6 de Junho de
2023 Robert Bibeau
Por Brigitte Bouzonnie.
1°)- Brigitte Bouzonnie:
Tomamos a liberdade de publicar este extracto das memórias de Claude
BOURDET, um grande resistente do grupo de Combate que foi deportado para o campo
de Dachau. Ele assistiu a esta primeira reunião do CNR, e relata-a no seu livro
de memórias. Recordo-vos que BOURDET era muito próximo de Henry FRENAY, com
quem criaram o COMBAT ("zone sud"). Quando FRENAY partiu para
Londres, confiou as chaves da COMBAT a Claude BOURDET. É de notar que FRENAY
era muito crítico em relação à forma "partido político", que
considerava comprometida para sempre por ter dado plenos poderes ao Marechal
PETAIN.
2°)- Claude Bourdet:
"Foi nestas condições que, a 27 de Maio de 1943, o Conselho Nacional da Resistência se reuniu em Paris, na rue du Four, num apartamento onde vivia um amigo de Moulin. Eu tinha sido nomeado para representar o Combat. Apesar da fusão, tínhamos exigido e conseguido ser representados por um delegado de cada um dos movimentos unidos, caso contrário estaríamos em grande desvantagem em relação à zona norte. Os outros dois delegados da zona sul são Pascal COPEAU pelo "Libération" e Antoine AVININ pelo "Franc Tireur". Dos movimentos da zona norte, destacam-se BLOCQ-MASCART pela OCM, LECOMPTE-BOINET pela CDLR, COQUOIN pela CDLL, BRUNCHWIG-BORDIER pelo LIBERATION Nord. A Frente Nacional Norte e Sul (próxima do Partido Comunista) tinha apenas um representante, Pierre VILLON. O Partido Socialista é representado pelo nosso velho amigo Daniel MAYER, que vê nisto uma vingança pela nossa recusa em recebê-lo no Comité de Direcção da Zona Sul. O PCF é representado por André MERCIER (mais tarde Auguste GILLOT). Os sindicatos são representados por Louis SAILLANT, pela CGT, e Gaston TESSIER, pela CFTC.
Estávamos curiosos para ver os representantes destes partidos políticos
fantasmas, cuja presença tanto nos tinha incomodado. Por um lado, ficámos
aliviados: os Democratas Populares estavam representados por Georges BIDAULT.
NOGUERES informa que MOULIN tinha querido que ele representasse o
"Combat"... para não ter dois homens da FRENAY. É claro que
recusámos; as relações com BIDAULT eram demasiado tensas para que ele
representasse o movimento (COMBAT). Por outro lado, a sua presença como
representante dos Democratas Populares era a garantia de que haveria menos um
"sepulcro caiado". O Partido Radical é representado por Marc RUCART.
BASTID era membro do Comité de Estudos Gerais e, portanto, associado ao
trabalho da Resistência, pelo que também não era um "homem de
fachada"...
Para o partido de Louis MARIN, da Fédération Républicaine, havia um jovem
de olhar atento e discurso enérgico que observávamos com espanto. A sua atitude
e a sua linguagem não eram as que esperávamos de um velho partido de direita:
era Jacques DEBU-BRIDEL. Na verdade, como nos apercebemos um pouco mais tarde,
ele estava ainda mais próximo da Frente Nacional do que de Louis MARIN; era
mais um exemplo da táctica de abertura dos comunistas; da sua maneira, como costumávamos
dizer, de "fazer a ponte" sobre nós. De facto, após a guerra, foi
membro da Frente Nacional e, depois, rompendo com os comunistas, tornou-se um
dos líderes da tendência mais progressista do gaullismo do pós-guerra. Não
estou certa de que ele tenha sido muito fiel ao pensamento de Louis MARIN.
Quanto à Aliança Democrática, o partido de centro-direita, era representado por um completo desconhecido, mas que devia a esta nomeação uma carreira política brilhante: Joseph LANIEL...
A reunião do CNR decorreu sem incidentes, com algumas intervenções, a leitura de uma mensagem de DE GAULLE e a adopção unânime de uma moção preparada por BIDAULT e que, de qualquer modo, na zona sul, já conhecíamos e tínhamos aprovado. Dizia sobretudo que queríamos um verdadeiro governo provisório, repudiando de uma vez por todas Vichy, os seus homens, os seus símbolos e as suas extensões, um governo confiado ao General de GAULLE. Queríamos também que GIRAULT assumisse o governo do Exército francês renovado" (fim do extracto).
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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