12 de Setembro de 2022 Robert Bibeau
Por Dominique Delawarde Setembro 2022
Seis datas-limite
políticas e/ou geo-políticas terão de ser acompanhadas de perto nos próximos
quatro meses.
1
– "Regresso às aulas" na Europa e em França desde o início de Setembro:
Quanto à França, um executivo cada vez
mais "atormentado" tomou várias medidas cautelares para evitar
qualquer conflagração social. Os cheques governamentais sem provisão chovem
sobre os franceses para comprar a paz social e ganhar tempo (redução temporária
dos impostos sobre os combustíveis, aumento das pensões e vários benefícios a
partir de Setembro). Permanecemos no "custe o que custar" e,
portanto, na explosão da dívida. A
inflacção, por outro lado, continua a existir e a aumentar. O inevitável
aumento dos custos da electricidade, do aquecimento e das necessidades básicas
é susceptível de afectar o comportamento das pessoas. Cheios de certezas (cada
vez mais tremidas), os políticos ainda esperam que ocorra um milagre na
"frente ucraniana" que possa validar, por muito pouco, a sua política
de sanções "boomerang" aplicadas à Rússia.
Se este milagre não vier, o que é
provável, o executivo francês poderá ser tentado a recorrer a um novo "estado
de emergência sanitária", que estaria ligado ao ressurgimento "oportuno"
de uma nova variante Covid. Surfar sobre o medo parece ser uma solução
popular para os executivos europeus facilitarem o controlo das populações. Resta
saber qual será a atitude dos parlamentares..... e o das pessoas.
2
– A Cimeira da SCO (Organização de Cooperação de Xangai) nos dias 15 e 16 de Setembro
de 2022 em Samarkand.
Esta cimeira será particularmente
importante. O Irão será, pela primeira vez, membro efectivo (o
nono), durante as discussões. Uma nova extensão da SCO estará na ordem do dia.
A declaração final desta cimeira terá,
portanto, de ser examinada.
Tendo em conta os acontecimentos
ocorridos na Ucrânia e em Taiwan, as novas candidaturas seleccionadas para a
plena adesão à organização, mas também para o estatuto de observador ou
parceiros de discussão, terão de ser tidas em conta pelos geo-políticos,
pois testemunharão a escolha da multipolaridade e, por
conseguinte, estarão em oposição muito clara à hegemonia ocidental.
A extensão mais do que provável da SCO
durante esta cimeira poderia ser uma resposta do pastor à pastora face à
extensão da NATO agora vista como uma ameaça por parte de muitos países. Não há
dúvida de que será muito mais massivo e significativo.
Embora a SCO não esteja tão
"integrada" como a NATO militarmente, representa como um grande
e altamente eficaz obstáculo às sanções e às políticas de guerra económica
seguidas pelos países membros da NATO, como demonstram hoje os
acontecimentos que estamos a viver. A SCO conta agora, e pode contar muito
mais, com os maiores produtores mundiais de petróleo e gás e, goste-se ou não,
o futuro do Ocidente mundial depende disso.
3
– As eleições presidenciais brasileiras de 2 e 30 de Outubro de 2022.
Há cinco candidatos declarados nesta
importante eleição. Um mês antes da primeira volta das eleições, a
média das sondagens dá a Lula uma vantagem de 45% na primeira volta, com 10 a
15 pontos à frente de Bolsonaro.
Uma eleição de Lula seria muito
prejudicial para os EUA, porque o Brasil, já virado para a Rússia, através dos
BRICS, iria virar-se muito mais para ele.
Depois de perderem o apoio de quase
todos os seus vassalos sul-americanos, incluindo a Colômbia, em 19 de Junho, os
Estados Unidos, que já não são de todo populares na América Latina, não podem
permitir sem reacção uma eleição de Lula. A interferência dos EUA no
processo eleitoral brasileiro é, portanto, mais do que provável.
Será feita, como de costume, através
da "diáspora neo-conservadora e mundialista" brasileira, muito
poderosa, que controla, como em quase todos os outros lugares na esfera de
influência ocidental, Finanças, Media, Justiça, Polícia e Exército. Seria
surpreendente se esta "diáspora" não tentasse nada que se opusesse ao
regresso de Lula ao poder, como tinha feito em 2016 para expulsar Dilma
Rousseff e em 2018 para garantir a vitória de Bolsonaro. A interferência dos
EUA pode ir tão longe como a eliminação física do candidato Lula ou o golpe
militar. Os EUA estão habituados a estas práticas na América Latina,
mas não só... (Maidan em 2014).
4
– O 20º Congresso do Partido Comunista da China em 16 de Outubro de 2022.
Este Congresso é realizado de cinco em
cinco anos. Deverá ver, sem surpresas, a reeleição de Xi Jinping como
secretário-geral do partido. Os resultados das conquistas dos últimos 5
anos e os objectivos para os próximos 5 anos devem ser apresentados.
5
– As eleições intercalares nos EUA a 8 de Novembro de 2022.
Neste concurso eleitoral, o campo de
Biden, apoiado pela "diáspora neo-conservadora e mundialista", parece
estar numa má posição. A taxa de aprovação de Biden está atualmente em mínimos
de sempre, embora tenha subido ligeiramente graças aos constantes esforços do rolo
compressor dos media. O resultado da eleição será particularmente importante
para o futuro do mundialismo e, em especial, para o da multipolaridade e,
portanto, para o planeta.
O resultado da eleição será certamente
uma consequência directa do nível de inflacção e da evolução do poder de compra
das famílias norte-americanas em Setembro e Outubro de 2022. A equipa Biden
será obviamente tentada a multiplicar as doações fiscais aos eleitores numa
política de "custe o que custar", para "comprar" os seus
votos. O dólar e a economia dos EUA não vão sair mais fortes.
No período que antecede estas eleições,
se a Rússia conseguir alcançar resultados militares decisivos na Ucrânia e/ou
se conseguir provocar nos mercados, com a ajuda dos seus aliados produtores de
petróleo e gás, um aumento muito significativo dos preços destes produtos antes
das eleições norte-americanas, os candidatos democratas pagarão um
preço elevado no dia das eleições.
O Estado profundo dos EUA já está em
manobra para tentar limitar os danos e porque não, para inverter as tendências,
hoje Trumpista (portanto, anti-mundialista), da opinião pública dos EUA.
6
– 17ª Cimeira dos Chefes de Estado do G20 nos dias 15 e 16 de Novembro de 2022
em Bali (Indonésia)
É pouco provável que esta cimeira mude
muito. Mais uma vez, haverá uma divisão cada vez mais profunda entre dois
campos: um campo em declínio que ainda acomoda o mundialismo e a hegemonia
dos EUA (G7+) e um campo cada vez mais seguro da sua força e do seu
futuro que se reagrupa em torno do BRICS+ e defende a
multipolaridade.
Refira-se que a Indonésia,
país anfitrião da cimeira do G20 2022 e a Argentina já apresentaram
candidatura aos BRICS e que a Arábia Saudita expressou
o seu desejo de o fazer, bem como a Turquia, no entanto membro da
NATO.....
Neste contexto, parece muito improvável
que qualquer moção anti-russa possa ser adoptada nesta cimeira do G20 em Bali,
quer Zelensky apareça lá ou não. Se o G7 seguir por unanimidade o seu chefe de
fila americano, o G20, que representa todo o mundo na sua diversidade, irá,
felizmente, distanciar-se da hegemonia dos EUA.
Em conclusão, no final de 2022 terão
lugar seis grandes acontecimentos políticos e geo-políticos, para não falar,
naturalmente, de imprevistos.
Os dois mais importantes e
significativos podem muito bem ser a cimeira da SCO em Setembro e as eleições
presidenciais brasileiras em Outubro. A provável interferência dos EUA neste
último terá de ser acompanhada de perto.
Os resultados provisórios da operação
especial russa na Ucrânia e os do impasse económico e militar entre a Rússia e
os seus apoiantes, por um lado, e os países membros da NATO e os seus
apoiantes, por outro, terão provavelmente impacto neste ou naquele dos 6
eventos e, em graus diversos, no futuro do mundo.
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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