26 de Junho
de 2024 Robert Bibeau
Por PCI – O proletário. Em http://www.pcint.org/
Título original: Aceitar o terreno eleitoral a favor ou contra a
extrema-direita? Lutar contra o "fascismo"? Ou devemos escolher o
terreno da luta de classes e da defesa dos interesses proletários?
Publicamos aqui o documento de posição
do Partido Comunista Internacional[1] que
publica o Le Proletaire em França na sequência da surpreendente
dissolução do Parlamento pelo Presidente Macron após a vitória eleitoral da
extrema-direita nas eleições europeias. As novas eleições que se realizarão
muito rapidamente, a 30 de Junho e a 7 de Julho, parecem abrir caminho a um
governo do Rassemblement national de Marine Le Pen.
Imediatamente, todas as forças de esquerda criaram uma "Nova Frente Popular" com referências explícitas a 1936 e ao período pré-guerra. Teremos a oportunidade de voltar ao significado e às consequências políticas desta dissolução em termos da posição do capital francês no plano imperialista. Não enfraquece a batalha pela liderança europeia travada pelo capital francês durante vários meses, e levada a cabo por Macron, face à marcha para uma guerra imperialista generalizada? É claro que um governo nacional, ou mesmo um governo da "frente popular", estará igualmente interessado em defender os interesses do imperialismo francês. Mas será que ele terá as mesmas capacidades?
Por outro lado, não há dúvida a ter a
nível nacional, isto é, perante o proletariado. Os ataques vão redobrar seja o
governo de extrema-direita, macronista de centro-direita – improvável – ou
possivelmente de esquerda. Os proletários têm muito a perder tomando um lado ou
outro. Em particular, a armadilha da luta "anti-fascista" é
muito provavelmente não só trazer de volta ao terreno eleitoral uma grande
parte dos 50% de abstencionistas, na sua maioria operários e assalariados, mas
sobretudo bloquear qualquer desejo e dinâmica de luta no terreno da defesa dos
interesses proletários.
A armadilha
está aí.
Até que ponto atrairá as forças mais
combativas do proletariado, as mesmas forças destinadas a atrair toda a classe
operária para o recuo? Este é o desafio imediato. Esta é a razão pela qual
tomamos o folheto do PCI como nosso, quaisquer que sejam as nossas divergências
políticas em qualquer outro lugar.
IGCL, 17 de Junho de 2024
Ver: https://les7duquebec.net/archives/292371 e https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2024/06/uma-retrospectiva-historica-da.html
e https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2024/06/transformar-guerra-imperialista-em.html
Com o êxito eleitoral da RN e as novas eleições, não é
uma frente popular eleitoral que pode opor-se aos ataques burgueses, mas a luta
de classes anti-capitalista!
Na sequência do sucesso eleitoral do RN e do mau resultado da lista governamental nas eleições europeias, Macron decidiu dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas. À esquerda, os partidos que se tinham digladiado no dia anterior voltaram a juntar-se num piscar de olhos, não só para defenderem os seus lugares de deputados, mas também para se oporem à ameaça da extrema-direita e defenderem a "democracia". Escolheram o nome "Frente Popular" para baptizar esta aliança, não só porque o nome "União de Esquerda" teria sido demasiado reminiscente da acção da esquerda ao serviço da ordem burguesa, mas sobretudo porque evocava vagas recordações da luta anti-fascista dos anos 30 - quando a Frente Popular tinha servido essencialmente para conter a gigantesca vaga de greves de 1936.
Esta Nova Frente Popular contou com o apoio implícito ou explícito da maioria dos sindicatos (CGT, CFDT, Solidaires, FSU, UNSA) e de grupos ditos de "extrema-esquerda".
Mais uma vez, como tem acontecido há décadas, agita-se um suposto perigo fascista encarnado pela FN ou pelo seu actual herdeiro, o RN, para mobilizar a população em geral e os proletários em particular em apoio à ordem estabelecida e às instituições da suposta república burguesa ameaçada.
O RN é, sem dúvida,
uma força política fundamentalmente reaccionária e anti-proletária, apesar da
sua propaganda demagógica, e a sua chegada ao poder só poderia ser sinónimo de
redobrados ataques capitalistas. Mas todos sabem que estes ataques não
esperaram pela vitória do RN: em linha com o governo Hollande, o governo Macron
não cessou ao longo dos anos de multiplicar as medidas anti-operárias (mais
recentemente a lei que endureceu as medidas contra os desempregados) e agravou
a repressão contra as mais diversas lutas e protestos sociais. A sua lei de
imigração foi votada no final do ano passado pelo RN! Esta política corresponde
às necessidades do capitalismo num período mais difícil para ele, os governos
em vigor são apenas os agentes mais ou menos eficazes; a ascensão da extrema-direita em França
como no resto da Europa reflecte a necessidade do capitalismo de aumentar a
exploração, a opressão e a repressão, nomeadamente alterando os equilíbrios
políticos existentes. Não anuncia a chegada de uma forma de fascismo, uma vez que a democracia
permite esta deterioração das condições económicas e sociais dos proletários, desviando o inevitável descontentamento
para o inofensivo terreno eleitoral.
Uma vitória eleitoral dos partidos
reformistas de esquerda, que sempre foram os zelosos servidores do capitalismo,
com o apoio dos sindicatos que sabotaram todas as grandes lutas dos últimos
anos, seria incapaz de conduzir à oposição aos ataques capitalistas.
Seja qual for o resultado das próximas eleições, os proletários só podem
contar com as suas próprias forças, com as suas próprias lutas para se
defenderem: é para isso que devem preparar-se sem se deixarem enganar pelos
ilusionistas de uma nova Frente Popular tão condenável como a antiga.
Abaixo a República burguesa e todas as suas instituições!
Pela união de proletários de todas as nacionalidades, idades e sexos,
desempregados ou activos! Pela retoma da luta de classes independente contra o
capitalismo e o imperialismo!
Pela revolução comunista internacional!
Partido
Comunista Internacional-O
Proletário, 16 de Junho de 2024
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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