9 de Julho
de 2024 Robert Bibeau
Não perca o relato do encontro entre Orban e Putin
por Bruno Bertez
"Podemos ver que Kiev não está pronta para desistir de travar a guerra até ao fim 'vitorioso'", disse o presidente russo Vladimir Putin numa declaração à imprensa após as conversações com o primeiro-ministro húngaro Viktor Orban.
"Da forma como vemos a situação,
incluindo o que o primeiro-ministro disse hoje, Kiev ainda não está pronta para
desistir de travar a guerra até ao fim 'vitorioso'", disse o
presidente aos jornalistas.
Putin acrescentou que a implementação das iniciativas de paz russas permitiria a cessação das hostilidades e o início do processo de negociação.
"A Ucrânia não apoia a ideia de um cessar-fogo, porque isso removeria o pretexto para alargar a lei marcial", sublinhou Putin.
"As nossas iniciativas de paz [da Rússia] foram apresentadas recentemente na minha reunião com os dirigentes do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa. Acreditamos que a sua implementação permitiria o fim das hostilidades e o início das negociações", salientou.
A Rússia é a favor do fim total do conflito na Ucrânia e não de um cessar-fogo ou de uma pausa que permita ao regime de Kiev rearmar-se, sublinhou Putin.
"Não deve ser simplesmente uma trégua temporária ou um cessar-fogo, ou algum tipo de pausa que o regime de Kiev possa usar para recuperar as suas perdas, reagrupar-se e rearmar-se. A Rússia é a favor de um fim total e definitivo do conflito", declarou.
Segundo Putin, Kiev está a rejeitar propostas para um cessar-fogo porque isso não lhe daria qualquer desculpa para prolongar a lei marcial. Na ausência da lei marcial, a Ucrânia teria de realizar eleições presidenciais e os actuais dirigentes teriam poucas hipóteses de serem reeleitos.
“Se a Ucrânia acabar com a lei marcial, terá de realizar eleições presidenciais", sublinhou Putin.
“As hipóteses de vitória das actuais autoridades ucranianas são quase nulas, segundo o Presidente russo".
O Presidente russo afirmou que discutiu as possíveis formas de resolver o conflito ucraniano com o Primeiro-Ministro Orban, que lhe contou os pormenores da sua recente visita a Kiev.
"Houve uma troca de pontos de vista bastante directa e aprofundada sobre questões internacionais relevantes, incluindo o conflito ucraniano, e discutimos possíveis formas de o resolver... O Primeiro-Ministro falou sobre as suas recentes reuniões em Kiev, onde fez uma série de propostas e, em particular, um apelo a um cessar-fogo para criar condições para o início das negociações com a Rússia", disse Putin no briefing.
"A Rússia regista a relutância da Ucrânia em resolver os seus problemas através de negociações", acrescentou o Presidente russo.
"Os patrocinadores da Ucrânia continuam a tentar utilizar este país e o seu povo como um 'aríete', transformando-o numa vítima do confronto com a Rússia", afirmou Putin.
Viktor Orban afirmou ter falado com Putin numa altura em que a Europa precisava de paz.
Orban: Hungria vai cooperar com a Rússia e a Ucrânia
Na mesma conferência de imprensa, Viktor Orban disse que continuaria a
trabalhar com a Rússia e a Ucrânia para alcançar a paz, acrescentando que as
suas posições estavam demasiado distantes neste momento.
«Eu estive em Kiev, agora estou em
Moscovo. Vi, por experiência, que as posições [dos dois lados] estão muito
distantes. Há muitos passos a dar para nos aproximarmos do fim da guerra. Mas
demos o passo mais importante: estabelecemos contactos e vou continuar a
trabalhar nesse sentido", disse após o
encontro com Vladimir Putin, acrescentando que a conversa foi aberta e honesta.
Orban disse ainda que
se reuniu com Putin numa altura em que "a Europa precisa de paz".
«A paz não virá por si só, temos de
trabalhar para a obter. Acabei de discutir hoje com Putin os meios para
alcançar a paz. Eu queria saber qual é o caminho mais curto para acabar com a
guerra. Queria ouvir e ouvi as opiniões do Presidente sobre três questões
importantes: o que pensa sobre as iniciativas de paz actualmente em vigor, o
que pensa também sobre o cessar-fogo e as negociações de paz, pela ordem em que
podem ser conduzidas... E a terceira coisa que me interessou foi a visão da
Europa depois da guerra", observou
Orban. O conflito na Ucrânia começou a "ter um impacto" na economia europeia, acrescentou o
primeiro-ministro húngaro.
Principais declarações de Putin e Orban
após as conversações em Moscovo
Putin:
• A Ucrânia não permite
a ideia de um cessar-fogo porque eliminaria o pretexto para prolongar a lei
marcial.
• Se a Ucrânia acabar
com a lei marcial, terá de realizar eleições presidenciais. As chances das actuais
autoridades ucranianas são próximas de zero.
A Rússia e a
Hungria prosseguem a sua cooperação, especialmente no domínio da energia
«A Rússia e a Hungria continuam a sua
cooperação em várias áreas, principalmente no sector energético", acrescentou Putin.
Os dois países também continuam a cooperar nas áreas da medicina e dos
produtos farmacêuticos, acrescentou.
O presidente
acrescentou que os trabalhos conjuntos sobre a central nuclear de PaksII, na
Hungria, estão a progredir. "Apenas soluções avançadas de engenharia e tecnologia
são utilizadas na construção das novas unidades, e os requisitos de segurança
física e ambientais estão totalmente garantidos", observou,
comentando o andamento da construção.
No final de 2014, a Rússia e a Hungria assinaram um acordo para a
construção de dois reactores avançados adicionais na central nuclear PAKS. A
Rosatom disse que a construção deve começar entre o final de 2024 e o início de
2025.
Possível
arquitectura de segurança europeia debatida nas conversações
O presidente Putin
disse que discutiu com Orban uma possível arquitectura de segurança na Europa.
"Também
conversamos sobre possíveis princípios para o futuro - e também sobre uma
possível arquitectura de segurança na Europa", disse Putin no briefing.
Os dois líderes também
trocaram opiniões sobre o estado das relações entre a Rússia e a União
Europeia, "que
estão actualmente no seu ponto mais baixo", acrescentou o Presidente russo.
Moscovo aprecia a visita de Orban e vê-a como uma tentativa de restabelecer
o diálogo entre a Rússia e a UE e dar-lhe um impulso adicional, disse Putin.
fonte: Bruno Bertez
Conferência de imprensa Vladimir Putin – Viktor Orban
Declaração de
Vladimir Putin na conferência de imprensa em Moscovo
Fonte: https://reseauinternational.net/conference-de-presse-vladimir-poutine-viktor-orban/
Vladimir Putin:
• Como em muitas reuniões
anteriores, tivemos uma conversa franca e muito útil.
• Tanto em aspectos de interacção
bilateral como em questões prementes da agenda internacional e regional,
incluindo a situação em torno da Ucrânia.
• Gostaria de salientar que a Rússia
e a Hungria prosseguem a sua cooperação numa série de domínios, principalmente
no sector da energia.
• Os princípios fundamentais são o
pragmatismo sólido e o benefício mútuo. Prosseguem os trabalhos relativos a um
projecto conjunto de expansão da central nuclear.
O comissionamento da quinta e sexta unidades mais do que duplicará a
capacidade desta estação.
• Tal melhorará o aprovisionamento
energético da economia húngara e o fornecimento de energia barata às empresas
industriais e aos agregados familiares.
• Ao construir novos blocos, apenas
soluções avançadas de engenharia e tecnologia são usadas.
• Os requisitos de segurança física
e ambiental estão plenamente garantidos.
• Continuamos a manter relações e
interacções no campo da medicina e da indústria farmacêutica.
• Apoiamos a prossecução dos
trabalhos nas áreas prioritárias de cooperação.
• Procedeu-se a uma troca de pontos
de vista bastante aprofundada, honesta e directa sobre questões internacionais
actuais.
• Incluindo o conflito ucraniano.
Debatemos também possíveis formas de abordar esta questão. O Primeiro-Ministro
falou sobre os seus recentes encontros em Kiev.
• Em que apresentou uma série de
propostas e, em particular, um apelo a um cessar-fogo a fim de criar as
condições para o início das negociações com a Rússia.
• Quanto à Rússia, sempre estivemos
e continuamos abertos a discutir uma solução política e diplomática.
No entanto, por outro lado, ouvimos falar de relutância em resolver o
problema exactamente desta forma.
• Os patrocinadores da Ucrânia
continuam a tentar usar este país e o seu povo como um aríete.
• Usam-na como vítima do confronto
com a Rússia.
Na nossa opinião, dado o estado das coisas, tendo em conta o que ouvimos
hoje, Kiev ainda não está pronta para desistir da ideia de travar uma guerra
até um fim vitorioso.
O regime de Kiev também não aceita a própria ideia de uma cessação das
hostilidades, porque, neste caso, o pretexto para prolongar a lei marcial
desaparece.
E se a lei marcial for levantada, isso significa que teremos de realizar
eleições, que nunca tiveram lugar a tempo, e eleições presidenciais, que nunca
tiveram lugar a tempo.
Mas as chances de ganhá-los para os líderes ucranianos que perderam a sua
classificação e legitimidade são próximas de zero.
• As nossas iniciativas de paz foram
descritas mais recentemente durante a minha reunião com os líderes do
Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa.
• A sua aplicação permitiria pôr
termo às hostilidades e encetar negociações. Além disso, não deve ser
simplesmente uma trégua ou uma suspensão temporária dos disparos.
Não se trata de uma pausa que o regime de Kiev possa usar para recuperar as
suas perdas, reagrupar-se e rearmar-se.
• A Rússia representa o fim
definitivo do conflito.
As condições para tal, como já referi, foram definidas na minha intervenção
no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Estamos a falar da retirada total de todas as tropas ucranianas das
Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, das regiões de Zaporozhye e Kherson.
• Existem outras condições, mas tudo
isto será analisado em profundidade no decurso de qualquer trabalho conjunto.
• O Sr. Orban e eu trocámos opiniões
sobre a situação das relações entre a Rússia e a União Europeia, que se
encontram actualmente no nível mais baixo de sempre.
• Também discutimos possíveis
princípios para uma possível futura arquitectura de segurança na Europa. De um
modo geral, as negociações foram muito oportunas e úteis para ambas as partes.
• Naturalmente, o Primeiro-Ministro
apresentou o ponto de vista ocidental geralmente familiar. Inclusive do ponto
de vista dos interesses da Ucrânia.
No entanto, estamos gratos ao Primeiro-Ministro pela sua visita a Moscovo.
Consideramos que se trata de uma tentativa de restabelecer o diálogo e de
lhe dar um impulso adicional.
por Michelsvrin
Viktor Orban depois de Kiev e Moscovo chegou a Pequim
por Pravda
Viktor Orbán, depois
de Kiev e Moscovo, chegou
a Pequim. Antes disso, o ministro húngaro das Relações Exteriores,
Peter Sijartó, aconselhou
os políticos europeus: "apertem o cinto de segurança" e acompanhem de
perto a "missão
de paz" de Orban.
Políticos ocidentais duvidam do papel da Hungria como presidente da UE. Os
peritos acreditam que Budapeste pode desempenhar um papel construtivo na
resolução do conflito na Ucrânia, apesar de esta política complicar as suas
relações com Bruxelas.
fonte: Pravda
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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