sábado, 20 de julho de 2024

Macron distrai os franceses: depois dos circos eleitorais, chega o circo olímpico

 


 Julho 20, 2024  Robert Bibeau 


Por Khider Mesloub.

Em França, depois dos circos eleitorais, organizados num clima de ausência de espírito de colaboração e de negação da democracia (uma vez que o partido que se esperava que ganhasse acabou por ficar em último lugar e o último partido - falido - foi empurrado para o primeiro lugar), vêm agora os circos desportivos olímpicos, que se desenrolam num clima de crise económica e institucional.

Depois das difíceis eleições europeias e legislativas, em que vários milhões de maratonistas franceses acorreram às urnas para votar nos seus campeões políticos que concorrem a um lugar no Parlamento, a França prepara-se para inaugurar os Jogos Olímpicos, a 26 de Julho.

A França tornou-se assim campeã na organização de jogos eleitorais e olímpicos. Para distrair a sua população empobrecida (e desprezada pelo seu presidente-rei) e desviar a sua raiva, a classe dirigente francesa organiza circos legislativos e desportivos.

No tempo do Império Romano, para apaziguar a ira dos plebeus e garantir o seu apoio, os Césares distribuíam-lhes pão e recompensavam-nos com jogos de circo (Panem et circense). Hoje, a senil burguesia francesa oferece muitos jogos eleitorais e desportivos, mas sem o pão (o prémio).

Em todo o caso, estes Jogos Olímpicos vão custar muito dinheiro ao Estado, ou seja, ao contribuinte francês. Mas trarão enormes lucros para o capital privado.

Os Jogos Olímpicos sempre foram um desastre financeiro para os países anfitriões. De acordo com várias fontes, o custo estimado para o Estado da organização dos Jogos Olímpicos de 2024 é de quase 9 mil milhões de euros. Os lucros privados deverão ser da ordem dos 11 mil milhões de euros.

Por outro lado, quando se trata da competição por violações dos direitos profissionais e humanos, se a França merece uma medalha, é na disciplina da corrida da política anti-social. Como acaba de provar com os preparativos para os Jogos Olímpicos de 2024, durante os quais bateu todos os recordes de demolição da vida dos trabalhadores e de violação dos direitos dos imigrantes sem documentos, dos estudantes, dos sem-abrigo e dos pobres sem casa.

No que diz respeito às violações das regras profissionais, a França tem-se destacado pelo elevado número de mortos no trabalho, nos estaleiros de construção; pelo recurso abusivo à sub-contratação, muitas vezes por empresas que empregam trabalhadores sem documentos como mão de obra hiper-precária. Mas, sobretudo, pela utilização de mão de obra gratuita. Com efeito, o Estado francês, provando o seu carácter anti-social, vai recorrer a milhares de voluntários para trabalharem gratuitamente durante este período. Assim, em vez de criar postos de trabalho, este acontecimento contribuirá para uma maior demolição do direito do trabalho. Na verdade, a França capitalista está simplesmente a respeitar as tradições da Grécia antiga. A Grécia dos Jogos Olímpicos foi fundada sobre a escravatura.

No domínio das “violações dos direitos humanos”, a França está há meses a transgredir, nomeadamente com a caça aos sem-abrigo, a expulsão dos imigrantes clandestinos da região parisiense, que são deportados à força para outras cidades, e a destruição dos acampamentos ciganos.

Os estudantes, que já se encontram numa situação precária, estão no mesmo barco que os sem-abrigo, uma vez que os seus alojamentos foram requisitados para serem alugados aos visitantes e participantes nos Jogos Olímpicos. Agora, dormem sob as estrelas ou em hotéis de preços proibitivos.

Os preços dos quartos de hotel e do aluguer de alojamento, bem como dos serviços e produtos turísticos, dispararam na capital. Hotéis, restaurantes, alojamento turístico, transportes públicos, todos estes sectores viram os seus preços disparar.

Os preços dos bilhetes, da comida, da bebida e de tudo o que está relacionado com os Jogos Olímpicos são escandalosos, mesmo para uma capital tão cara como Paris.

Outra violação dos “direitos humanos” é o facto de estes Jogos Olímpicos serem marcados por um reforço da segurança, da repressão e da vigilância policial nos bairros da região parisiense. Com detenções domiciliárias, penas de prisão e um dispositivo policial maciço, estão a ser utilizados todos os meios para reprimir e isolar os bairros da Ilha de França.

Para não falar do facto de que centenas de milhares de parisienses serão controlados por QR Code. Sob o pretexto de querer “garantir a segurança de todos”, o Estado policial francês vai pôr em prática um verdadeiro sistema generalizado de controlos que deverá afectar cerca de um milhão de pessoas durante os Jogos. Na realidade, trata-se da continuação da experiência levada a cabo durante a epidemia de Covid, no âmbito do ensaio geral da guerra imperialista em preparação.

Assim, mais de 30.000 polícias serão mobilizados diariamente, para além dos 22.000 seguranças privados e dos 20.000 militares destacados durante todo o evento.

Os Jogos Olímpicos são o reflexo da classe dirigente francesa que os organiza: desprezíveis.

Uma coisa é certa: os Jogos Olímpicos não são, de modo algum, uma pausa na ascensão do nacionalismo e da guerra mundial.

Khider MESLOUB


Fonte: Macron distrait les Français: après les cirques électoraux voici le cirque olympique – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice






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