22 de Setembro de 2022 Robert Bibeau
Fonte Comunia. Tradução e comentários:
CENA 1: ESTRASBURGO
, chefe da diplomacia europeia, discursa na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo. Os sites do governo ucraniano são incumbidos de dar à mensagem um alcance mundial.
Quando a Ucrânia lançou uma contra-ofensiva, foi muito mais eficaz
do que o
esperado. A estratégia que escolhemos desde o início é a correcta e temos de a
seguir. Não é hora de relaxar. Temos de dominar a partir de agora.
CENA 2: RÚSSIA
Zyuganov. Os restos da pequena burocracia estalinista querem uma guerra total.
Enquanto isso a
imprensa americana e europeia celebrou que a retirada do exército russo da
região de Kharkov (cerca de 3.000 km²) gerou o primeiro protesto sério dentro
da classe dominante russa em anos. O problema, que ficou para o corpo do texto,
é que aqueles que ergueram a cabeça para além do Telegram foram os
mais belicistas, para quem a mobilização militar do governo é
insuficiente. (Ver: https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2022/09/kharkov-nato-intensifica-guerra-ou.html
).
Zyuganov, o antigo
líder do chamado Partido
Comunista da Federação Russa, um partido ultra-nacionalista
putinista que reúne os votos da pequena burguesia e dos reformados em pequenas
capitais provinciais, articulava
a mensagem dentro do aparelho político do regime. (Ver: https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2022/09/a-operacao-militar-limitada-do-kremlin.html
).
Como é que uma operação
militar especial é diferente de uma guerra? Pode-se parar uma operação militar
a qualquer momento. Não se pode parar uma guerra, acaba em vitória ou derrota.
Não temos o direito de o fazer. Não entrem em pânico. Precisamos de uma mobilização
completa do país, precisamos de leis completamente diferentes.
Tradução: lei marcial, conscricção forçada e mobilização total da sociedade
para a guerra.
CENA 3: A "MÃO INVISÍVEL" NO CÁUCASO E NA ÁSIA CENTRAL
Crise entre o Tajiquistão e o Quirguistão esta manhã
Os combates na fronteira de
Nagorno-Karabakh recomeçam. A Rússia está a correr para o resgate da
Arménia e eles concordam em
medidas conjuntas para "estabilizar a fronteira". Os EUA
estão a pedir a Moscovo que se
envolva. Por outras palavras: enviar mais tropas.
A Organização do Tratado de
Segurança Colectiva, que, como vimos no Cazaquistão,
funciona como uma mutualidade para a repressão dos regimes na região, concordou em enviar tropas
para aliviar a
Rússia.
Mas como se uma mão invisível tivesse planeado
explorar até ao último conflito fronteiriço entre os próprios membros da CSTO, nessa mesma noite
começou o
tiroteio entre o Tajiquistão e o Quirguistão. E como em
Nagorno-Karabakh, isto
não parece diminuir ao longo das horas.
Entretanto, na Geórgia, a pressão da mão invisível sobre o governo através de partidos da oposição e comentadores mediáticos para abrir uma nova frente de guerra contra a Rússia é tal que o partido no poder acabou por propor a abertura das hostilidades.
O INVERNO ESTÁ A CHEGAR.
Na Alemanha, as classes
dominantes estão cada
vez mais conscientes de que estão
a perder o seu lugar no jogo imperialista mundial. Mas, pressionados
pelos EUA e com os
Verdes a aproveitarem-se do governo para quebrar a relutância de Scholz,
adoptaram "mais
guerra" como o seu mantra diário.
A mobilização total da
indústria dos meios de comunicação social para o abate é um facto. A imprensa
alemã questiona
as virtudes da contra-ofensiva ucraniana, reduzindo e
associando nazis,
anti-sociais e loucos, com medo dos efeitos da crise energética
e da rejeição da guerra.
Isto não é diferente em praticamente toda a UE. As burguesias europeias estão envolvidas na guerra. Quando a Ucrânia recuou, disseram-nos que era muito cedo para negociar qualquer coisa. Quando a Ucrânia avança, dizem-nos que a única paz possível virá de uma vitória total sobre a Rússia e que temos de perseverar.
Entretanto, a mão invisível da diplomacia e
da inteligência está a semear novas fontes de conflito desde os limites da Ásia
Central até ao Cáucaso. E os massacres multiplicam-se. (Ver: https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2022/09/kharkov-nato-intensifica-guerra-ou.html
).
Não podemos esperar
mais nada. Nem os desastres da economia de guerra nem a barbárie sob a forma de
cadáveres amontoados sacudirão os interesses imperialistas em jogo. Nem em Moscovo, nem em Washington, nem
nas capitais europeias. É tudo o que o capitalismo tem para nos oferecer.
Na UE, nos EUA e na
Rússia, as classes dominantes querem mais guerra, mais barbárie, mais massacres. Esta é
a sua maneira de assegurar
o negócio para o futuro. No seu grande jogo, a guerra não pára na Ucrânia, nem
mesmo na Rússia. No horizonte paira o cerco, ou mesmo o fim, da concorrência
chinesa. E para isso já estão a insinuar uma enorme quantidade de ucranianos.
É por isso que a guerra pode ser travada. No final de contas,
a capacidade do capital de manter e aumentar o seu compromisso com o confronto
imperialista, compromisso em que todos estão envolvidos, depende da sua
capacidade de sustentar o esforço de guerra sem oposição da classe social que
apoia a produção. É por isso que as mortandades podem ser interrompidas. Nós
podemos, os trabalhadores podem.
As opções para uma paz em
gestação nas chancelarias ou nos campos de batalha estão fechadas. Em vez
disso, o caminho para uma paz imposta por uma resposta ao empobrecimento que
nos impõem para continuar a travar uma guerra já está em aberto. Tens de passar por
isso.
Proletários
de todo o mundo, unam-se, abulam exércitos, polícias, produção de guerra,
fronteiras, trabalho salarial!
Fonte: PLUS DE GUERRE – TOUJOURS PLUS – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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