4 de Setembro de 2022 Robert Bibeau
Tradução – comentários –
Este Verão, o discurso que visa fazer-nos aceitar o
que já está em curso multiplicar-se-á no Outono nos meios de comunicação
burgueses: face
à inflação, ao "perigo" do aumento dos salários (sic); face ao agravamento da pobreza, à
censura de ter vivido "para além das nossas possibilidades"... e os
do capital (resic); face ao desconforto devido às condições de trabalho, à
normalização do tempo automatizado; e perante a desconfiança do militarismo, o suposto "preço da
liberdade" que devíamos começar a pagar... ao capital...
pagar com o nosso próprio dinheiro, em perda de poder de compra por agora... para
depois pagar com o nosso sangue quando a guerra se tornar mundializada... https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2022/09/a-brincar-com-o-fogo-na-ucrania-os.html
O "PERIGO" DE AUMENTAR OS SALÁRIOS
Isto provocou um burburinho durante todo o Verão nos meios de comunicação social: o aumento dos salários acima da inflacção foi a causa do nazismo. Desde o Wall Street Journal e as suas republicações nos meios de comunicação social de todo o mundo até mesmo ao vice-presidente da Comissão Europeia, Josep Borrell, contaram-nos de todas as formas possíveis.
Historicamente, isto
é simplesmente
insustentável, se não ridículo, claro. Mas a realidade nunca lhes
estraga uma história útil. Por isso, repetiram-na com a mesma tenacidade e
banalidade com que afirmaram que o ar condicionado é mau para a saúde,
enquanto, segundo a OMS, só entre Espanha e Portugal e só
por causa da vaga de calor de Julho, morreram mais de 1.700.
VIVEMOS ACIMA DA CAPACIDADE DOS LUCROS... DO CAPITAL (sic)
Distribuição de alimentos para os pobres
nos bairros
Todas as colunas do
jornal valeram a pena para nos dizer para aceitar o novo empobrecimento em
curso. Tampouco foi necessário que qualquer um dos ideólogos “se chicoteasse”
com sofisticação ou falta de cinismo.
Mesmo nas notícias de tecnologia, eles descobriram que as massas de capital destinadas a construir monopólios através do dumping (apoiando a livre utilização de certos serviços online para evitar ou excluir a concorrência) tinham sido "subsídios" para esses jovens millennials que, segundo eles, viviam a história através de aplicações gratuitas!!
Mas quando Agosto chegou, o resultado previsível da moderação salarial altamente fascista foi o surgimento acelerado de um fosso de rendimentos crescente entre os trabalhadores aprisionados pela inflacção e a pequena burguesia corporativa.
Logo ficou claro que a divisão não se limitaria à Grã-Bretanha e ao sul da Europa. Os Países Baixos viram a pobreza aumentar enquanto o poder de compra dos trabalhadores diminuiu. E na Alemanha, foi finalmente aprovada uma sobretaxa sobre o consumo de gás durante o próximo Inverno, de cerca de 2.200 euros por família, uma vez que as centrais siderúrgicas começaram a encerrar devido aos preços da energia e a enviar trabalhadores para o desemprego temporário.
A imprensa liberal mostrou-se
à altura do seu nível moral habitual. Para o New York Times, a coisa era fácil de
resolver: ir
a supermercados com sobras e produtos expirados onde,
segundo nos disseram, poderíamos até encontrar delicatessens a preços mais
baixos. Para o
El País, com alguma concessão à realidade, as coisas não eram muito diferentes,
afinal uma escolha individual: poupar
menos ou mudar os hábitos de consumo. Nada do que se queixar! Pelo
contrário, um novo mundo de coisas super-bestiais e super ecológicas para descobrir
como ir
trabalhar a pé mesmo que seja longe ou mudar-se para parques como nos EUA
porque não se pode pagar a renda.
Normalização do controlo automatizado e sincronização
E entre as novidades do Verão de
2022, a extensão dos sistemas informatizados de controlo de trabalho não pode
ser deixada de fora.
"Em todas as
indústrias e posições, cada vez mais funcionários estão a ser monitorizados,
registados e classificados", diz
o New York Times.
Pagamento controlado e autenticado ao minuto – geralmente baixo – por um
sistema automatizado que transforma oito horas de trabalho contínuo em seis
antes de se dar conta. Não são apenas as pausas para a sanita que são contadas,
mas também o que fica fora do trabalho directo em frente à máquina ou monitor,
o que exigiria uma
permissão especial para ser contado como trabalho real.
Isto é algo mais do que uma nova reviravolta na tendência temporal que sempre denunciámos e, sobretudo, nos últimos anos, quando governos como o espanhol impuseram a gravação do dia de trabalho... eliminando pausas na contagem para que não sejam pagas.
MACRON E "O PREÇO DA LIBERDADE DE MATAR"
No entanto, o mestre
do cinismo épico na Europa continua a ser Macron. Sánchez e Díaz e Trudeau ou mesmo
Biden têm muito cinismo, mas falta-lhes o épico para tornar as suas
intervenções ainda mais repugnantes.
E é que Macron, à sua
maneira, tem sido o mais claro sobre o que está para vir no Outono: "trabalhar para apoiar as nossas empresas, no
contexto desta guerra". Trabalhar
mais, ganhar menos e ter menos educação e serviços de saúde não
seria nada mais do que... o "preço
da liberdade".
Penso no nosso povo, que
precisará da força das suas almas para enfrentar os tempos que virão, para
resistir às incertezas, às vezes dificuldades e adversidades, e, unidos, para
concordar em pagar o preço da nossa liberdade e dos
nossos valores.
Emmanuel Macron
O discurso que até agora
Está a ser preparada
uma "nova
austeridade". E em países como a Espanha, completará
os efeitos sobre as condições de vida dos trabalhadores da mudança do modelo
produtivo imposto pelo sanchismo.
E é que, em todo o mundo, à medida que o Inverno se aproxima no hemisfério norte, os governos vão tentar passar do ataque indirecto geral – lucros e aumento dos preços acima dos salários – para o leilão directo das condições de trabalho. As "reformas essenciais", chamou-lhes Macron.
E terão sucesso...
se não
reagirmos a partir do nosso próprio terreno. Eis o que
defendemos as
greves selvagens no Reino Unido: pelo aumento dos salários, entrar em greve em
todo o lado e sem esperar!
.
Proletários
de todo o mundo, uní-vos, abulam os exércitos, polícias, produção de guerra,
fronteiras, trabalho assalariado!
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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