Na sequência do sucesso eleitoral do RN e do mau resultado da lista governamental nas eleições europeias, Macron decidiu dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas. À esquerda, os partidos que se tinham digladiado no dia anterior voltaram a juntar-se num piscar de olhos, não só para defenderem os seus lugares de deputados, mas também para se oporem à ameaça da extrema-direita e defenderem a "democracia". Escolheram o nome "Front Populaire" para batizar esta aliança, não só porque o nome "União de Esquerda" teria sido demasiado reminiscente da ação da esquerda ao serviço da ordem burguesa, mas sobretudo porque evocava vagas memórias da luta antifascista dos anos 30 - enquanto o Front Populaire tinha servido essencialmente para conter a gigantesca vaga de greves de 1936.
Este novo Front Populaire (Frente Popular) viu reunir-se, implícita ou explicitamente, a maior parte dos sindicatos (CGT, CFDT, Solidaires, FSU, UNSA) e os grupos ditos de "extrema-esquerda".
Mais uma vez, como acontece há décadas, um pretenso perigo fascista, encarnado pela FN ou pelo seu herdeiro actual, o RN, é evocado para mobilizar a população em geral e os proletários em particular em apoio da ordem estabelecida e das instituições da república burguesa, supostamente ameaçadas.
A RN é, sem dúvida, uma força política fundamentalmente reaccionária e anti-proletária, apesar da sua propaganda demagógica, e a sua chegada ao poder só poderia ser sinónimo de ataques capitalistas redobrados. Mas todos sabemos que esses ataques não esperaram pela vitória da RN: seguindo os passos do governo Hollande, o governo Macron continuou ao longo dos anos a multiplicar as medidas anti-operárias (mais recentemente a lei que endurece as medidas contra os desempregados) e a intensificar a repressão das mais diversas lutas e protestos sociais. A sua lei da imigração foi mesmo votada pelo RN no final do ano passado! A ascensão da extrema-direita em França e noutras partes da Europa reflecte a necessidade do capitalismo de aumentar a exploração, a opressão e a repressão, incluindo através da alteração do equilíbrio político existente. Não anuncia a chegada de uma forma de fascismo, uma vez que a democracia permite esta deterioração das condições económicas e sociais dos proletários, desviando o inevitável descontentamento para o inofensivo terreno eleitoral.
Uma vitória eleitoral dos partidos de esquerda reformistas, que sempre foram os servos zelosos do capitalismo, com o apoio dos sindicatos que sabotaram todas as grandes lutas dos últimos anos, seria incapaz de conduzir a uma oposição aos ataques capitalistas.
Seja qual for o resultado das próximas eleições, os proletários só podem contar com as suas próprias forças, com as suas próprias lutas para se defenderem: é para isso que têm de se preparar, sem se deixarem enganar pelos ilusionistas de uma nova Frente Popular tão condenável como a anterior.
Abaixo a República burguesa e todas as suas
instituições!
Pela união dos proletários de todas as nacionalidades,
idades e sexos, desempregados ou activos!
Pela retoma da luta de classes independente contra o
capitalismo e o imperialismo!
Pela revolução comunista internacional!
O Partido Comunista Internacional-Le prolétaire, 16 de junho de 2024
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
Sem comentários:
Enviar um comentário