lobby de Israel nos Estados
Unidos, que se tornou, na minha opinião, um Estado dentro do Estado.
Tradução
Maria Poumier
Fonte:
La Jornada (México)
O maior jornal diário em língua espanhola do mundo.
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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