13 de Junho de
2023 Robert Bibeau
Por Dominique Delawarde.
Não é preciso ser especialista em geopolítica para perceber que o G7 é
hoje, junto com a Otan, um dos órgãos de retransmissão da ideologia
neoconservadora e mundialista dos EUA.
Lembre-se que essa ideologia visa preservar a hegemonia mundial do clã
ocidental sob a liderança dos EUA, para o século XXI.
Como a nossa grande media
tem dito e repetido no seu slogan de propaganda para campanhas de vacinação
contra o Covid: "Podemos
debater tudo menos números". Sobretudo quando estes números provêm de
fontes tão respeitáveis (?) como o FMI, uma organização criada pelo Ocidente,
para o Ocidente, no final da 2.ª Guerra Mundial, e cujas previsões a curto e
médio prazo são sempre bastante complacentes com o campo EUA-NATO.
Examinemos em conjunto, e em números, o que foi o G7 desde a sua criação em
1975, o que é hoje e as suas perspectivas futuras, e retiremos as conclusões
necessárias.
Em 1975, quando foi criado, os países que compõem o G7 hoje representavam 16% da população mundial e mais de 52% da sua economia. Actualmente, representam apenas 8,3% da população mundial e menos de 30% da sua economia.
Esta nova situação é o resultado de um duplo declínio económico e demográfico,
inexorável e contínuo, de quase meio século, um declínio que, infelizmente, não
está prestes a terminar se acreditarmos
nas últimas previsões da ONU e do FMI para o ano de 2028.
Esta é a mais recente publicação sobre a evolução das
economias dos países do G7 nos últimos 30 anos. (fontes FMI, última atualização abril
2023)
PAÍSES DO G7 |
PIB 1992 $ biliões (PPC) |
PIB de 2023 $ biliões (PPC) |
Previsões do FMI para 2028 $ biliões (PPC) |
EUA |
6 520 |
26 850 |
32 350 |
JAPÃO |
2 760 |
6 460 |
7 310 |
ALEMANHA |
1 830 |
5 550 |
6 570 |
FRANÇA |
1 210 |
3 870 |
4 610 |
Reino Unido |
1 090 |
3 850 |
4 600 |
ITÁLIA |
1 250 |
3 200 |
3 700 |
CANADÁ |
589 |
2 390 |
2 870 |
G7 |
15.249 (45,8%) PIB mundial) |
52.170 (29,9% do PIB Global) |
62.010 (27,8%) PIB mundial) |
MUNDO |
33 290 |
174 470 |
223 270 |
O declínio da participação do
G7 na economia mundial é considerável, especialmente se levarmos em conta o
tradicional optimismo do FMI a favor dos países membros do G7 e se compararmos
com a participação dos 5 países do BRICS, que está a aumentar acentuadamente.
PAÍSES BRICS |
PIB de 1992 em biliões de dólares (PPC) |
PIB de 2023 $ biliões (PPC) |
Previsões do FMI para 2028 $ biliões (PPC) |
CHINA |
1 460 |
33 010 |
44 030 |
ÍNDIA |
1 080 |
13 030 |
19 310 |
RÚSSIA |
1 600 |
4 990 |
5 750 |
BRASIL |
1 070 |
4 020 |
4 860 |
ÁFRICA DO SUL |
266 |
990 |
1 180 |
PAÍSES que se tornaram BRICS em 2001 |
5.476 (16,4% do PIB mundial) |
56.040 (32,1% do PIB mundial) |
75.130 (33,7%) PIB mundial) |
PIB MUNDIAL |
33 290 |
174 470 |
223 270 |
A análise dessas duas
tabelas levanta várias questões sobre o futuro e a relevância do G7.
1 – Em 2023, a
participação do PIB/PPC acumulada pelos 5 países do BRICS já superou a dos 7
países do G7 na economia mundial (32,1% contra 29,9%). A lacuna agora aumentará rapidamente a favor dos
BRICS sob o triplo efeito da adesão gradual de novos membros aos BRICS, a
dinâmica subjacente que dá aos países do BRICS um crescimento muito mais forte
do que os do G7 e as sanções anti-Rússia boomerangue que penalizarão mais
fortemente as economias dos países do G7 e aumentarão o diferencial de
crescimento a favor dos BRICS.
Se poderia parecer
natural que o G7 governasse a economia mundial em 1975, quando representava
mais da metade do PIB/PPC mundial, ou mesmo em 1992 com 45,8% desse mesmo PIB,
ainda é relevante em 2023 quando os BRICS já ganham, no PIB/PPC acumulado, e recebem a promessa de um
futuro muito melhor do que o do G7?
2 – O duplo declínio demográfico e económico
dos países do G7 terá um impacto cada vez maior no aparelho militar dos países
membros. É preciso pessoal para constituir as Forças Armadas, mas também são
necessários grandes orçamentos para adquirir equipamentos de grande porte que
são cada vez mais caros. Os 5 países do BRICS já são 4 vezes mais populosos que os 7 países
do G7 e agora têm um PIB/PPC maior. Amanhã terão uma população e um PIB/PPC muito superiores aos do G7,
após o alargamento e depois de anos de maior crescimento. O declínio militar dos países do
G7 e da OTAN é, portanto, inevitável.
3 – A estes problemas
de declínio demográfico e económico junta-se o problema da dívida. No final da
Guerra Fria, em 1990, os Estados Unidos tinham uma dívida de 3 biliões de
dólares e um orçamento de defesa de 300 biliões de dólares. ( https://www.usdebtclock.org/300.html ).
Hoje, a dívida dos EUA chega a 1990,31 biliões de dólares. Aumentou dez vezes e
continua a explodir. Os gastos com defesa, em grande parte financiados pela dívida, chegam a 840 biliões
de dólares. O rácio da dívida dos EUA está agora acima dos 800% do PIB. Os
défices crónicos e astronómicos do orçamento federal (120,1 bilião de dólares)
e do comércio exterior (481,1 bilião de dólares) não deixam esperança de
melhora, muito pelo contrário. https://www.usdebtclock.org/index.html
O Japão, a segunda maior economia do G7, tem agora um rácio da dívida pública de 264% do seu PIB.
Todos os países do G7, com excepção da Alemanha, têm
um índice de endividamento acima de 100% do PIB.
Os credores, cada vez mais preocupados, que estão a ver o mundo virar de cabeça para baixo, relutam em emprestar cada vez mais aos países membros do G7 que são ricos apenas das suas dívidas e cujo futuro não parece brilhante, tanto económica quanto demograficamente.
Muitas pessoas estão a recolocar os seus títulos do Tesouro americano no mercado, ao ponto de os EUA não comunicarem há quatro meses a percentagem da sua dívida ainda detida por países estrangeiros. As actualizações dos relatórios mensais pormenorizados sobre a situação cessaram, estranhamente, no final de Janeiro de 2023, e pela primeira vez desde que existem. Estará o Departamento do Tesouro dos EUA a tentar esconder um acontecimento recente que está a prejudicar a reputação do dólar? Ou quer evitar reacções de pânico por parte dos credores devido a uma falta de confiança
O crédito é caro quando
o risco de insolvência do mutuário aumenta.
Com que dinheiro, com que dívidas adicionais, emprestadas por que credores e a que taxas de juro, tencionam os membros amigos do G7, cujas economias estão a meio gás, aumentar as suas despesas com a defesa, a fim de restaurar as suas indústrias de armamento e recuperar o poder militar que consideram necessário para fazer face ao que consideram ser ameaças à sua hegemonia? E quando? Quantos anos passará a guerra na Ucrânia antes de estarem preparados? Não será demasiado tarde para organizar um "surto"?
De que forma esperam os países do G7 travar o declínio constante que os afecta desde a sua criação, em 1975? Tanto mais que a energia e as matérias-primas, que a maior parte deles não possui, se tornarão cada vez mais caras em consequência das sanções anti-russas, apesar de constituírem a base de economias fortes...
A conclusão é simples, o G7 está gradualmente a perder a sua relevância num mundo multipolar que está cada vez mais organizado sem ele e, talvez, até contra ele.
Em 1975, quando os países do G7 respondiam por 52% do PIB mundial, um
comunicado de imprensa de 1.295 palavras concluiu a primeira cimeira da
organização. O G7, então, jogou sobriedade, modéstia. Ele tinha a certeza do seu
poder.
Em 2023, o comunicado
de imprensa de um G7 com 29,9% do PIB mundial foi de 25.055 palavras (20 vezes mais do que em 1975). Por conseguinte, o G7 procura
agora insuflar-se de importância pela extensão das suas declarações. (O sapo
(G7) que quer ser tão grande quanto o boi (BRICS)?
É evidente que, quanto menor for a parte do G7 na economia mundial, mais o G7 se insinua, se intromete nos assuntos alheios, pretende ditar a sua vontade ao mundo, pede, exige, condena, dá boas e más notas e considera-se uma direcção da economia mundial.
Essa atitude não faz mais sentido e fará cada vez menos com o passar dos anos e do declínio. O G7 é uma instituição que caminha resolutamente para a bancarrota. O barco dos 7 países mais endividados do mundo está a afundar, mas a orquestra neoconservadora e mundialista continua a tocar cada vez mais alto.
Todos nos lembramos
das declarações peremptórias de alguns comediantes franceses que nos fizeram
rir. https://www.youtube.com/watch?v=Ntzacqlm-Ac e https://www.dailymotion.com/video/x89c9xa
Um dia, teremos que responsabilizá-los pelas fake news com que nos encheram
e pelas falsas esperanças em que nos embalaram ao anunciar a vitória pelo
simples colapso económico do adversário. O tempo dirá que é QUE entrou em
colapso
O G7 tornou-se, portanto, um hospício. Veja os detalhes no excelente vídeo abaixo de François Asselineau: https://www.youtube.com/watch?v=SrG3699ZstQ
Fonte: Déclin de l’importance du G7 dans l’économie et la finance internationales – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
Sem comentários:
Enviar um comentário