segunda-feira, 5 de setembro de 2022

A planta amarga de Chernobyl

 


 5 de Setembro de 2022  Olivier Cabanel  

OLIVIER CABANEL — Em 26 de Abril de 1986, às 1:23:44 da manhã, na sequência de um erro humano, o reactor 4 da central de Chernobil explodiu, libertando a morte radioactiva no ar há 22 anos.


Apesar das negações tranquilizantes do governo, a radioactividade atravessou a nossa fronteira.

Muito depois da catástrofe, soube-se que o pessoal das centrais nucleares francesas estava ciente da catástrofe: todos os alarmes das centrais nucleares destinadas a medir a radioactividade do ar tinham sido desencadeados. Os empregados telefonaram aos seus entes queridos para os avisar do perigo.

Nós, cidadãos comuns, não tivemos tanta sorte.

Na Ucrânia, a palavra Chernobyl refere-se a absinto, uma planta amarga.

Este absinto é o terceiro dos sete sinais precursores do Apocalipse.

Na verdade, na Bíblia (Apocalipse, Capítulo 8, versículo 10), há menção de um meteorito, chamado Absinto, e na sua queda "uma grande estrela ardente caiu do céu como uma tocha, e caiu sobre os terços dos rios e sobre as fontes das águas (...) muitos homens morreram pelas águas, porque se tinham tornado amargos.

Longos anos depois, o número de mortos continua a aumentar:

Apesar das alegações da AIEA e da OMS de reduzir a extensão dos danos, sabe-se desde 2004, graças à embaixada ucraniana, que 25.000 pessoas morreram e que 85% das crianças na Bielorrússia estão doentes.

A OMS quer ser tranquilizadora e não quer ver qualquer relação entre os alimentos contaminados pela radioactividade e estas crianças doentes.

Sem o sacrifício dos "liquidatários" uma segunda explosão, cinquenta vezes mais mortal que a de Hiroshima, poderia ter ocorrido.

Numa altura em que o RPE, o novo reactor francês, está a tentar estabelecer-se no nosso solo, apesar do diferendo, podemos dizer que a energia nuclear francesa é inevitável?

Para a autoridade de segurança nuclear (ASN), que encomendou um parecer de peritos sobre este assunto, a resposta é não.

Segundo Patrick Gourmelon, director de protecção contra radiações humanas no IRSN: "o mundo médico não está pronto" se ocorrer um acidente em França.

Um despacho da AFP (5/9/2000) diz-nos que os sistemas de protecção franceses há muito não são adequados para o risco de incêndio.

A EDF terá alegadamente comprometido 2,8 mil milhões de francos para lançar um programa de reavaliação da segurança contra incêndios.

A ASN realiza inspecções não anunciadas de tempos a tempos e a de 2 de Julho de 2004 na central nuclear de Tricastin conclui:

"Este exercício destacou a falta de prática dos agentes, nomeadamente para lidar com um incêndio que se alastre, os erros cometidos pela equipa de primeira resposta e a falta de prevenção de meios pesados de apoio. Assim, o ataque do fogo por meios eficazes teria demorado 37 minutos. Este atraso, demasiado tempo, torna ilusório extinguir um incêndio bem desenvolvido."

Em 3 de Março de 2005, outro exercício surpresa na estação de produção de Bugey descobriu que não havia água para extinguir o fogo.

Se acrescentarmos a isto o risco sísmico que as nossas centrais elétricas não poderiam suportar, e o de ataque deliberado ou queda de avião para a qual não temos nenhuma defesa, vemos que a nossa energia nuclear francesa não é imune a um grave acidente.

O engraçado é que a França quer construir o seu primeiro reactor de fusão nuclear experimental, no sítio de Cadarache, que está localizado numa falha sísmica.

Procura o erro.

Pois como um velho amigo africano disse:

"Quem pede para que se repita não é necessariamente surdo."

 

Fonte: L’herbe amère de Tchernobyl – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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