Por Khider Mesloub.
Como se previa, desde
o anúncio da dissolução surpresa da Assembleia Nacional, a França caminhava
para a formação de um governo de União
Nacional, parasitário, colaborativo, de bricabraque, mas sobretudo de
dinheiro e de falsificação. Um governo
colorido, montado pelo caçador furtivo Macron, esse barão da sedução política,
especialista em aliciamento eleitoral.
Um governo com um programa económico e social de fronteira, aleatório, elaborado pelo círculo político à pressa e ao sabor do momento.
Um governo bonapartista, dirigido pelo antigo banqueiro Rothschild, que preside aos destinos de uma França sem dinheiro, desindustrializada e sobreendividada. Um governo que, no entanto, é militarista e belicista, ligado à belicosa NATO.
Assim, Macron, esse djinn da governação, terá conseguido o seu golpe de génio. Não para dividir os franceses, para colocar a população contra ele, como martelam os ingénuos observadores colaboradores (jornalistas e políticos), mas para organizar, no espaço de alguns dias, um referendo de apoio ao seu regime bonapartista e para relegitimar os vários partidos republicanos burgueses (esquerda e direita), que em breve serão triunfalmente entronizados em Matignon... com excepções (LFI e RN) que servem para dar credibilidade a esta "refundação" da instável República burguesa.
Para lembrar, na tradição islâmica e no imaginário muçulmano, os génios (djinns) podem ver e ouvir o que os humanos estão a fazer, e alguns têm a capacidade de influenciar a acção humana, incitando discretamente homens e mulheres a fazer escolhas que não são do seu interesse. Esta definição aplica-se perfeitamente ao Djinn Macron, cujo poder de controlo da sociedade e de condicionamento das mentes é extraordinário.
Acima de tudo, Macron terá conseguido restaurar a reputação da farsa eleitoral burguesa. Três em cada cinco eleitores terão apoiado a democracia burguesa, outrora declarada "acéfala", com a sua participação maciça na primeira volta das eleições legislativas. É preciso dizer que, tal como na altura da crise do COVID, a burguesia está a mostrar uma frente unida para defender a pátria capitalista em perigo perante as ameaças de insurreição popular.
Todos os partidos, da extrema-direita à extrema-esquerda, passando pelo centro, electrocutados pela dissolução da Assembleia Nacional, ter-se-ão mobilizado em uníssono para disputar os votos dos eleitores "electrificados" pelo "electrochoque" recebido pela eleição da corrente política alternativa, o estrondoso Rassemblement national, a farsa que pulverizou o seu recorde eleitoral. Macron, o grande capital francês, os meios de comunicação social a seu soldo e os partidos eleitorais burgueses, sem qualquer consideração pelas necessidades da população empobrecida, impõem o tema da "barragem" como objectivo do exercício eleitoral, fútil para nós, trabalhadores, mas útil para os políticos, a fim de estabelecer o novo equilíbrio de poder...
Todos estes partidos políticos burgueses de esquerda e/ou de direita terão assim participado no referendo presidencial. Todos estes partidos terão mobilizado as suas tropas de caça ao voto para conduzir o "jogo eleitoral" de volta às urnas, para oferecer ao general-chefe dos exércitos franceses, o Presidente Macron, legitimidade para desencadear a sua guerra contra a Rússia e o bloco asiático a partir de agora, sem encontrar qualquer oposição política. Estabelecer a sua economia de guerra. Continuar a militarização da produção e da sociedade francesas... os verdadeiros objectivos desta charada eleitoral.
Contrariamente ao que todos os bufões e capitulacionistas desnorteados e
perturbados pela dissolução da Assembleia Nacional balbuciaram em jeito de
análise durante as últimas três semanas, Macron não terá desprezado a
democracia burguesa, quando ele, tal como os seus antecessores, sempre
desprezou a democracia popular.
Pelo contrário, este acrobata da governação terá sido capaz de a regenerar,
de lhe devolver as suas cartas de nobreza. Trouxe de volta os eleitores que há
muito estavam afastados dela. Repovoando-a de eleitores vilipendiados por
campanhas eleitorais extravagantes, enfeitiçantes e enganadoras.
A prova. O "bloco central" de Macron, o partido Ensemble, passou de 5.887.376 votos em
Junho de 2022 para 6.425.525 em Junho de 2024. O "bloco de esquerda",
por sua vez, passou de 5.836.079 votos para o NUPES em 2022 para 8.974.463
votos para o Nouveau Front Populaire (NFP) em 2024. O "bloco de
direita" da RN mais do que duplicou, passando de 4 248 537 votos em 2022
para 9 377 109 votos em 2024... E, no entanto, nenhum destes blocos eleitorais
apresenta soluções para os verdadeiros problemas dos franceses.
No final, para além da mentira de que o povo francês é maciçamente
favorável ao regime bonapartista, Macron terá obtido o apoio de todos os
partidos do governo para o programa de guerra e de economia de guerra.
Esta mobilização política será em breve
oficialmente registada pela formação de um futuro governo anti-popular de unidade
nacional, pronto a continuar a guerra social contra os trabalhadores e a travar
guerras imperialistas contra os países do bloco asiático, especialmente contra
a Rússia.
Khider MESLOUB
Fonte: Le Djinn de l’Élysée a réussi son coup de « génie » – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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