segunda-feira, 12 de junho de 2023

Maçãs, pêras, mas não uma qualquer

 


 12 de Junho de 2023  Olivier Cabanel  

OLIVIER CABANEL — Está-se sempre a ouvir: 5 frutas e legumes por dia. Diz-se que esta "regra absoluta" garante uma boa saúde.

 


Mas há legumes e legumes!

A maior parte das frutas e legumes oferecidos provêm de grandes explorações agrícolas, onde os insecticidas, pesticidas e outros produtos nocivos são utilizados com moderação.

A França lidera o grupo de envenenadores europeus com 75 000 toneladas de pesticidas por ano.

Foram descobertas 103 toneladas de alguns dos pesticidas mais perigosos e, por conseguinte, ilegais, que deverão sair dos nossos pratos antes do final de 2009.

A agricultura biológica, de que todos falam, continua a ser apenas um epifenómeno no nosso país, com apenas 2% das terras cultivadas, em comparação com 15% em Espanha e Itália.

E mesmo que os consumidores optem pela agricultura biológica, continuam a ser ameaçados pelos pesticidas, uma vez que um inquérito da AirParif revelou que entre 25% e 75% dos pesticidas pulverizados na região de Beauce acabam no ar na região da Ile-de-France, transportados pelo vento até Paris.

Há anos que François Veillerette, presidente da associação MDRGF, dá o alarme, juntamente com outros, mas os governos que se seguiram não reagiram.

(Pesticidas, revelações sobre um escândalo francês, publicado pela Fayard em 2007).

As uvas, as pêras e os pimentos estão no topo da lista dos legumes e frutos mais poluídos: até quase 20% no caso das uvas.

Alguns deles (maçãs) recebem até 27 tratamentos antes de serem oferecidos para consumo.

Lavar e descascar os frutos e legumes não faz qualquer diferença, porque algumas moléculas perigosas podem penetrar neles até 8 milímetros de profundidade.

Muitos destes pesticidas acabam no solo e depois no lençol freático.

Na região de Isère, em França, observei que os níveis de pesticidas excederam a norma autorizada durante vários anos, mas isso não levou a que o abastecimento de água fosse cortado ou a que fossem tomadas quaisquer medidas para limpar a situação.

Os pesticidas, como o arsénico de sódio utilizado no tratamento das vinhas, são reconhecidamente cancerígenos.

A Comissão Europeia, com a sua arrogância, anunciou controlos mais rigorosos.... a partir de 2011.

Mas, ao mesmo tempo, no dia 1 de Setembro, a União Europeia alterou o limite máximo de resíduos (LMR) dos pesticidas, que é agora 40 vezes mais elevado do que o anteriormente aplicado em França.

Fonte: http://www.mdrgf.org/news/news280808_LMR_pesticides.html

Outra consequência dos pesticidas é igualmente dramática, uma vez que são responsáveis pela feminização das espécies (ver o meu artigo "Onde estão os homens?") e são responsáveis pela redução até metade do número de espermatozóides nos homens.

Aqueles que optam por comer apenas frutas e legumes das nossas colónias distantes devem ser rapidamente dissuadidos.

A clordecona tem causado estragos (ver o meu artigo " dieta de Bananas").

Há anos que este pesticida é fortemente pulverizado nas plantações de bananas.

Calcula-se que, só nas Antilhas, tenham sido pulverizadas 1 250 toneladas e que sejam necessários pelo menos 7 000 anos para limpar a terra e os rios.

Proibido nos Estados Unidos desde 1976, este pesticida é utilizado em França desde 1981 e só foi proibido em 1990, quando as Antilhas obtiveram uma derrogação para prolongar a sua utilização até 1993 (embora a clordecona esteja classificada como possível agente cancerígeno desde 1979).

O problema já não se prende apenas com a contaminação das bananas, mas também com a do solo e de outras plantas, que continuam a absorver os pesticidas: as mais afectadas são as que crescem no solo, como a mandioca, a batata-doce e o inhame, bem como as cucurbitáceas contaminadas, embora em doses mais reduzidas.

O cancro, que afecta um em cada três franceses, custa à segurança social entre 3.000 e 6.000 euros por mês, por doente.

É por isso que o Governo acaba de publicar discretamente um decreto que limita o reembolso dos tratamentos para os doentes de cancro, sob certas condições.

http://www.legifrance.gouv.fr/affichTexte.do?cidTexte=JORFTEXT000020315160 http://www.legifrance.gouv.fr:80/jopdf//jopdf/2009/0227/joe_20090227_0044.pdf

Porque como dizia um velho amigo africano: "são as pessoas que procuram os problemas, e não o contrário".

 

Fonte: Des pommes, des poires, mais pas n’importe quoi – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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