segunda-feira, 24 de junho de 2024

O macaco descende do homem

 


 24 de Junho de 2024  Olivier Cabanel  

OLIVIER CABANEL — É um estrondo no mundo científico: acaba de surgir uma teoria surpreendente.

Devemos isso a C. Owen Lovejoy.

Ele não é um desconhecido.

Já colaborou nos trabalhos sobre o esqueleto da famosa Lucy.

Lucy tinha 3 milhões de anos.

Não é o caso de Ardi, o esqueleto recentemente descoberto.

Esta fêmea (ardipithecus ramidus) foi descoberta por Tim White e a sua equipa na Etiópia, em 1992.link

No dia 2 de Outubro, foi a revista "Science" que deu a pedrada no charco: de acordo com C. Owen Lovejoy e sua equipa de cientistas, Ardi (pithecus) era 1,4 milhão de anos mais velho que Lucy.

Com uma altura de 1,20 metros e um peso de 50 kg, Ardi é o nosso ancestral mais antigo conhecido até à data.

Ela tinha mãos menores do que as de grandes macacos, e seu cérebro era muito pequeno, do tamanho de um macaco bonobo.

Capaz de balançar de galho em galho, com os seus 4 membros, também pode mover-se verticalmente.

Já sabíamos que nossos antepassados eram negros, o que foi comprovado por estudos baseados em DNA, e que relatei num artigo no AgoraVox. link

Mas aqui vem o melhor.

Lovejoy afirma que é o macaco que descende do homem e não o contrário.

Ele diz: "As pessoas tendem a acreditar que somos descendentes de algo que se parece com um macaco. Na verdade, é exactamente o contrário: os macacos descendem de algo que mais parece um humano, bem, de uma linhagem comum que deu origem aos humanos. Uma ideia muito popular é que os humanos são uma espécie de chimpanzés modificados; Ao estudar Ardi, aprendemos acima de tudo que não podemos aprender ou modelar a evolução humana a partir do estudo de chimpanzés e gorilas."

A teoria clássica dizia que o nosso ancestral decidiu levantar-se quando deixou a floresta, e escolheu a planície.

No caso de Ardi, isso não se sustenta, porque acontece que ela vivia num ambiente arborizado.

Se ela continuou a viver nas árvores enquanto era bípede, foi para comida e para sexo. link

De facto, se observarmos os chimpanzés, percebemos que eles devem medir-se uns contra os outros para conquistar o coração da beleza.

Quando um macho é menos poderoso, ele deve tornar-se mais inteligente, e oferecerá comida apetitosa à fêmea, a fim de seduzi-la; Link.

No caso de Ardi, esta era uma estratégia perigosa, pois expunha o postulante aos predadores, e os machos tinham muito mais hipóteses de sucesso se pudessem segurar a comida com as mãos.

Por isso, tinham de se deslocar em duas pernas.

De seguida, tinham de seduzir a fêmea quando o macho dominante estava de costas.

Segundo Lovejoy, "a principal origem do bipedalismo foi, portanto, o sexo".

Vinda de um 'Love-Joy', esta teoria não deve surpreender!

E, no entanto, em breve poderemos ter inveja dos chimpanzés.

Num artigo publicado no Le Monde de 4 de Dezembro de 2007, Elise Barthet relata uma experiência espantosa realizada pelo professor Tetsuro Matsuzawa. link

Afirma ele que “muitas pessoas acreditam ingenuamente que os seres humanos são as criaturas mais inteligentes do planeta. A investigação que efectuei prova claramente que estão enganados".

A mesma experiência foi efectuada com 12 estudantes de um lado e 6 chimpanzés do outro.

Em 1/5 de segundo, uma série de números de 1 a 9, dispostos aleatoriamente, apareceram num ecrã táctil.

Os números são depois substituídos por quadrados brancos.

Os números devem então ser reproduzidos um a um, por ordem crescente.

O desempenho dos chimpanzés excedeu largamente o dos estudantes, em termos de precisão e de rapidez.

O professor Matsuzawa vai ainda mais longe, sugerindo que "os seres humanos foram provavelmente dotados originalmente das mesmas capacidades de memorização que os chimpanzés. Terão perdido esta qualidade ao longo da evolução, abandonando as suas antigas capacidades para adquirir novas".

Assim, como dizia um velho amigo africano: "a mãe do galo mais orgulhoso nunca foi mais do que um ovo no início".

 

Fonte: Le singe descend de l’homme – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




 

Sem comentários:

Enviar um comentário