domingo, 11 de setembro de 2022

As classes sociais sob o imperialismo

  

As classes sociais sob o imperialismo


Aqui se reproduz o Capítulo II do Manifesto do Partido Operário, escrito por Robert Bibeau, editor do webmagazine Les 7 du Quebec , com algumas referências – introduzidas pelo tradutor – a situções concretas da realidade portuguesa (assinaladas a itálico). Dada a sua manifesta importância para uma melhor  compreensão da caracterização das classes – numa perspectiva marxista – decidi avançar com a sua publicação, integrando algumas “adaptações” à situação concreta que se vive em Portugal. Trata-se de um livro que, apesar de já estar traduzido por mim – com a autorização do autor - para português, aguarda que o mesmo ultime um “refrescamento” do seu Capítulo VII (o último dos capítulos) para que o possa editar na íntegra e colocar à disposição dos leitores portugueses.

Duas classes antagónicas


Vários intelectuais burgueses descrevem a opressão capitalista contra a classe operária e contra os "lumpens" proletários como resultado da distribuição desigual da riqueza entre os "cidadãos". Esses intelectuais, assim, transformam uma aporia antagónica (proletários contra capitalistas) numa procura idealista por mais “justiça social”, demonstrando a sua incapacidade de transcender a sua visão idealista, monista e reformista.

 

Essa abordagem moralista leva-os a exigir mais assistência social para os menos afortunados e a exigir impostos adicionais para cobrir esses gastos deficitários. Os operários enganados e já sobrecarregados tendem a denunciar essas sobretaxas fiscais e a "Frente Unida" dos operários e dos destituídos fica então comprometida.

 

O mesmo é verdade para a disputa sobre o aumento das prestações do subsídio de desemprego (que são pagas pelos operários activos) para ajudar a manter vivos os operários e assalariados temporariamente inactivos. Burocratas sindicais e activistas pequeno-burgueses de ONGs credenciadas e subsidiadas exigem que a gestão desses fundos seja assegurada sob a liderança de representantes de capitalistas monopolistas que participam nos parlamentos burgueses. Os contestatários reclamam melhores benefícios e um prolongamento do período de subsídio, agarrando-se directamente aos bolsos dos trabalhadores activos que mal conseguem sobreviver com o seu orçamento.

 

Esta é a razão pela qual os marxistas nunca param de lembrar que todas essas lutas na frente económica da luta de classes (subsídio de desemprego, assistência social, salário mínimo, redução dos custos escolares, redução de impostos, defesa dos fundos de pensão e poder de compra) nunca passam de guerras de resistência na frente económica da luta de classes, que nunca podem ser concluídas e tornar-se conquistas permanentes para o proletariado.

 

Só a batalha na frente política da luta de classes, pelo derrube total e radical da ordem capitalista e pelo poder operário pode pôr um fim definitivo a este confronto em que o operário será sempre enganado.


 

Marx e Engels descreveram e explicaram os diferentes modos de produção - e os tipos correspondentes de relações de produção - que marcaram a história da humanidade. Eles identificaram a “Sociedade primitiva = sem classe social”; a “sociedade esclavagista = homem livre e escravo”; a "sociedade feudal = servo e senhor"; a “Sociedade Capitalista = proletários e burgueses”; e previram o advento da sociedade comunista: "Sociedade socialista até o desaparecimento de todas as classes sociais e o advento do comunismo". Nem é preciso dizer que não existe uma sociedade comunista, mesmo que alguns serviços secretos insistam em classificar de “comunistas” os regimes burgueses, capitalistas e imperialistas que vigoram na ex-URSS e na China.

 

Marx e Engels explicaram que para cada uma das sociedades de classes estudadas (esclavagista - feudal - capitalista), o modo de produção hegemónico produziu em cada uma delas duas classes sociais antagónicas intimamente ligadas entre si pelas relações sociais de produção. Uma classe não pode sobreviver ao desaparecimento da sua classe antagónica. A Revolução Francesa de 1789, acentuando o desaparecimento do campesinato e a  sua urbanização, já iniciada no século anterior, causou a extinção da aristocracia fundiária e dos senhores feudais que se transformaram em burguesia latifundiária e rentista.

 

Marx e Engels acrescentaram que o confronto dialético, a luta dos opostos entre essas duas classes antagónicas constitui o motor da história, daí a expressão: “A história de qualquer sociedade até aos nossos dias é a história das lutas de classes ”. Deve-se notar que por conseguinte eles não divagaram sobre a consigna "Proletários, povos oprimidos, camponeses, pequena-burguesia empobrecida e nações colonizadas de todo o mundo, uni-vos! " Esse "esquecimento" da sua parte não foi acidental, como veremos no próximo capítulo.


 

As classes sociais

 

O que é uma classe social? O que define uma classe social, a caracteriza e permite identificar os indivíduos afim de desenvolver uma actividade política que vise mobilizá-los para a transformação da sociedade?

 

Alguns dizem que as mulheres são o novo proletariado. Ou mesmo os trabalhadores precários. Mas não faz sentido dividir as classes sociais segundo o sexo ou o status. É do ponto de vista do lugar do indivíduo no processo de produção que devemos raciocinar. Além disso, esqueçamos os múltiplos nomes que agitadores loucos e académicos ociosos inventaram como "classe popular", "classe média", "classe nacional" (sic), "classe dos patrões", "classe pobre" e "classe dos funcionários ”ou ainda“ classe de imigrantes ”, tantos nomes errados.

 

Marx definiu as classes sociais em primeiro lugar de acordo com um modo de produção, isto é, de acordo com o papel social que um indivíduo e o seu grupo de pertença desempenham no processo de produção dos meios de produção, dos meios de  subsistência, dos meios de vida, das trocas e da reprodução da vida em sociedade.

 

Assim, o modo de produção capitalista que atingiu o seu estadio de evolução imperialista é caracterizado do ponto de vista das classes sociais pela oposição entre a classe capitalista monopolista dona dos meios de produção e troca (distribuição, comercialização e comunicação) e a classe proletária que possui apenas a sua própria força de trabalho, que vende por um salário (trabalho necessário) e da qual a burguesia está empenhada em extrair o trabalho excedente (mais-valia) redistribuído pelas diferentes fracções dos capitalistas sob a forma de rendas, dividendos, benefícios e lucros de todos os tipos.

 

Em torno dessas duas principais classes antagónicas encontramos, diz-nos Marx, outras classes sociais ou segmentos de classes constituídas por empregados, trabalhadores autónomos (o que exclui qualquer relação assalariada), pessoas que dirigem um negócio, ou que oferecem um serviço exclusivo destinado a empresas, comunidades (serviços municipais, governamentais e para-governamentais, etc.) e indivíduos (empregadores, funcionários, cidadãos).

 

Este é o vasto campo das actividades terciárias onde o empresário por vezes não explora nenhum trabalhador, mas oferece os seus serviços mediante pagamento, por peça, por tempo, por mandato, várias modalidades de remuneração que são todas formas de inclusão nas relações sociais de produção.

A classe operária

 

A classe trabalhadora, ou classe laboriosa, ou classe operária é o conjunto de indivíduos que vendem a sua força de trabalho por salários abandonando a mais-valia produzida aos capitalistas que possuem os meios de produção (equipamentos, máquinas, fábricas, matérias-primas e energia). ) Além disso, o capitalista é o proprietário, segundo a lei burguesa, das mercadorias produzidas por esses trabalhadores assalariados.

 

Em sociedade imperialista moderna, o facto de o empregador capitalista estar no sector privado ou no sector público não muda o modo de apropriação da mais-valia ou o estatuto de classe dos trabalhadores assalariados.

 

O único elemento que muda no caso de uma empresa capitalista monopolista estatal é a forma como a mais-valia é expropriada e devolvida ao circuito de reprodução ampliada do capital. O facto de um operário ser contratado por uma empresa pertencente ao Estado capitalista em nada transforma a sua condição de trabalhador assalariado da qual é extraída a mais-valia. Assim, a forma como uma empresa do sector público da economia imperialista devolve aos capitalistas a mais-valia expropriada aos operários consiste em vender a mercadoria produzida às outras empresas abaixo do preço de custo e em transferir os seus lucros para o Estado capitalista que devolverá esse capital valorizado ao circuito económico sob a forma de assistência à reprodução da força de trabalho (os serviços de saúde, de creches, e de educação da qual o Estado toma a responsabilidade colectiva), ou sob a forma de redução de encargos fiscais impostos às empresas capitalistas. O caso da TAP e empresas associadas é paradigmático do que fica aqui expresso. De empresa estatal passou a privada e retornou a estatal, sem que nada de qualitativo tivesse ocorrido quanto à forma como a mais-valia é expropriada.

 

A actividade produtiva que gera salários e mais-valia não implica qualquer poder de decisão, pouquíssimas responsabilidades e pouca atividade intelectual do operário considerada como extensão de dispositivos cada vez mais sofisticados e cada vez mais caros de adquirir e representando um importante capital constante (Cc) que o tempo de trabalho servirá para reembolsar para produzir uma nova mais-valia a ser reinjectada no circuito de reprodução alargado.

 

A única responsabilidade que o operário alienado  é convidado a assumir é a reprodução da sua classe de oprimidos. Além disso, se adicionarmos a esses trabalhadores os funcionários assalariados de instituições públicas e parapúblicas, Portugal tem milhões de funcionários a contribuir para o Plano de Pensões e Reformas. Na contagem da classe operária, teremos de incluir as pessoas dependentes dos proletários (cônjuge, filhos), aqueles que estão temporariamente privados de trabalho remunerado, como os desempregados, e aqueles que já vivenciaram isso (aposentados) e que correm o risco de retornar ao mercado de trabalho a qualquer momento.

 

Todos esses trabalhadores não possuiem senão a sua força de trabalho para sobreviver e não são individualmente proprietários de qualquer meio de produção. O facto do Estado, utiizando as economias que arrecadou de milhares de trabalhadores, o investir na compra de empresas capitalistas falidas, ou não, não transformam esses operários-aforradores em capitalistas; nem um trabalhador do conselho de administração da sua cooperativa de crédito se torna um capitalista financeiro. Pelo menos não enquanto esse proletário mantiver o seu emprego de trabalhador assalariado expropriado da sua mais-valia.

 

Se um dia um trabalhador se tornar gerente de uma cooperativa de crédito, perderá a sua condição de proletário não por causa do aumento do seu salário, mas em consequência da mudança da situação nas suas relações sociais de produção. Nas condições normais do sistema capitalista de exploração, o trabalhador vende a sua força de trabalho por um salário; recebe ordens de um capataz e todos os dias é ameaçado de ser despedido e deixado nas ruas sem rendimentos, com a família endividada e desesperada.

 

 

O valor

 

 

O valor é o que permite medir essas trocas que configuram o processo de produção capitalista. Sob a forma de preço, é o valor que permite operar a mão "invisível" e anárquica do "mercado" da utópica concorrência "livre" que procura organizar e equilibrar as actividades económicas da melhor maneira possível. Sem valor, não existe sobrevalor (mais-valia), não existe medida do fruto do trabalho; nenhum preço, nenhum comércio, nenhuma distribuição de actividades entre os diferentes ramos da indústria e da economia, etc. Em suma, sem valor, não existe capital, que é apenas "valor que se valoriza", e a classe trabalhadora é a única produtora de valor valorizante.

 

 

 

De notar que, ao melhorar a eficiência das máquinas (meios de produção), o capital diminui a quantidade de trabalho vivo contido em cada mercadoria, ou seja, diminui o valor dessas mercadorias.  Ora, o capital não pode existir e reproduzir-se sem se alimentar do "sobrevalor" (mais-valia), que acaba por diminuir na medida em que diminui o valor que o contém; na verdade, cada capitalista, à força de querer reduzir a quantidade de trabalho vivo e assalariado (reduzindo os salários e o tempo de trabalho necessário), acaba também por diminuir a quantidade de trabalho vivo total a um ponto em que o trabalho excedente não pago diminui também apesar do aumento na taxa de exploração geral (pl / Cv). Esse processo é chamado de tendência de queda na taxa de lucro. Voltaremos a isso.

 

Aqui chegamos à principal contradição do capitalismo - a contradição que lhe custará a vida como sistema de exploração do homem proletarizado pelo homem capitalizado. Mas isso não é tudo. O capital só existe nas trocas entre proprietários privados de capital que produzem não para si próprios, mas para outros, para venda e realização do valor de mercado.


A classe capitalista

 

Diante da classe proletária apresenta-se , antagonista, a classe capitalista monopolista e não monopolista, que se subdivide em diversos segmentos. A grande burguesia das finanças, indústria, comércio, comunicações e serviços constitui a classe capitalista monopolista internacionalizada. A burguesia média está a desenvolver novas oportunidades de negócios e novos mercados inovadores. Ela subcontrata grandes empresas monopolistas e actua principalmente no âmbito nacional. Constitui a classe capitalista não monopolista, colocada sob a hegemonia da anterior. Apesar dos seus conflitos esporádicos com a classe monopolista, a burguesia não monopolista não é de forma alguma uma aliada do proletariado, que nunca se deve colocar sob a direção política desta classe reaccionária.

 

Os agricultores, grandes proprietários, agricultores fundiários, empreiteiros florestais, pescadores e piscicultores são todos pequenos capitalistas, proprietários privados de meios de produção que empregam regularmente uma força de trabalho supranumerária mais ou menos abundante e precária mal paga. Classificamos todos eles como pequenos capitalistas privados.

 

Os agricultores capitalistas, pescadores artesanais, piscicultores, empresários florestais artesanais estão nestes tempos difíceis a ser levados à falência por grandes monopólios capitalistas na agricultura, nas pescas, na silvicultura e no papel. O interesse da classe trabalhadora explorada por esses pequenos e grandes capitalistas não é aliar-se aos pequenos predadores contra os grandes rapinadores, como sugerem os partidos reformistas, revisionistas e neo-revisionistas, mas derrubar todo esse modo de exploração que, em qualquer caso, conduzirá sempre à absorção do pequeno operador pelo grande operador monopolista. Com o crescimento da terceirização e as suas submissões aos dadores de encomendas cotados nos diversos índices bolsistas, os pequenos empregadores capitalistas não estão nem perto do nível de rendimentos dos "executivos seniores" e sofrem um destino aleatório muitas vezes catastrófico.

 

Em Portugal existe uma pirâmide empresarial: no topo, empresas com mais de quinhentos funcionários, que produzem uma significativa percentagem do PIB nacional; na base da pirâmide, milhares de empresas com menos de dez funcionários têm uma existência precária . No entanto, os operários não precisam lutar para salvar a pele desses capitalistas ameaçados de falência; eles devem lutar para derrubar este regime social onde os grandes predadores imperialistas se alimentam dos pequenos pretendentes capitalistas.

Captação e concentração da riqueza

 

A riqueza global mais do que duplicou desde o ano 2000. O falso crescimento económico (especulação financeira e monetária) e as mudanças demográficas entre os países emergentes são os principais motores dessa tendência.

 

A crescente disparidade de rendimento e riqueza entre uma oligarquia narcisista e voraz e a grande maioria do povo é uma característica comum a todos os países imperialistas. Esta distribuição desigual do património nacional e mundial não é consequência de uma política governamental deliberada, mas o resultado do funcionamento normal da economia imperialista, com os "cátodos" bilionários a atrair cada vez mais riqueza colectiva para eles. De acordo com o United States Census Bureau, a riqueza líquida mediana das famílias americanas brancas era de 110.730 dólares em 2010. A dos hispânicos era de apenas 7.420 dólares e a dos negros era de 4.950 dólares, respectivamente 15 e 22 vezes menos! Nos Estados Unidos, o rendimento familiar anual médio caiu 8,3% durante o período de 2007-2012. Nessas condições, a pobreza explodiu. Em 2012, oficialmente 46,5 milhões de americanos viviam abaixo da linha da pobreza, quase um sexto da população americana[i]. Pela própria imprensa burguesa, "a pobreza aumentou apesar da recuperação económica" na América desde 2010. Na verdade, hoje nada menos que 47 milhões de americanos  beneficiam do programa federal de ajuda alimentar, contra "apenas" 40 milhões em 2010. Em 2012, este programa de ajuda alimentar custou 78 milhares de milhão de dólares ao orçamento federal, ou seja, uma dotação anual média de mais de 1.600 dólares por beneficiário[ii].




 

 

              A política monetária agressiva seguida pelo Banco Central do Japão (BOJ) resultou num aumento dramático nos preços das acções de 52% entre meados de 2012 e meados de 2013. No entanto, no Japão, o valor das acções corporativas é muito baixo em comparação com o mercado dos EUA. Eles representam menos de 10% da riqueza financeira das famílias japonesas. A forte política do BOJ também fez com que as taxas de câmbio do iene dólar americano caísse 22% nos últimos anos. Como resultado, a riqueza total das famílias no Japão diminuiu 5,8 triliões de dólares este ano, o que representa 20% do património líquido japonês. No entanto, o Japão sofreu pouco durante a crise financeira global. Na verdade, a riqueza pessoal até aumentou 21% entre 2007 e 2008. Em nítido contraste com o desempenho recente dos Estados Unidos, a fortuna total dos imperialistas japoneses em 2013 só excedeu o nível de 2008 em 1%. Na maioria das outras regiões do mundo, o ambiente económico tem sido geralmente favorável ao acumular de riqueza. É porque o Japão entrou voluntariamente em modo de recessão e o governo japonês está a aplicar uma série de medidas retaliatórias na tentativa de descer a escada da estagflação. A coesão social militarista fascista imposta a todo o povo japonês durante um século permite este tipo de política de austeridade drástica que nenhum outro povo sob o jugo imperialista aceitaria (excepto talvez o povo alemão).

 

 

              A China (1,4 trilião de dólares), a Alemanha (1,2 trilião de dólares) e a França (1,1 trilião de dólares) são os outros países onde a variação da riqueza ultrapassou o trilião de dólares em 2013. Em oito outros países, nomeadamente Itália, Reino Unido, Espanha, México, Suécia, Índia, Coreia e Canadá, a riqueza total aumentou em mais de 200 biliões de dólares, enquanto em vários desses países a produção de mercadorias, de bens e serviços progrediu mais ou menos. A subida dos preços das acções e o movimento euro / dólar ligeiramente favorável permitiram aos países da área do euro recuperarem mais de metade das perdas consideráveis ​​sofridas 12 meses antes. “Recuperação” de valores falsos do mercado de acções, uma vez que não é respaldada por ganhos reais de produtividade ou à disponibilidade crescente de mercadorias com valores sonantes convertíveis em dinheiro.

 

 

              Na categoria mais baixa, metade da população mundial possui menos de 1% da riqueza total. Os 10% mais ricos detêm 86% da riqueza mundial, e só o 1% mais rico responde por 46% da riqueza mundial. Continuando a exibir essas estatísticas desconcertantes, alguns milhares de milionários ao redor do mundo, todos juntos a representar menos de meio por cento da população mundial (0,00,15%), possuem $ 42.700.000.000.000 (42 ,7 triliões de dólares) dos valores mundiais. Em comparação, a dívida soberana de mais de 193 países membros da ONU totalizou 52 triliões de dólares em 2013. Existe efectivamente uma concentração de capital, mas será que por isso existe uma valorização desse capital?

 

 

              Uma fração sofisticada da população monopoliza a mais-valia e embolsa a maior parte da renda fundiária, dividendos de acções e lucros comerciais. Esses ricos são mestres das finanças e da propriedade segura dos meios de produção e dos bens imóveis e pessoais. Assim, 0,5% da população num país imperialista como o Canadá monopoliza 35% dos activos coletivos. Somente nos Estados Unidos, a parcela da receita antes dos impostos do 1% mais rico subiu no último quarto de século de 8% para 18% de todas as receitas nacionais[iii]. O mesmo fenómeno é observado no Canadá, Quebec e França[iv].

 

 

              Eis um segmento muito pequeno da população que vive da exploração do trabalho de terceiros. A esse círculo temos o direito de adicionar "executivos seniores", mas isso adiciona muito poucos indivíduos. Os executivos seniores não abrangidos pela legislação laboral ordinária constituem menos de 0,2% dos executivos no total. Eles recebem parte da sua remuneração em acções, o que os transforma rapidamente em accionistas capitalistas[v]. Curiosamente, entre as 25 maiores empresas monopolistas do mundo, 13 são activas no sector da energia, o que deve fazer os cépticos entenderem as razões de todas essas guerras em torno do Golfo Pérsico[vi].

 

 

                               Pobres e lumpen-proletários

 

              Os institutos de estatística usam o rendimento individual e familiar para identificar os pobres e os lumpem-proletários, estejam eles a viver ou não da assistência social. Nas sociedades imperialistas avançadas, essa fração de classe tem crescido continuamente desde que a crise económica perdura. Essa fração de uma classe participa mais ou menos da produção social. Ela vive em parte da assistência social prestada pelo Estado, às vezes por várias gerações (crianças a receber habitação subsidiada e o atributo de assistência aos mais idosos). Existem mais de 375.000 pobres e lumpem-proletários no Quebec.

 

 

              No Canadá, existem três milhões e meio de pessoas pobres (com menos de 11.000 dólares por ano para uma pessoa que viva sozinha) ou, em 2004, 11% do total da população canadense. Desse número, 1,7 milhão de canadenses recebem Assistência Social (assistência de último recurso oferecida pelos governos provinciais). Desde 2004, a situação só piorou para este segmento de classe[vii]. Todos esses indivíduos fazem parte dos 15% da população que, juntos, possuem menos de 1% da riqueza nacional.

 

              Desde a Segunda Guerra Mundial, em vários países ocidentais avançados, o rendimento dos deserdados tem sido garantida pela burguesia como parte do "Estado providência", porque o estado assim garante o consumo e a circulação de mercadorias e, portanto, assegurava o capital a ser valorizado. Além disso, essa assistência garantia a paz social, um antídoto para a explosão de cidades e subúrbios deprimidos.

 

 

              O aprofundamento da crise sistémica do imperialismo moderno põe em causa este compromisso histórico e leva o Estado policial imperialista a atacar frontalmente esses segmentos de classe que já começaram a protestar para exigir a manutenção das suas prestações e do seu poder de compra.

 

 

              A burguesia e os seus capangas, através da sua media a soldo, depois de usar os empobrecidos para manter o consumo e os lucros, hoje apontam-lhes o dedo entregando-os à vingança popular quando foi ela mesma quem os manteve neste estado precário por gerações. Os lúmens proletários constituem uma fonte de recrutamento para o exército de mercenários da máfia, pequenos criminosos de todos os tipos e traficantes de drogas em movimento. Assim como os criminosos, as redes criminosas organizadas e comunitárias recrutam aí os seus esbirros. Organizações anarquistas e esquerdistas também estão a recrutar aí activistas de base que estão sempre prontos para lançar as bases para exigir que o "Estado providência" mantenha a sua assistência na reprodução da miséria.

 

 

              O Partido Operário não recruta, não mobiliza e não organiza essa franja de destituídos senão para os levar a entender que o seu calvário social é consequência da decadência imanente do sistema económico imperialista do qual a classe operária deseja fazê-los sair definitivamente para que todos possam reintegrar a classe dos trabalhadores úteis, activos, produtivos e socialistas.

 

 

              Atenção, no entanto, a desagregração avançada da sociedade imperialista muitas vezes significa que agora encontramos operários activos e produtivos, entre os imigrantes em particular, nos serviços locais ou lutando em "lojas de suor" (sweat shops) urbanas clandestinas, e com menos do mínimo de subsistência. Não os procure  nas estatísticas, esses trabalhadores realmente pobres não estão registados em nenhum lugar, outra característica das sociedades imperialistas avançadas. Esses trabalhadores sobre-explorados são parte do proletariado e de forma alguma são lumpem-proletários. O Partido Operário tem o dever de organizá-los e mobilizá-los para a revolução socialista.

 

 

              Cada vez mais indivíduos escapam completamente a qualquer censo, assim como certos sectores e bairros das megalópoles urbanas estão completamente fora da governança municipal e do controle da polícia repressiva. Nos Estados Unidos, a classe capitalista monopolista prefere usar a repressão do estado policial para esmagar esse segmento da classe e forçá-lo a permanecer em áreas de gueto, abandonados pela polícia e negligenciados pelos serviços municipais. São literalmente "terras de ninguém" urbanas que, no dia da revolta comunista, serão paraísos para os apoiantes anticapitalistas. Os militantes comunistas devem conhecer e organizar essas áreas periurbanas, bem como os centros das “favelas” e as populações que as frequentam ou habitam.

 

 

              Finalmente, alguns dos pobres podem tornar-se assalariados ou permanecer pobres a tempo parcial, permanecer no limite do salário mínimo e ser miseráveis ​​ mesmo assim, e o desemprego, que não poupa nenhuma categoria, pode fazer com que regresse à condição de indigente. Pobres e lumpem proletário não são, portanto, duas categorias isoladas e totalmente separadas do sistema salarial. Assim, numa cidade como Winnipeg, no Canadá, 40% dos sem-abrigo são trabalhadores empregados. As proporções são semelhantes em várias cidades americanas e canadenses. Um sociólogo concluiu que “entre o desemprego, o subemprego, a incerteza da actividade e a precariedade financeira dos“ trabalhadores pobres ”, é muito provável entre um quarto e um terço da população (...) que tem, de forma sustentável , condições de vida marcadas com o selo de extrema dificuldade”.[viii]  Tudo isso significa que a classe capitalista monopolista e o seu Estado resolveram, para manter altas taxas de lucro, espremer todos esses segmentos de classe até que sejam sangrados e coloquem a sua posteridade em perigo.

 

 

                               Os assalariados aburguesados

 

              No Canadá, em França e nos Estados Unidos, os assalariados representam 90% da população activa. Além disso, convém adicionar a este contingente os jovens alunos que serão assalariados no futuro; os desempregados que são os assalariados privados de emprego; aposentados que são ex-assalariados que vivem de contribuições de antigos e novos assalariados. É o sistema de assalariados que reina supremo em todos os lugares e domina sociologicamente os países imperialistas do mundo. Os assalariados constituem a maioria de todos aqueles que só têm a sua força de trabalho para vender e sobreviver. No entanto, se todo o operário  é um assalariado, nem todo o assalariado é um operário.

 

 

              No Canadá, os salários estão entre os 385 $/ semana (salário mínimo de $ 10,15 / h no Quebec) e mais de $ 2.500 / semana com uma média de $ 914 / semana ($ 836 no Quebec) e uma mediana de cerca de US $ 500 / semana (em 2013, cerca de 3,5 milhões de trabalhadores canadenses ganhavam em torno dessa mediana).

 

 

              A maioria dos quadros de empresas são assalariados. Com a deterioração do seu status e condições de trabalho, eles não são excepção. As grelhas de pontuação e parâmetros personalizados resultam num sistema de "bónus individuais", fórmula um pouco diferente do salário à peça ganho por quantidade dos operários. Os executivos têm cronogramas legais comuns ao restante da força de trabalho, mesmo que as leis a respeito deles sejam violadas e contornadas com mais frequência. Mais de 40% deles ficaram abaixo do tecto da Previdência Social e contribuem integralmente para os encargos do governo.

 

              Nos países imperialistas avançados, a diferença entre o rendimento médio dos pequenos executivos assalariados e a de empregados assalariados e operários caiu de 3,9% em 1955 para 2,3% em 1998. Enquanto os empregadores se gabam de individualizar os salários, na verdade eles os comprimiram na escala (em valor relativo e em valor constante)! Por outro lado, entre os executivos seniores pagos em dividendos e acções, nos Estados Unidos em particular, a diferença salarial entre CEOs e operários caiu de um factor de 40 em 1970 para um factor de 1.000 em 2012, enquanto se situa entre 189 e 200 no Canadá[ix].

 

              Numa sociedade imperialista em declínio, as funções de chefia diminuíram consideravelmente a favor das tarefas de produção. É que os executivos servem de "fura-greves" durante as greves de operários. Ao contrário do que acontecia no passado, a distância é cada vez mais ténue entre os "colarinhos brancos" e os "colarinhos azuis". Em suma, o grande capital na sua guerra total e perpétua para manter as suas taxas de lucro atinge duramente os seus colaboradores mais próximos, tanto quanto os seus piores inimigos, os trabalhadores. No entanto, isso não torna os executivos assalariados aliados confiáveis ​​para os operários.

 

              Em última análise, o emprego não qualificado está a aumentar sem que o emprego dos menos instruídos seja retomado; este paradoxo refere-se a uma “desclassificação” dos diplomados, que, a um determinado nível de qualificação, ocupam lugares cada vez menos qualificados e cada vez mais mal remunerados. Isso explica em parte o recente ressurgimento de levantamentos de estudantes universitários no Quebec, em muitos países ocidentais e na América Latina. Potenciais pequenos executivos já estão a antecipar a sua ociosidade antes mesmo de se formarem nas universidades.

 

              Os quadros experenciam períodos mais longos de desemprego; a espada de Dámocles do Centro de Emprego paira sobre eles como sobre outros empregados. A chantagem de emprego é abundante na força de trabalho. A deterioração das condições de trabalho é geral, a urgência reduz a previsibilidade das tarefas e a margem de manobra para as executar. A carga mental aumenta tanto quanto a dureza do trabalho. Para uma maioria crescente de assalariados, as pressões aumentam: aumento do ritmo de trabalho, multiplicação de constrangimentos, mecanização mais intensa, velocidade infernal de execução, múltiplas solicitações, vigilância acrescida, controlo hierárquico permanente.

                               A « classe média »

 

              Durante anos, em sociologia, em ciência económica e em ciência política, não existe "classe média", senão para a literatura burguesa. Sai  a classe operária. Pesquisadores universitários bem pagos, comprometidos com laboratórios privados, inventaram essa nova categoria de assalariado, a “classe média” semelhante a uma extensa e elástica “pequena burguesia”, formada por funcionários públicos (todas as categorias), funcionários de alto rendimento, pequenos executivos, engenheiros, técnicos, professores mal pagos, jornalistas desvalorizados e profissões liberais sobredimensionadas, todos activos no hiperatrofiado sector “terciário” [x].

 

              Em 2012, o sector terciário representava 60% do PIB mundial e cerca de 70% da força de trabalho activa nas sociedades imperialistas avançadas. A força de trabalho do sector terciário não é composta apenas por pequenos burgueses, essa força de trabalho inclui todos os trabalhadores precários do comércio retalhista, restaurantes fast food, hotéis e serviços.

 

 

              Dada a imensa diversidade das suas actividades, a variedade dos seus negócios, a disparidade das suas condições de trabalho, a multiplicidade dos seus estilos de vida, a "classe média" só pode ser identificada pelo rendimento médio anual dos seus constituintes. - este termo obviamente sendo relativo ao quanta relativo a cada ambiente socio-económico numa economia imperialista com desenvolvimento desigual - combinado e em saltos anárquicos. O salário médio num país como o Canadá não corresponde ao salário médio no Uganda ou no Botswana. A categoria sociológica "classe média" seria, portanto, caracterizada pelo carácter evanescente dos limites geográficos que não podem ser circunscritos, bem como pelo movimento perpétuo de seus contornos salariais informais, daí a impossibilidade de defini-la objectiva e concretamente.

 

 

 

A classe média

 

 

A chamada "classe média" não existe e a crise económica sistémica não demorará muito para eliminar essa categoria social com rendimentos temporariamente inflaccionados graças à captura em larga escala dos imensos lucros monopolizados nos países neo-colonizados pelas empresas imperialistas em países avançados. Além disso, apenas observamos o surgimento de uma classe média na China, Índia e Brasil uma vez que esses países entraram na fase imperialista ascendente enquanto a mesma “classe média” está a ser abusada e em processo de empobrecimento nas sociedades imperialistas em declínio (Estados Unidos, Canadá, França, Grã-Bretanha, Japão, etc.).

 

 

              Acreditamos que o conceito de “classe média” desaparecerá com a estagnação-inflação generalizada[xi]. Para que o capital possa aumentar a sua taxa média de lucro e retomar o seu processo de valorização e acumulação, duas condições complementares devem ser atendidas, além de manter o sistema bancário mundializado à tona. A primeira condição consiste em destruir uma grande massa de capital, não só nas suas formas monetárias, mas também nas suas formas materiais concretas (bens, meios de produção e forças produtivas) para reduzir o seu "excedente relativo" e também para poder reconstruir um sistema de produção que aumente a taxa de exploração da classe operária, embora esta já seja muito elevada[xii].

 

 

              O critério de riqueza pecuniária não é, portanto, um factor decisivo para determinar a pertença de classe de um indivíduo. Uma classe social não é definida pelo seu nível de rendimento, mesmo que às vezes e por um determinado tempo haja uma forte correlação entre as situações sociais e a situação do rendimento familiar. O capitalista monopolista será na maior parte dos casos rico (até que esteja falido e seja expulso do seu clube privado) e o trabalhador terá cada vez mais frequentemente um rendimento modesto e nenhum activo para legar, por vezes com, por um determinado tempo , uma camada de aristocratas sindicalizados bem pagos trabalhando para grandes empresas monopolistas. Por outro lado, na África do Sul, os mineiros sindicalizados trabalham para grandes empresas monopolistas, em obras de construção muito grandes e, no entanto, são mal pagos.

 

              Essa vantagem salarial da aristocracia operária ocidental está ameaçada pela actual tempestade económica sistémica. Pior, o trabalhador aristocrata não é apenas rebaixado e vê o seu salário reduzido; o trabalhador bem pago é frequentemente despedido na velhice. Cada vez mais executivos são demitidos ao mesmo tempo que os seus funcionários. A cidade de Detroit, capital dos aristocratas operários da indústria automobilística, agora é uma cidade fantasma, tendo perdido metade dos seus habitantes, e foi colocada sob custódia do estado de Michigan. Existem muitos exemplos disso no país do Tio Sam[xiii].

 

              Não é o nível de rendimento que determina a pertença à classe. Por exemplo, um pequeno agricultor geralmente ganha menos do que um trabalhador qualificado, mas o agricultor, nem mesmo muito rico, possui os seus meios de produção e não é empregado de ninguém, o que não impede que seja explorado pelo seu credor. O agricultor, o pequeno empreiteiro florestal e o pescador podem decidir contratar ou demitir, adulterar as suas contas da mesma forma que podem decidir vender as suas propriedades e embolsar o seu rendimento após obter o seu lucro comercial e reorientar a sua produção em novas direcções. Nada dessa autonomia e nenhuma dessas manobras estão ao alcance do trabalhador assalariado que só tem as próprias mãos para ganhar a vida.

 

 

              É o lugar do indivíduo no processo de produção e reprodução do capital que determina as suas relações sociais de produção e a sua "práxis" que são os factores decisivos e que determinam fortemente o seu comportamento económico, político e ideológico.

 

 

              Os apologistas do sistema capitalista gostariam de fazer crer numa "grande camada social média e central" que, trabalhando serenamente, colheria os benefícios do sistema e só aspiraria a tirar mais proveito dele. Seriam milhões de pessoas activas na economia dos Estados Unidos e Canadá que compõem a "classe média", em oposição àqueles que não são como os pobres e os desempregados. Perfeitamente integrados no mercado de trabalho, esses assalariados não seriam hostis ao sistema e, pelo contrário, gostariam que ele fosse mais móvel e mais lucrativo. Sendo o horizonte do sistema capitalista para eles intransponível, bastaria lutar por melhorá-lo e fazer funcionar melhor a indústria, o comércio, as trocas, a inovação, a produção e a concorrência, a fim de satisfazer os desejos fundamentais desta “grande camada social média e central”. Lendo este apelo a favor da colaboração de classe e do reformismo,   encontramo-nos no coração do corporativismo fascista. O reformismo é a estrada real para o fascismo e a pequena burguesia é o seu porta-estandarte designado. O grande estracto social médio e central só existia durante a fugaz recuperação da economia imperialista, mas hoje acabou.

 

 

              Por essa razão, rejeitamos totalmente o conceito reaccionário de "classe média" que é apenas a média das insuficiências epistemológicas e teóricas dos pretensiosos intelectuais que abanam o quadril e que o grande capital nos atira regularmente à cara para satisfazer o EGO dos pequeno-burgueses infiltrados nas fileiras operárias.

 

                               Pequena burguesia

 

              A pequena burguesia compreenderia cerca de 20% da população trabalhadora no Canadá, e provavelmente a mesma proporção no Quebec, em França e na maioria dos países imperialistas avançados. A pequena burguesia é um segmento da classe burguesa que não possui os meios de produção. A maior parte da pequena-burguesia trabalha  nos serviços de apoio à reprodução da força de trabalho e este segmento de classe está no centro da luta de classes, onde serve como um cão de guarda e um intermediário entre os capitalistas desonestos e os operários rabugentos.

 

 

              A pequena burguesia é um segmento de classe relativamente grande estatisticamente falando, particularmente desde a Segunda Guerra Mundial e a expansão desenfreada do imperialismo degenerativo. Este segmento de classe agrupa essencialmente categorias socio-profissionais como pequenos comerciantes e lojistas, gerentes de sucursais de comércio e serviços. Existem também executivos de nível inferior, aqueles que são funcionários intermediários e não remunerados em capital social (stock options). Há também nas suas fileiras uma pletora de profissionais independentes, como advogados, notários, farmacêuticos não proprietários, clínicos gerais e paramédicos, bem como uma variedade bastante ampla de profissionais assalariados que trabalham em serviços privados, públicos e parapúblicos, como académicos, professores, enfermeiras, policias, oficiais juniores do exército, arquitectos e engenheiros, profissionais do governo e para-governamentais, burocratas sindicais, consultores políticos e lobistas, artistas e intelectuais, jornalistas, apresentadores de rádio e televisão, todos esses coolies fazedores de opinião e criadores de consentimento, muitas vezes assalariados, bastante educados e exigindo autonomia no exercício da sua profissão.

 

              Os pequenos burgueses não produzem mais-valia, mas parasitam a mais-valia produzida pelos trabalhadores que têm interesse em manter na servidão assalariada, dela depende o seu sustento. Os capitalistas empregam-nos em tarefas especializadas para manter a força de trabalho, fiscalizá-la, dirigi-la (politicamente em particular), reprimi-la e pressioná-la para que garanta o máximo influxo de mais-valia aos diversos sectores de actividade e para as empresas para que o pequeno burguês receba a sua ninharia. A pequena burguesia assume múltiplos serviços terciários, tanto internos como externos às empresas.

 

 

              Desde o aprofundamento da crise sistémica, o Estado reduziu os encargos fiscais impostos às empresas, aumentando assim os impostos e taxas que recaem directamente sobre os ombros dos assalariados, nas costas dos operários e também dos trabalhadores de empresas públicas e privadas e paraestatal, que obviamente inclui a pequena burguesia que repentinamente sente que não é mais importante para os seus senhores capitalistas que a está a submeter gradualmente à pobreza. Este fenómeno está a levar grandes segmentos da pequena burguesia, altos salários directamente afectados, a reunir as fileiras dos operários no seu combate de resistência sobre a frente económica da luta de classes.

 

 

              A diferença entre essas duas classes (operários e pequeno-burgueses empobrecidos também chamados - Bobo) é que o operário sabe, ou deveria saber, que só a destruição total e a erradicação completa do sistema de economia política capitalista podem salvar o planeta e a espécie humana da extinção, enquanto o pequeno-burguês, indecifrável farsante e utópico teimoso, está convencido de que bastarão algumas boas reformas ao decadente modo de produção imperialista, que de forma alguma afectariam o seu status social, seriam suficientes para os colocar de volta na sela para um novo bater de botas niqueladas.

 

              O pequeno burguês tem um EGO desmesurado e a sua escolaridade (muitas vezes universitária), bem como a sua posição social autoritária de correia de transmissão e transmissora de ordens para os seus patrões, confere-lhe uma grande suficiência narcísica. O pequeno-burguês sabe tudo, só obedece a quem o corrompe e, sentado na sua sala diante da televisão entre dois burgueses, vira a sociedade de pernas para o ar. Na verdade, ele nunca vai sacrificar a sua vida por ninguém, e longe dele o fusil da revolução comunista.

 

 

              De acordo com as suas actividades no processo social de produção e reprodução do capital, mercadorias, bens e serviços a serem comercializados, a pequena burguesia está em contacto frequente com a classe operária e com a classe capitalista que ela admira com todas as forças do seu ser, que ela adora e inveja. A alma de um pequeno predador capitalista adormece no coração murcho e mesquinho de todos os patifes pequeno-burgueses. No Quebec, o falecido Paul Desmarais e o actual herdeiro Péladeau, Charles Sirois e Jacques Parizeau são os ídolos da pequena burguesia emergente.

              No que diz respeito à classe operária, ela nunca deve entregar a direcção das suas lutas de resistência na frente económica, nem das suas lutas pela conquista do poder na frente política e ideológica, nas mãos desses pequenos maldosos cautelosos, vacilantes e incertos, sempre prontos para a traição, procurando adivinhar que classe tomará o poder, que classe dominará a sociedade para se predispor antecipadamente a servir os seus novos senhores. Na sociedade socialista soviética (URSS), a pequena burguesia infiltrou-se no Partido Bolchevique desde que lhe pareceu que o Exército Vermelho da classe operária protegeria o poder soviético e a ditadura do proletariado. Uma parte da pequena burguesia então ofereceu-se para gerir - administrar - coordenar o estado soviético. Enquanto outra parte havia tomado o caminho do exílio, viajante comercial do terror anticomunista, mascate de rumores do Gulag, de execuções sumárias de centenas de milhões de soviéticos (que eram menos de 150 milhões na época), lamentando o seu paraíso czarista perdido, esperando que tudo voltasse ao normal, os bilionários ricos no poder, os seus servos pequeno-burgueses como ajudantes bem pagos e os operários nas suas fábricas encardidas. É por ter esquecido totalmente esta instrução imperativa de nunca deixar a liderança dos partidos revolucionários nas mãos da pequena burguesia reaccionária que os vários partidos eurocomunistas franceses, italianos, belgas, britânicos, alemães, espanhóis, portugueses, mas também canadenses e americanos, cubanos e chineses, para citar alguns, degeneraram no revisionismo sob a liderança de depravados intelectuais pequeno-burgueses.

 

 

              Dado que em quase todos os países do mundo a classe operária patina , desgasta-se e se torna subserviente nas lutas de resistência na frente económica, falhando em desenvolver uma consciência de classe "para si", visando a conquista política exclusiva de todo o poder do Estado, então a maré da pequena burguesia empobrecida contorce-se para se apoderar da condução dessas lutas para direccioná-las para as exigências reformistas favoráveis ​​a uma mudança eleitoral governamental. Outras formas e meios são defendidos, como a assinatura de milhares de petições de protesto, expressões pusilânimes do seu ressentimento juvenil; a realização de protestos por reformas legais em favor dos desfavorecidos, dos quais o exemplo sublime é a lei do Quebec que proíbe a pobreza (sic); outra lei modelo, Carta de “valores” genuinamente burgueses xenófobos do Quebec, que ataca directamente os trabalhadores e as trabalhadoras imigrantes; uma lei para tributar as transações financeiras; uma lei para proibir a especulação fraudulenta de acções ou a evasão fiscal ilícita em paraísos fiscais criados e protegidos pelo Estado dos ricos; bem como muitas outras irregularidades do mesmo tipo. Sem contar com o apetite da pequena burguesia por comissões públicas de inquérito para reintroduzir a ética na administração governamental e na política nacional, provincial, regional e municipal, desviando assim a aporia das classes antagónicas para o pântano da social-democracia reformista e do declínio eleitoral[xiv].

 

 

              O seu estilo de vida narcisista e dependente empurra-a instintivamente para a classe média alta, que ela serve obedientemente. Mas quando ocorre uma crise económica, como costuma acontecer num regime imperialista e a pequena burguesia é expulsa do seu loft hipotecado, aninhado na cidade, ela perde as suas roupas de marca e o seu grande motor emprestado. A pequena burguesia enfurece-se então, amaldiçoa o trabalhador que se recusa a trabalhar mais para ganhar menos, para permitir aos capitalistas manterem os seus lucros, sustentarem o emprego, dinamizarem a economia e os mercados de bens e serviços em que parasita a agora pequena burguesia. No meio da escassez e da miséria proletária, vestuário usado e bancos alimentares, a pequena burguesia conduz campanhas pela promoção da pobreza voluntária e contra o consumo intempestivo, a fim de fazer o operário sentir-se culpado por se ter revoltado contra o seu chefe de departamento que lhe cortou as suas horas de exploração.

 

 

A pequena burguesia segundo Marx

 

 

Na visão de Marx, a pequena burguesia tem pouco poder para transformar a sociedade, pois dificilmente se pode  organizar, com a competição de mercado posicionando os seus membros "uns contra os outros". A pequena burguesia é o cão de guarda social da grande burguesia, é um segmento da classe intermediária ocupando a sua existência como cunha entre a grande burguesia e a classe operária ou oferecendo os  seus serviços a uma e outra classe social antagonista.

 

 

 

              A pequena burguesia, isolada, individualista, egocêntrica e pedante, é muito vulnerável aos caprichos da economia e às transformações sociais que tanto reclama e teme. É por isso que rotulamos esse segmento de classe como hesitante, covarde, duvidoso, indisciplinado, anarquista e fortemente atraído pelo terrorismo, enquanto a sua resistência revolucionária vacila. Para a sua sobrevivência, a pequena burguesia é altamente dependente do poder da grande burguesia. Esta é a razão pela qual o Partido Revolucionário Operário deve manter este segmento da classe à distância e evitar que esses covardes se infiltrem nele para liquidar a revolução. Como esse segmento de classe é muito ostentoso, vociferante, agitado e posicionado na dobradiça da porta entre a classe capitalista e a classe operária, dois inimigos irredutíveis que gostaria de reconciliar, o Partido Revolucionário Operário deve primeiro dirigir os seus golpes mais violentos contra este segmento de classe ulcerado - vanguarda Pigmalião dos grandes patrões hipócritas.

                               Pequena burguesia e revolução comunista

 

              A classe operária deve manter-se o mais longe possível da influência doentia e mesquinha da pequena burguesia urbana flutuante e instável, que não é a principal adversária do proletariado, concordamos, mas, no entanto, constitui a braço político dos patrões.

 

 

              A vanguarda da classe operária consciente deve conter este segmento da classe e impedi-lo de se infiltrar e se insinuar nas organizações revolucionárias da classe operária, como foi o caso nos Estados Unidos, França e Canadá durante os anos 1970-1980 (PCO, En Lutte, PCC [ML], Aliança Bolchevique, PCC, Ligue Socialiste Trotskyist e os Social Democratas), bem como na maioria dos países imperialistas que então iniciaram o seu declínio com um renascimento passageiro de prosperidade. Recentemente, eles voltaram ao serviço com o aumento da agitação de operários e estudantes activistas.

 

 

              Recordamos que naquela época, na maioria dos países imperialistas, assim que a crise sofreu uma calmaria e a economia experimentou uma ligeira bonomia, todos esses órfãos de Kautsky, Bernstein, Trotsky, Khrushchev, Tito, Gramsci e Mao se eclipsaram na natureza à procura de um bom emprego em ONGs subsidiadas, universidades e colégios, ao serviço político da grande burguesia reconciliada, demonstrando grande fervor pelo estado burguês temporariamente reabilitado, abandonando a classe operária traída. Ainda hoje esses pseudo-esquerdistas exigem a intervenção do estado capitalista dos ricos sempre que um segmento ou outro do povo e dos operários exige equidade, justiça ou se opõe à polícia. No ano passado foram os alunos, filhos e filhas dos operários que enfrentaram a polícia, imediatamente a pequena burguesia exigiu uma comissão de inquérito estatal para desarmar a resistência estudantil contra a arbitrariedade dos ricos.

 

 

              A presente "retoma" da crise económica sistémica está a causar a reactivação de fragmentos da pequena burguesia empobrecida - hoje propondo recriar uma variedade de "Partido Comunista", novas organizações revisionistas e vários substitutos do Partido "Comunista" virtualmente reconstruídos. , cidadão comunitário e verdadeiramente pseudo-solidário, e tanto mais radicais, cada um mais radical que o outro - até ao ponto da decepção desses pequenos burgueses frustrados, atirados para a calçada apesar de todos os serviços prestados aos seus delapidados senhores.

                               Os fundamentos do desespero burguês

 

              O desenvolvimento caótico, desigual e combinado do modo de produção capitalista anárquico e a resultante divisão internacional do trabalho levaram ao hipercrescimento dos sectores terciários de actividade (comércio, distribuição, serviços, comunicação, finanças, bancos, bolsa de valores, etc., seguros, educação, formação, cultura, desporto, lazer, restauração, hotéis, viagens, burocracia sindical, etc.), daí a expansão e extensão significativa dos empregos para as classes médias baixas acreditadas. Este segmento de classe pro-lixo, subjectivo, idealista, narcisista e místico aspira a viver a vida de milionários e a imitar, embora com parcimónia, até mesmo caricaturalmente, a vida dos ricos e famosos que lhes são inacessíveis excepto pela televisão e espectáculos "para dar nas vistas" em que a televisão se esforça por lhes dar a beber.

 

 

              Esta multidão da Boémia burguesa (boémios) tem interesse em aumentar as taxas que o Estado arrecada sobre os rendimentos dos assalariados para manter os seus empregos, mesmo quando sofre o peso total destes aumentos de impostos, encontrando-se acima da pilha de pagamento. Um belo dia, apesar desses impostos e taxas exorbitantes, a enorme dívida soberana arrastará o governo dos ricos para o colapso económico. Em vez de se revoltar e de se alistar no exército proletário do Partido Revolucionário Operário para derrubar o poder dos oligarcas monopolistas, a pequena burguesia apelará à solidariedade dos trabalhadores para compartilhar a sua pobreza[xv].

 

 

              Ainda recentemente, um cacique, fetiche desses vigaristas e plumitivos, explicava aos seus associados que o estado ainda podia pedir empréstimos e que a taxa de endividamento soberano era uma forma de calcular  da parte do soberano. Esse paradigma keynesiano, apaixonado por JK Galbraith, o economista dos reformistas, só se propunha atrasar o cronograma de dívidas públicas a serem saldadas aos banqueiros ocupados a contar os seus lucros antecipados na antecâmara da Assembleia Nacional da "Pátria" " em perigo[xvi].

 

              O Partido Revolucionário Operário nunca se deve sujeitar ou deixar –se invadir ou perverter por esse segmento de classe que, aconteça o que acontecer, sempre procurará optar pelo compromisso de classe, pela reforma do sistema, porque o pequeno burguês acredita sempre poder escolher o seu sofrimento, mesmo que ela não o tenha.

 

 

              É por terem esquecido ou negado essas verdades que os vários partidos políticos comunistas, à velha maneira (Khrushcheviana) ou a nova contrafação (Maoísta) se desligaram da sua base social e entraram em colapso - afogados sob o trotskismo intelectualista, a social-democracia eleitoralista, o titoísmo autogerido, o eurocomunismo efémero, o reformismo alter-globalização, o ecossocialismo populista e o anarquismo libertário. E é por isso que devemos reconstruir as organizações revolucionárias hoje, desde a sua base operária até à sua cúpula proletária.

 

 

              O pequeno-burguês arrependido que hoje gostaria de unir forças com o operário deveria ser convidado a fazer a sua própria crítica ao seu passado político oportunista, especialmente se ele uma vez namoriscou com esses chamados apparatchiks comunistas que surgiram na primavera da crise para desaparecer no verão da recuperação económica. Portanto, talvez este palerma, tendo traído os seus interesses de classe pequeno-burguesa, tenha a humildade e a dedicação necessárias para servir ao Partido Revolucionário Operário, em vez do seu EGO sobre-dimensionado.

 

       Trabalhador assalariado – produtividade - precariedade

 

              Para fazer frente ao desaparecimento de cargos de gestão e administrativos, bem como de empregos qualificados, o estado imperialista está a tentar por todos os meios encorajar a proliferação de "trabalhadores independentes" em substituição do actual assalariado. Essas tentativas falharam amplamente. Aqueles que anunciaram no início do milénio a disseminação de milhões de trabalhadores autónomos a trabalhar nas suas casas graças à Internet, hoje só identificam desempregados ociosos e isolados, por vezes à procura de trabalho assalariado e muitas vezes desestimulados a encontrá-los.

 

              O seu número regride apesar das leis que lhes interessam (autónomos, trabalhadores no domicílio, microempresas). Através desses programas, o estado tem estimulado o aumento do número de trabalhadores precários (temporários, sazonais) inseguros, isolados, fáceis de substituir e explorar.

 

 

              O estado canadense apoiou o aumento do número de trabalhadores a tempo parcial. Finalmente, o estado cortou drasticamente os benefícios e reduziu a elegibilidade para os benefícios do subsídio de desemprego, o que os funcionários do estado chamam de taxa de cobertura do esquema de subsídio de desemprego - uma proporção do número de trabalhadores o recebimento de benefícios e o número de desempregados declarados -. Anteriormente (1990), essa proporção era de cerca de 85%, em 2013 é de apenas 36% (503.920 beneficiários para 1.380.300 canadenses desempregados oficialmente registrados). No Canadá, a taxa oficial de desemprego está em torno de 8% e 9% no Quebec. Na verdade, o centro de pesquisa IRIS estima que a taxa real é uma vez e meia maior, ou seja, 12% e 15%, respectivamente. Vimos que é cerca de 20% nos Estados Unidos. Todos esses desempregados recaiem nas costas dos trabalhadores num anémico “mercado de trabalho”. No entanto, apesar de todas essas medidas governamentais para reduzir os salários, os capitalistas ainda não conseguem restaurar as taxas de lucro e mais-valia. A crise económica é verdadeiramente universal e sistémica.

 

 

              Estas condições de exploração da força de trabalho atingem particularmente jovens, mulheres, imigrantes recentes, mas também antigos assalariados em fábricas não renovadas que o patrão decidiu explorar até ao limite e mais além, até que a fábrica delapidada entrou em colapso.

 

      Essas precárias relações de produção, que a burguesia desenvolve sistematicamente em vários países imperialistas, atendem obviamente ao objectivo de aumentar a mais-valia em detrimento do trabalho necessário. Mas a burguesia depara-se com este paradoxo de ter que economizar tanto quanto possível no aumento do valor do capital constante (Cc) responsável pela tendência de queda da taxa de lucro e também de espremer o capital variável (Cv) - ou seja, o assalariado  única fonte de mais-valia.

 

              Esforços nesse sentido já deram frutos em alguns países. Por exemplo, em 2002-2004 nos EUA: “Os ganhos na produtividade do trabalho foram surpreendentes: 4,4% contra uma tendência de longo prazo de 2,3% após a Segunda Guerra Mundial. Ainda mais surpreendente, esta aceleração não vem de um aumento cada vez mais rápido da intensidade de capital ... ”[xvii]. Isso é de facto um aumento na intensidade do trabalho e, portanto, na taxa de mais-valia absoluta sem capital constante (Cc) aumentando proporcionalmente. Mas o sistema de exploração da força de trabalho atingiu o seu limite além do qual o assalariado não pode mais renovar a sua força de trabalho e está em declínio. Foi na tentativa de travar essa tendência que o então presidente dos EUA, Barak Obama, anunciou o aumento do salário mínimo nos Estados Unidos (pelo menos para os funcionários do governo federal).

 

 

Outras 'economias' na parte circulante do capital, bens de entrada e saída, foram considerados. É “stock zero” e “produção optimizada”, “just in time”, produção desencadeada pelas vendas. Os stocks de produtos finais e suprimentos intermediários são capitais comprometidos, pagos, que nada trazem, como qualquer máquina ou trabalhador imobilizado. O objectivo é obter um processo de produção flexível cujo princípio reside na “flexibilidade”, para obter um processo de produção que deve reagir quase que instantaneamente às flutuações do mercado para incorrer apenas em despesas estrita e imediatamente necessárias, a fim de imobilizar o mínimo de capital possível, ao contrário da rigidez da pesada linha de montagem fordista. (...) Essa flexibilidade procurada no processo de produção conduz directamente ao trabalho precário que caracteriza a relação de produção capitalista contemporânea[xviii]. "

 

 

              A terceirização tem o objectivo de permitir a empresa capitalista monopolista se livrar do capital constante, colocando o ónus, no todo ou em parte, sobre os pequenos empresários, capitalistas não monopolistas. Em casos extremos, pode ir tão longe quanto a "empresa sem fábrica", como a Dell, com sede no Texas, o segundo maior fornecedor de computadores nos Estados Unidos, que não possui instalações de fabrico. A empresa-mãe retém apenas a gestão superior e as atividades de engenharia que lhe permitem reter o controle sobre os subcontratados por um tempo e apropriar-se do essencial da mais-valia. A acumulação financeira permanece por algum tempo nos grandes centros metropolitanos dos países dominantes. Enquanto isso, nos países da periferia, a extorsão da mais-valia é máxima, combinando todos os métodos: rede fordista taylorizada ao máximo, jornada de trabalho, ausência de feriados, alta intensidade de trabalho, baixos salários , condições de trabalho infernais. Preste atenção, no entanto, todas essas condições de exploração máxima nos países de subcontratação geralmente pressagiam o nascimento de um capitalismo nacional que ao longo do tempo monopoliza não apenas a produção, mas os mercados e a venda a crédito como os exemplos chineses, indianos, brasileiros, russos e sul-africanos o demonstram.

 

 

 

 

 

Produtividade do trabalhador assalariado

 

 

O trabalhador contratado pela empresa "subcontratada, just in time, fordista, taylorizada" deve aceitar trabalhar intensamente quando o capital precisa dele e ser despedido quando não precisar mais. Deve estar totalmente disponível para as necessidades do capital. Ele deve passar por uma alternância perpétua de períodos de intenso trabalho e desemprego, um deslocamento do local de trabalho de acordo com os movimentos de capitais (os operários chineses são transplantados com as suas fábricas de um país para outro). Deve sofrer os efeitos da nova divisão mundial do processo de produção desigual, combinada e por saltos. O trabalho assim dividido e intensificado não fornece nenhum rendimento líquido adicional ao operário assalariado alienado. Bem pelo contrário, o seu repasto é reduzido e incerto. Isso faz parte do que se entende por conceito de condições de trabalho precárias e flexíveis para maior produtividade[xix].

 

 

 

      Essa relação precária é aquela que o capitalismo monopolizado tende a generalizar como meio de aumentar a produtividade e a mais-valia. Apresenta várias vantagens para empresas com alta intensidade de capital variável (CV).

 

 

      O trabalho precário não é apenas um trabalho intermitente, just-in-time, mas também para o trabalhador a multiplicação dos empregos a tempo parcial, todos a gerar salários parciais. Os "working poors” (trabalhadores pobres) estão a ver o seu número crescer nos Estados Unidos (onde chegam a 97 milhões), no Reino Unido, no Canadá e na Austrália, onde este sistema foi estabelecido pela primeira vez[xx].

 

      O trabalho de curta duração é adaptado à busca da máxima intensidade e qualidade do trabalho expropriado (sobretrabalho); o rendimento do proletário é sempre maior nas primeiras horas da jornada de trabalho: “Como se intensifica o trabalho? O primeiro efeito do encurtamento da jornada de trabalho advém dessa lei óbvia de que a capacidade de acção de toda a força animal está na razão inversa do tempo durante o qual ela actua. Sob certas condições, ganhamos em eficiência o que perdemos em duração. [xxi] "

 

 

      Em relação à flexibilidade do trabalho assalariado, as coisas estão a mudar. No Canadá, por exemplo, quase 2 em cada 3 assalariados trabalham em horários atípicos, seja à noite, nos fins de semana, em tempo parcial ou em períodos imprevisíveis ou escalonados.

 

 

      Para que esse sistema de exploração da força de trabalho funcione com o menor preço possível, o estado deve intervir e ajudar a espremer o assalariado. É a própria sobrevivência da precária classe proletária que está em jogo - colocada no tapete do casino do capital. A exploração da força de trabalho é tão intensa e de preço tão baixo que o Estado deve complementar os salários intermitentes e, principalmente, insuficientes para garantir a reprodução da força de trabalho. Nos Estados Unidos, país que mais corre o risco de implosão económica sob o peso do crédito ao consumidor e da dívida soberana, sinais claros mostram que a saúde geral da classe operária está a murchar, forçando o Estado federal, em 2012, a implementar um regime de seguro saúde universal e obrigatório ao qual uma parte dos trabalhadores se opõe pela boa razão de que a sua pobreza é tal que eles não têm meios para pagar os prémios de seguro exigidos pelas empresas privadas de saúde. Sem mencionar que muitas das grandes empresas que anteriormente ofereciam programas de seguro aos seus funcionários estão a recuar para economizar nesses benefícios e repassando a conta para o governo e os seus funcionários.

 

 

                               Supremacia do proletariado revolucionário

 

              Ao lado das duas classes sociais antagónicas, activam-se outras classes e segmentos de classe. Mas nenhum deles pode substituir a classe operária revolucionária, porque nenhuma dessas classes ou sectores de classe é irremediavelmente compelido a resistir e a derrubar o modo imperialista de produção e as relações de produção para sobreviver e reproduzir. Só a classe operária é forçada a isso para garantir a sua posteridade, razão pela qual a classe proletária é totalmente revolucionária.

 

 

              Assim, camponeses sem-terra, cultivadores (fellahs), meeiros e operários agrícolas sem-terra, ainda numerosos em certos países da Ásia, África e América Latina (o que os maoístas chamam de periferia rural que circunda os centros metropolitanos urbanos onde residem os proletários aburguesados) não podem constituir a força dirigente do movimento socialista revolucionário, uma vez que o interesse do camponês é arrogar para si um pedaço de terra e instrumentos agrícolas privados e produzir para vender e ganhar rendimento. Num país onde há resquícios do modo de produção agrário feudal, a classe camponesa poderá apoiar a revolução socialista, mas chegará o dia em que a socialização da terra e da máquina agrícola irão chocar contra as suas ambições de pequenos proprietários.

 

 

              Não é a pobreza nem a intensidade do sofrimento sofrido ou dos sacrifícios feitos por uma classe ou por um fragmento de classe que determinam o seu papel histórico no movimento insurrecional comunista, mas a sua situação obrigatória e constrangida no processo social de produção e reprodução colectiva. Quanto mais as condições económicas e sociológicas de exploração de uma classe ou segmento de uma classe se assemelham às da classe principalmente explorada, oprimida e alienada, maior será a sua combatividade pela mudança revolucionária. Assim, apesar da árdua tarefa agrícola, idêntica nos dois lados do Atlântico, os trabalhadores das hortas "importados" do México, Marrocos ou Argélia para trabalhar como escravos assalariados para os horticultores periurbanos das grandes cidades estão mais próximos dos proletários dos países industrializados do que dos camponeses sem terra, que aspiram a ser proprietários de terras no México, Marrocos, Argélia e Brasil.

 

 

                               Autonomia organizativa do proletariado

 

              Lenine sublinhava em 1903: “Quanto mais jovem é o proletariado, mais os seus laços de parentesco com os camponeses são íntimos e recentes mais íntimos e novos, mais elevada será a percentagem destes no conjunto da população, e mais a luta contra toda a alquimia política das “duas classes” é importante. No Ocidente, a ideia do partido operário e camponês é pura e simplesmente ridícula. No Oriente, é desastrosa. Na China, na Índia, no Japão, é o inimigo mortal não só da hegemonia do proletariado na revolução, mas também da mais elementar autonomia da vanguarda proletária. O partido operário e camponês só pode ser uma base, uma máscara, um trampolim para a burguesia. " Lenine repetia tenazmente na época da revolução de 1905: "Cuidado com os camponeses, organizem-se independentemente deles, estejam prontos para lutar contra eles assim que agirem de forma reaccionária ou antiproletária".

 

 

              Em 1906, Lenine acrescentava: “Último conselho: proletários e semiproletários das cidades e do campo, organizem-se de forma independente. Não confiem nos pequenos proprietários, mesmo os muito pequenos, mesmo que “trabalhem” (...) Apoiamos totalmente o movimento camponês, mas devemos lembrar que é o movimento de outra classe, não daquela que deve e irá realizar a revolução socialista. " Finalmente, em 1908, ele completou o seu pensamento nos seguintes termos: “Não se pode de forma alguma conceber a aliança do proletariado e dos camponeses como a fusão de diferentes classes ou dos partidos do proletariado e dos camponeses. Não apenas uma fusão, mas mesmo qualquer acordo permanente seria fatal para o partido socialista da classe operária e enfraqueceria a luta democrática revolucionária. [xxii] "

 

                               Luta de classe e questão nacional

 

              No Manifesto do Partido Comunista, Marx e Engels escreveram: “Os comunistas distinguem-se dos outros partidos operários apenas em dois pontos. Por um lado, nas várias lutas nacionais dos proletários, eles propõem e afirmam os interesses independentes da nacionalidade e comuns a todo o proletariado. Por outro lado, nas diferentes fases de desenvolvimento que atravessa a luta entre o proletariado e a burguesia, elas representam sempre os interesses do movimento como um todo ”.

 

 

              Lenine explicou que em cada sociedade dividida em classes sociais existe uma classe exploradora e uma classe explorada. A conflituosa relação dialéctica que une e opõe essas duas classes - essas duas forças sociais - determina a evolução política - ideológica - económica de cada sociedade. Na sociedade capitalista, não pode haver "luta de libertação nacional" ou mesmo uma "questão nacional" fora ou acima do conflito de classes entre exploradores capitalistas e trabalhadores explorados. [xxiii]

 

 

              Tendo em conta este axioma, o Partido Revolucionário Operário terá necessariamente que se posicionar sobre qualquer questão de “opressão nacional” concreta de acordo com os interesses fundamentais da classe operária, não como um sector de uma nação, mas como um segmento da classe operária internacional.

                                                                                                                   

              Diante Lenine erguem-se Gramsci e os maoístas, esses revisionistas chauvinistas de um novo tipo, que propõem não "cair mais uma vez, na armadilha de confundir Estado e nação, no mito burguês (pacientemente construído ao longo dos séculos) de uma “nação francesa” com os seus “ancestrais gauleses”; armadilha que fez do primeiro Partido Comunista da França, o PC de Thorez, um apêndice de “esquerda” do chauvinismo “republicano”! Reconhecer a multinacionalidade da França significa reconhecer as periferias da construção económica / política / social “França”, é reconhecer e identificar correctamente o “campo” a partir do qual a Guerra Popular se deve desenvolver, em direcção aos Centros do poder capitalista! "[xxiv]

 

Ao que Lenine replicou há muito tempo: “O proletariado apoia o direito de cada nação à autodeterminação, até e incluindo a secessão. Apoiar um princípio e um direito não significa, de forma alguma, usá-los para fragmentar e enfraquecer as forças da classe operária em vários contingentes xenófobos. A guerra de classes do proletariado contra a burguesia é una e indivisível ”. As questões que desafiam o proletariado diante da opção da secessão nacional são as seguintes: quais as desvantagens sociais e económicas que tal opção causará à classe operária? Que vantagens obterão a classe operária e o povo desta "independência" e deste estado burguês explorador e opressor assim constituído?

 

 

As amplas camadas da população conhecem muito bem, pela sua vivência quotidiana, a importância dos laços geográficos e económicos, as vantagens de um grande mercado e de um grande Estado, e só pensarão em se separar se a opressão nacional e os atritos nacionais tornarem a vida comum absolutamente insuportável e dificultarem as relações económicas de todos os tipos. "[xxv].

 

A criação de um vasto "amigo" de todas as classes da "nação patriótica fraterna" é apenas uma ilusão, uma fraude, porque nenhuma unidade é possível entre a agressiva burguesia imperialista e os seus subalternos nacionais e o proletariado espoliado e oprimido. Se nos primórdios do capitalismo se podia falar de "comunidade cultural" entre a burguesia e o proletariado, com o desenvolvimento do capitalismo ao seu estadio imperialista, o agravamento da luta de classes abalou a chamada comunidade de interesses nacionais de todos os cidadãos da nação, se é que alguma vez existiu. “Não se pode falar dos 'valores comuns' de uma nação quando os patrões e trabalhadores de uma nação deixam de se entender. De que “comunidade de destino e valores comuns” se pode falar quando a burguesia tem sede de guerra, enquanto os proletários declaram guerra à guerra? "[xxvi]

 

Lenine acrescenta sobre a questão do direito das nações à autodeterminação, seja dentro de um grande estado confederado ou de um pequeno estado republicano nacional: "Em qualquer caso, o desenvolvimento do capitalismo continua, e continuará, num único estado heterogéneo, bem como em estados nacionais separados. Em qualquer caso, o trabalhador assalariado sofrerá exploração e, para combatê-la com êxito, o proletariado deve ser alheio a todo o nacionalismo, os proletários devem ser, por assim dizer, inteiramente neutros na luta da burguesia das diferentes nações. pela supremacia. "[xxvii].

 

 

              Enquanto parte integrante da nação, a classe trabalhadora sofre opressão racial, étnica, linguística, política ou jurídica no espaço político e geográfico do Estado capitalista? Se a resposta for positiva, o Partido Revolucionário Operário assumirá a causa contra esta opressão e mobilizará a classe para resistir a esta agressão; para erradicar completamente os fundamentos desta alienação racial, étnica, cultural ou linguística.

 

              Se a classe operária de uma nação não sofre opressão nacional, mas que pelo contrário a burguesia da nação da qual faz parte explora e oprime uma ou mais nações e / ou povos (as nações autóctones e o povo Métis no Canadá e Quebec, por exemplo), então o Partido Revolucionário Operário mobilizará a classe para repudiar todas as manifestações dessa opressão e apoiar a luta de libertação nacional dessas nações oprimidas até a secessão, inclusive. [xxviii]

 

              Para levar a cabo esta luta anticolonial e de libertação nacional, se necessário, o Partido Revolucionário Operário realizará acções independentes e nunca se colocará sob o controle da burguesia nacional, ou de um dos seus componentes, nem se sujeitará a qualquer partido político burguês, porque os pontos de vista e os interesses dessas classes sociais são antagónicas.

 

 

              O facto de a pequena burguesia nacional empobrecida sofrer os caprichos da crise económica, que os seus elementos percam os seus empregos e vejam o seu modo de vida desmoronar na cidade e nos subúrbios periféricos não constitui opressão nacional, étnica ou linguística e não justifica de forma alguma a mobilização da classe proletária em ajuda da pequena burguesia em luta, nem mesmo nas sociedades ocidentais onde o nacional-chauvinismo e a xenofobia são mais  predominantes do que na sociedade árabe e do Médio Oriente onde assola o fundamentalismo religioso e o chauvinismo[xxix].

 

 

              Cabe à pequena burguesia, em revolta e frustrada com o destino que os seus mentores depravados lhe reservaram, dar o seu contributo para a revolução comunista.

 

              A época histórica em que as lutas de libertação nacional podiam representar um elemento progressista na luta anti-imperialista mundial terminou com a Segunda Guerra Mundial. O carácter sistémico, integrado, globalizado e mundializado do capitalismo no seu estadio imperialista moderno significa que a aparente diversidade das formações sociais no mundo não reflecte uma variedade de modos de produção. O desenvolvimento desigual, combinado e crescente da economia política imperialista leva à coexistência de reminiscências de formas sociais arcaicas e elementos económicos ao lado de formas de economia modernas, comerciais, industrializadas e "terciárias". São esses últimos elementos que articulam todas as relações sociais e garantem a integração das economias nacionais atrasadas à irmandade dos países imperialistas mundiais. Assim, o cultivo da papoula para atender às necessidades dos mercados ocidentais no Afeganistão dos Talibã e do camelo é o factor determinante na evolução desta sociedade patriarcal e do modo de produção deste país neo-feudal e neocolonial.

             

              Não existem razões para o proletariado adoptar estratégias muito distintas de acção revolucionária em diferentes regiões do mundo, dependendo do seu nível temporário de desenvolvimento económico, industrial e terciário. A experiência histórica da sociedade de classes nos últimos setenta anos confirma que diferentes formações sociais decorrentes de diferentes histórias podem perdurar sob o moderno modo de produção capitalista-imperialista, mas que estão todas integradas no imperialismo que  beneficia das diferenças nacionais, étnicas e culturais para fortalecer a sua hegemonia. As formas de dominação política da burguesia podem variar de região para região de um país, ou de um continente para outro, mas em qualquer caso o poder que representam é sempre o mesmo imperialismo moderno.

 

 

              A ideia de que a questão nacional permanece em aberto em certas regiões do mundo e que, como conseqüência, o proletariado deve relegar a sua própria estratégia, tácticas e organizações de classe para segundo plano a favor de uma aliança com a burguesia nacional deve ser rejeitado. Somente quando o proletariado se unir para defender os seus interesses de classe é que a base de toda a opressão nacional será abalada. O Partido Revolucionário Operário rejeita qualquer manobra e acção que prejudique a unidade da classe operária internacional.

 

 

              A questão da revolução proletária é uma questão imediata, colocada e a ser resolvida, e nenhuma etapa nacional democrática burguesa, popular ou populista surge como pré-requisito para a revolução socialista, seja qual for o país em causa. Por outro lado, é óbvio que as condições objectivas e subjectivas para a revolução estão longe de serem satisfeitas, mas são essas tarefas e nenhuma outra que os operários revolucionários de todo o mundo devem cumprir.



 

Notas

 

[i] Le Figaro (17/09/2013)  46,5 millions de pauvres aux États-Unis.

[ii] New York Times.com  (07.11.2013)  Cut in Food Stamps Forces Hard Choices on Poor.

[x] Em economia burguesa, o sector terciário, entre os três sectores económicos das contas nacionais, é definido pela exclusão dos outros dois sectores: ele agrupa todas as atividades económicas que não fazem parte do sector primário ou do sector secundário. Este é o setor que produz serviços. O sector primário inclui atividades relacionadas com a extracção de recursos naturais ou a exploração directa do solo, subsolo e água, ou seja, a agricultura no sentido mais amplo, mineração e extração de combustíveis fósseis (sem processamento secundário), pesca (sem transformação do recurso), silvicultura ou florestal (sem incluir a transformação do recurso em produto acabado), caça e captura. O sector secundário inclui todas as actividades de processamento de matéria-prima, ou seja, manufactura, construção e transporte de todos os tipos.

http://fr.wikipedia.org/wiki/Secteur_tertiaire  

[xi] A estagflação é a inflação de preços associada à estagnação ou mesmo ao declínio da produção e da acumulação de capital, ou seja, reinvestimento lucrativo (reprodução alargada).

[xii] T. Thomas (2009) La crise. Laquelle ? Et après ? P. 75. http://www.les7duquebec.com/7-au-front/la-politique-du-capital-dans-la-crise/ 

[xvii] M. Aglietta et L. Berrebi (2007) Désordres dans le capitalisme mondial. Odile Jacob. Paris. http://www.alternatives-economiques.fr/desordres-dans-le-capitalisme-mondial-par-michel-aglietta-et-laurent-berrebi_fr_art_210_24974.html

[xviii] T. Thomas (2009) La crise. Laquelle ? Et après ? Pages 84-85. http://www.les7duquebec.com/7-au-front/la-politique-du-capital-dans-la-crise/ 

[xix] J. Aubron. N. Ménigon. J.-M. Rouillan. R. Schleicher (2001)  Le Prolétaire Précaire, notes et réflexions sur le nouveau sujet de classe.  Paris. Acratie.

[xxi] K. Marx O Capital.  I, 2.  P.93.

[xxii] Critique des Thèses fondamentales du projet de programme de l'I.C., juin 1928, chap. III. P.7.

[xxiii] R. Bibeau (2012) Impérialisme et question nationale. http://www.robertbibeau.ca/imperialisme.pdf   

[xxv] V. Lénine (1969) Sur la politique nationale et l’internationalisme prolétarien. Éditions de l’Agence Novosti. Moscou. P. 40. 

[xxvi] J. Staline (1979) Le marxisme et la question nationale. Éditions 8 Nëntori. Tirana. P. 53.

[xxvii] V. Lénine (1969) Sur la politique nationale et l’internationalisme prolétarien. Éditions de l’Agence Novosti. Moscou.  P. 42. 

[xxviii] R. Bibeau (2012) Impérialisme et question nationale. http://www.robertbibeau.ca/imperialisme.pdf

[xxix] R. Bibeau (2013) Intégrisme islamiste vis-à-vis chauvinisme nationaliste. [http://www.les7duquebec.com/7-au-front/integrisme-islamiste-vis-a-vis-chauvinisme-nationaliste/].

 

Extracto do Manifesto do Partido Operário, escrito por Robert Bibeau, editor da webmagazine Les 7 du Quebec. Um livro que, apesar de já estar traduzido para português, aguarda que o seu autor “refresque” o seu Capítulo VII para o editar e colocar à disposição dos leitores portugueses.



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