8 de Setembro de 2022 Robert Bibeau
A energia russa e os cereais ucranianos são duas grandes alavancas
económicas da guerra na Ucrânia e Vladimir Putin não hesitou em recordá-lo no
Fórum Económico Oriental em Vladivostok. Ameaçando primeiro cortar o
fornecimento de gás e petróleo se os países do G7 avançarem com o limite de
preços, o presidente russo questionou depois o acordo sobre o reinício das
exportações de cereais.
O G7 concordou na
passada sexta-feira em
aplicar um limite máximo ao preço do petróleo russo o mais
rapidamente possível. O objectivo: reduzir as receitas disponíveis para a
Rússia para financiar a guerra na Ucrânia. Note-se que a Europa também está a
debater-se com um aumento dos preços da energia, aumentando os receios da
chegada do Inverno.
A redução dos preços seria uma decisão absolutamente estúpida", disse
Putin aos líderes económicos russos e asiáticos em Vladivostok, na
quarta-feira.
Não forneceremos nada fora do âmbito dos contratos" assinados com os
países importadores, disse.
Washington, Otava e
Londres já proibiram as importações de petróleo russo e Bruxelas
decidiu um embargo que será totalmente implementado até ao
final de 2022. Mas a
Rússia continua a vender o seu petróleo no mercado internacional e a subida
dos preços dos barris permitiu-lhe mais do que compensar a queda dos volumes.
O líder russo apelou aos países europeus para que voltem à razão",
numa altura em que se levantam vozes no Ocidente, acusando a Rússia de usar a
energia como arma, "em retaliação pelas sanções relacionadas com a
intervenção militar da Rússia na Ucrânia".
Acusações rejeitadas quarta-feira por Vladimir Putin: Outro
disparate!", disse.
Cereais: Ocidentais enganaram a Rússia, diz Putin
Putin também falou
sobre o acordo para o reinício das exportações de cereais, concluído
em Julho com a Ucrânia sob a égide da Turquia e da ONU. Segundo o presidente russo, apenas as cargas
de dois dos 87 navios, que transportavam 60.000 toneladas de produtos, foram
entregues a países pobres. O resto, disse, foi entregue aos países da União
Europeia, o que seria contrário aos termos do acordo.
Mais uma vez, os países em vias de
desenvolvimento foram simplesmente enganados e continuam a ser enganados. É evidente que,
com esta abordagem, a dimensão dos problemas alimentares mundiais só aumentará
[...] o que pode levar a uma catástrofe humanitária sem precedentes."
Putin disse que vai contactar o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, para discutir possíveis restricções aos países que possam receber carregamentos de cereais ucranianos.
O ministro da Agricultura da Ucrânia disse quarta-feira que não tinha
conhecimento de quaisquer medidas oficiais tomadas pela Rússia para alterar os
termos do acordo, que continua a ser o único avanço diplomático significativo
desde que as forças de Moscovo começaram a invadir a Ucrânia em Fevereiro.
Sanções económicas
Vladimir Putin abordou
então a questão das dificuldades económicas da Rússia causadas
pelas sanções ocidentais, tomadas na sequência da ofensiva na
Ucrânia. Segundo ele, se subsistem alguns problemas "logísticos", o
pico das dificuldades já passou.
Em particular, defende que a taxa de desemprego está no nível mais baixo,
em 3,9%, "e que a inflacção está a diminuir". Em Julho, tinha
atingido 15% ao longo de um ano na Rússia, de acordo com a agência de
estatísticas Rosstat.
Admitiu, no entanto, que o aumento dos preços ainda representa uma
ameaça" uma vez que "afecta o nível de vida [das famílias]".
Admitiu ainda problemas "relacionados com a imposição de sanções
ocidentais, especialmente em empresas que foram fornecidas a partir da
Europa".
As sanções conduziram
a perturbações
logísticas significativas em determinados sectores, incluindo o
automóvel e a tecnologia, que já não conseguem receber as peças necessárias
para a montagem dos seus produtos.
Fonte: Énergie et céréales: Poutine brandit ses leviers économiques contre l’inflation – les 7 du quebec
Este artigo
foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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