A tarjeta que se segue está actualmente a ser distribuída pelo comité No War But Class War de Toronto, no Canadá. Ela aborda e responde, antes de mais, a uma situação que está a assistir à emergência de uma certa combatividade dos operários face aos ataques às condições de vida e aos despedimentos. Esta combatividade traduziu-se num certo número de greves de re-centragem, muitas vezes autorizadas por um mandato significativo dos membros. Houve greves de trabalhadores dos serviços públicos e, mais recentemente, de trabalhadores das fábricas de carne da Cargill. Uma potencial greve dos trabalhadores da Comissão de Trânsito de Toronto foi evitada à última hora, impedindo o que teria sido uma greve muito perturbadora.
Mas, na verdade, a tarjeta também se dirige ao proletariado internacional e às minorias mais combativas que se interrogam sobre "o que fazer" na actual situação de ataques redobrados, devido ao próprio facto da preparação para a guerra que é necessária hoje. Reunir-se em "comités de luta" para convocar e preparar as lutas é, sem dúvida, o meio mais acessível do "momento" para convocar, convencer, formar e preparar a resistência aos ataques maciços que a burguesia de todos os países pretende impor. Isto apesar das acções de sabotagem e de desorientação levadas a cabo pelas forças sindicais e políticas burguesas, particularmente à esquerda.
Como já dissemos, consideramos os comités NWBCW (No War But the Class War/Não à Guerra, senão a Guerra de Classes) como "comités de luta". Todos os camaradas e proletários, independentemente das suas convicções políticas, que estão conscientes e preocupados com a situação, e que procuram uma resposta concreta imediata - o caminho da luta operária - devem procurar reunir à sua volta aqueles que partilham a sua preocupação e a sua vontade de lutar.
Por mais débeis que sejam as respostas dos operários face aos ataques sofridos e à crescente e acelerada dinâmica de guerra generalizada, não há outro caminho senão a luta operária, o seu desenvolvimento, alargamento e generalização. O curso dos acontecimentos está a acelerar. [O tempo está a esgotar-se. A dinâmica da situação é contra o proletariado e a favor da guerra imperialista generalizada.
10 de junho de 2024
TRANSFORMAR A GUERRA IMPERIALISTA NUMA GUERRA DE CLASSES
As últimas semanas têm sido marcadas por uma escalada após outra, impulsionada pela classe dominante no Ocidente face ao desastre em desenvolvimento que é a sua política em relação à Ucrânia, que se está a desenrolar ao mesmo tempo que a legitimidade das potências ocidentais está num nível baixo recorde devido ao facto de darem cobertura política, diplomática e militar às atrocidades que o seu cliente Israel está a levar a cabo em Gaza e na Cisjordânia. Todas as linhas vermelhas que impuseram a si próprios relativamente à guerra na Ucrânia - nada de ajuda letal à Ucrânia, nada de armamento pesado, não às armas de ataque de longo alcance, não aos jactos de combate - foram ultrapassadas, em nome da defesa da Ucrânia. Que benevolência a deles! Tendo ultrapassado estas linhas vermelhas auto-impostas
que definiram como linhas vermelhas russas, a classe dominante ocidental convenceu-se a ela própria de que pode ultrapassar as linhas vermelhas reais. À medida que a situação militar na Ucrânia foi de mal a pior, a reacção dos patrocinadores ocidentais da Ucrânia tem sido a de duplicar a aposta e jogar tudo na aposta imprudente de que os avisos da classe dirigente russa sobre guerra nuclear são um bluff.
Estes representantes políticos das classes capitalistas ocidentais estão a falar abertamente sobre enviar tropas da NATO para a Ucrânia sob o disfarce de formadores e de "permitir que a Ucrânia" ataque no interior do território russo com mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos tácticos fornecidos pelo Ocidente.
Não se deixem enganar. Estes mísseis guiados requerem a participação de pessoal da NATO em cada passo, pelo que será de facto a NATO a atacar a Rússia.
Os ataques de drones que visam componentes do radar estratégico de alerta precoce da Rússia, cujo objetivo é detectar mísseis balísticos nucleares que se aproximam, foi este o contexto em que surgiu um consenso entre os governos ocidentais para autorizar a Ucrânia a atacar a Rússia com mísseis ocidentais.
Paralelamente, a classe dominante está a tentar forçar os operários a pagar a crise e o rearmamento. Os operários de muitos sectores responderam com greves mas, para conseguirem opor-se aos desígnios imperialistas da "nossa" classe dominante, estas
greves devem generalizar-se, combinar-se e unificar-se em reivindicações comuns. Só podemos vencer lutando como uma classe e não como operários numa corporação específica.
Como operários internacionalistas do Canadá, condenamos a recente decisão do governo canadiano de autorizar ataques directos ao território russo com armas fornecidas pelo Canadá.
Apelamos aos operários do Canadá e de outros países para que transformem a guerra imperialista numa guerra de classes contra os nossos opressores e exploradores, e apelamos aos nossos camaradas internacionalistas na Rússia, por muito poucos que sejam, para que transmitam a mesma mensagem aos operários de lá. Não há "agressor" ou "defensor" nesta guerra inter-imperialista. Todos os lados são imperialistas e estão dispostos a ir ao extremo para defender a sua própria posição no tabuleiro de xadrez imperialista. Em todo o mundo, o principal inimigo da classe operária é a classe capitalista do seu próprio país.
NÃO À 3ª GUERRA MUNDIAL!
OPERÁRIOS DE TODOS OS SECTORES - PÚBLICOS E PRIVADOS, SINDICALIZADOS OU NÃO - TOMEM MEDIDAS IMEDIATAS PARA PARAR A MARCHA PARA A GUERRA NUCLEAR!
REJEITEM OS SACRIFÍCIOS EXIGIDOS PARA A GUERRA! VOTEM EM TODOS OS LOCAIS DE TRABALHO PARAA ACÇÃO DE GREVE!
CRIEM COMITÉS DE LUTA E AGITAÇÃO NOS LOCAIS DE TRABALHO PARA ESTE OBJECTIVO!
OS QUE ESTÃO EM
GREVE, ESTENDAM A GREVE AOS LOCAIS DE TRABALHO MAIS PRÓXIMOS
PARA EXIGIR AUMENTOS SALARIAIS GENERALIZADOS E O FIM DA ESPIRAL DE ESCALADA!
Não à guerra, senão a guerra de classes Toronto, 5 de junho de 2024
[1] . No momento em que
escrevemos, tomamos conhecimento da decisão do Presidente francês Macron de
dissolver a Assembleia Nacional e convocar novas eleições, após os resultados das eleições europeias e a
vitória do Rassemblement National de Marine Le Pen. Ainda é demasiado cedo para
compreender todo o seu significado e consequências. As duas voltas das eleições
realizar-se-ão a 30 de junho e a 7 de julho. Em função dos resultados, será
nomeado um novo governo. É muito provável que não seja "macronista". Até
que ponto esta decisão surpreendente se enquadra no desejo da burguesia
francesa de assegurar a liderança europeia na marcha para a guerra que Macron tem
defendido? O que já é certo é que a esquerda está a apelar a uma Frente Popular
contra a extrema-direita. O próprio Macron está a apelar à defesa da República.
Ao fazê-lo, a burguesia ocupa objectivamente, se não conscientemente, o terreno
político e ideológico face a qualquer vontade proletária de travar a luta de
classes.
O texto desta tarjeta foi traduzido da versão inglesa por Luis Júdice
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