Parte 1 - https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2024/05/fobia-e-islamofobia_24.html
RENÉ NABA — Este texto é publicado em
parceria com a www.madaniya.info.
A lista dos "pregadores do ódio" inclui todos aqueles que tentaram minar a autoridade da Arábia Saudita na esfera muçulmana - como Abu Bakr Al Baghdadi, o líder do Daech, conhecido como Califa Omar, ou Youssef Al-Qaradâwî, o mufti do Qatar, o principado wahhabita rival, ou os prestigiados chefes militares que enfrentaram os sauditas - como Abdel Malek Al Houthi, chefe da milícia iemenita, que resiste vitoriosamente há 7 anos contra uma coligação monárquica petrolífera; e, finalmente, um grupo de pregadores wahhabitas que inundaram as ondas de rádio com as suas imprecações e fatwas patológicas, tão prejudiciais para a imagem do Islão no mundo.
Revisão detalhada.
Abu Bakr Al Baghdadi, o califa Omar
A proclamação do califado no antigo território dos dois primeiros impérios
árabes (Omíada-Síria e Abássida-Iraque) no domingo, 29 de Junho de 2014,
primeiro dia do mês sagrado do Ramadão, para além do seu significado simbólico
na ordem religiosa e político-histórica, alterou radicalmente os dados do
tabuleiro de xadrez regional.
A instauração deste quinto califado da história muçulmana, na sequência da irrupção dos jihadistas sunitas na cena iraquiana, deu aos jihadistas sunitas acesso aos campos de petróleo.
Em termos rituais, o novo califa Ibrahim, cujo nome de guerra é Abu Bakr Al Baghdadi, combina o poder político e espiritual com a autoridade sobre todos os muçulmanos do mundo. Uma posição que o elevou à categoria de superior ao rei da Arábia, ao guardião dos lugares santos islâmicos de Meca e Medina, Ayman Al Zawahiri, sucessor de Osama Bin Laden à frente da Al Qaeda, e ao presidente da Confederação Mundial dos Ulemás Sunitas, Youssef Al Qaradawi, o pregador televisivo da NATO.
Ah, a bela cerimónia de fidelidade dos augustos assistentes do novo califa Ibrahim Abu Bakr Al Baghdadi. Enquanto os califados anteriores estiveram sediados nas metrópoles de impérios como Damasco, Bagdade, Cairo (Fatimida xiita) e Constantinopla (Otomano), o último califado plantou o seu poder numa zona quase desértica, perto dos campos de petróleo que geram royalties, a força vital da sua guerra. Do mesmo modo, no longo caminho da Jihad, foram criados Emirados Islâmicos em Kandahar (Afeganistão), Fallujah (Iraque) e no Sahel, mas nenhum deles pensou em instalar a sua capital em Jerusalém. Como a Palestina está longe das preocupações destes felizes guerreiros.
Esta reviravolta simbólica na hierarquia sunita, num contexto de exacerbação do carácter sectário da rivalidade sunita-xiita, alterou significativamente os termos do conflito com o fundamentalismo unilateral dos islamistas sunitas. Esta reviravolta colocou os seus apoiantes, principalmente a Arábia Saudita, em desvantagem, sofrendo esta última as consequências deste excesso de rigorismo e pagando o preço como dano colateral.
O seu verdadeiro nome é Ibrahim Awwad Al Badri, nascido em 1971 na cidade de Samarra. O seu nome de guerra é Abu Bakr al Baghdadi.
Estudante da Universidade Islâmica de Bagdade, actualmente conhecida como Universidade Iraquiana, onde estudou direito islâmico e teologia, juntou-se à insurreição no Iraque aos 32 anos de idade, pouco depois da invasão americana do Iraque em 2003. Tornou-se um dos mais activos adjuntos do líder da Al Qaeda no Iraque, Abu Musa'ab Al Zarqawi, um palestiniano nascido na cidade jordana de Zarqawi, que criou o Emirado Islâmico de Fallujah. Capturado, detido e torturado na maior prisão americana do Iraque, Camp Bucca, durante cinco anos, foi dado como morto pelas forças americanas em Outubro de 2005.
§ https://www.renenaba.com/irak-la-proclamation-du-califat-et-ses-consequences-strategiques/
Youssef Al-Qaradâwî, o Mufti da NATO
Nascido em 9 de setembro de 1926 no Egipto, este teólogo fundou a primeira
universidade de estudos e ciências islâmicas no Qatar em 1977. É também
presidente da União Internacional de Académicos Muçulmanos, membro do Conselho
Europeu da Fatwa.
Al-Qaradawi publicou mais de 120 obras, incluindo o Lícito e Ilícito no
Islão. Ele tem uma influência intelectual de primeira linha dentro da Irmandade
Islâmica Egípcia da Irmandade
Muçulmana, da qual ele é considerado o teólogo de referência.
Foi recusado a este pregador um visto de entrada no Reino Unido em 2008.
Ele está proibido de entrar nos Estados Unidos desde 1999 e na França em 2012.
No mundo muçulmano, a sua posição contra certos regimes levou-o a ser proibido
de entrar em vários países árabes, incluindo os Emirados Árabes Unidos e o Egipto.
No 1º de Dezembro de 2015, o Ministério da Educação saudita ordenou a
retirada de 80 livros de todas as escolas e universidades do país em duas
semanas. Entre as obras visadas por esta decisão está O Lícito e o Ilícito no
Islão, de Youssef Al-Qaradawi, a par de outros autores egípcios como Hassan
el-Banna, fundador da Irmandade Muçulmana, Sayyud Qutb e o teólogo
paquistanês Abul Ala al Maududi. Para ir mais longe no papel de Abul Ala al
Maudidi na inclinação do Islão para o totalitarismo, ver este link
Para além do seu papel teológico, o bilionário Mufti do Qatar distinguiu-se na chamada sequência da "Primavera Árabe" pelo seu memorável apelo aos países da NATO pedindo-lhes que bombardeassem a Síria, o único país no campo de batalha com o Líbano que não fez um pacto com Israel.
Abdel Malek Al Houthi (Iémen)
Abdel Malek Al Houthi surpreendeu o mundo com a sua estratégia furtiva e
híbrida que manteve à distância as petro-monarquias do Golfo e os seus
protectores da NATO durante sete anos, elevando o seu movimento à categoria de
grande decisor na Península Arábica.
Nascido na província setentrional de Sa'ada, perto da fronteira entre o
Iémen e a Arábia Saudita, no final da década de 1970, Abdel Malek é filho de
Badreddine Al-Houthi, um académico religioso da seita minoritária Zaydi do
Iémen, uma minoria xiita cujas crenças diferem das dos xiitas que dominam o
Irão e o Iraque.
Abdel Malek, o mais novo dos oito irmãos da família, é o líder da milícia
Houthi, conhecida como Ansar Allah, fundada no início da década de 1990 pelo
seu irmão mais velho, Hussein, antigo deputado e líder militar e religioso, com
o objetivo de reforçar o poder dos Houthis para promover os interesses dos xiitas
Zaidi no Iémen.
Os Zaidi governaram o Iémen durante séculos, até 1962, quando o Imamat caiu
e a República foi proclamada.
Abdel Malak Al-Houthi tornou-se chefe da milícia em 2005, após a morte do
seu pai e do seu irmão. Partilha a ideologia do seu irmão Hussein, que se diz
ter inspirado na revolução iraniana e considerar os Estados Unidos e Israel
como os principais inimigos dos muçulmanos.
Abdel Malek Al Houthi contrariou uma agressão petro-monárquica contra o
Iémen, lançada pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos em 2015, com
o apoio da NATO, para subjugar o país árabe mais pobre mas rebelde às injunções
sauditas.
Com equipamento rudimentar, os Houthis infligiram pesadas perdas às
economias petromonárquicas com o bombardeamento das instalações do gigante
petrolífero saudita Aramco, bem como de alvos em Abu Dhabi.
Para ir mais longe, consulte estes links:
§ https://www.renenaba.com/larabie-saoudite-face-au-double-defi/
§ https://www.renenaba.com/larabie-saoudite-face-au-double-defi-2/
Qais Al-Khazali (Iraque, xiita, líder de milícia)
Qaïs Al Kazali é um xiita que vive em Sadr City, o populoso e militante
subúrbio xiita de Bagdade, e que preside a uma milícia Asa'ib Ahl al-Haq (AAH),
os apoiantes da lei, para além de ser membro do parlamento iraquiano. Um
programa e peras. Uma personagem que representa uma perfeita dor de cabeça para
os sauditas.
Libertado pelos Estados Unidos no âmbito de um acordo de troca de prisioneiros em 2007, Qaïs al-Khazali apresenta-se como um político que respeita e protege o sistema político iraquiano, mas evita sempre revelar a sua fidelidade ao Irão.
O número de militantes do AAH é estimado em cerca de 10 000 e a milícia reivindicou a responsabilidade por 6 000 ataques contra as forças americanas e iraquianas.
Qaïs Al Khazali, que é próximo do clérigo xiita Moqtada Sadr e foi seu porta-voz, dirigiu o MAHDI ARMY, a primeira milícia xiita formada para combater as tropas americanas no Iraque após a invasão de 2003.
Para ir mais longe neste tema:
§ https://www.renenaba.com/moqtada-sadr-un-scalp-ideal-pour-george-bush-en-fin-de-mandat/
Said Al Ghamdi (Arábia Saudita)
Said ben Nasser Al-Ghamdi é um pregador defensor do Sururismo, um movimento
jihadista salafista que constitui o elo intermediário entre os Irmãos
Muçulmanos, a Al-Qaeda e, mais tarde, o Daech. Este pregador é também um activista
extremista que incita ao ódio contra outras escolas de pensamento religioso e
político, como o liberalismo, o nacionalismo, o esquerdismo e o xiismo, que ele
ataca e odeia em particular.
Para além disso, o seu ódio ao Ocidente, em particular aos Estados Unidos,
está patente nos seus livros, que advogam a intolerância, a rejeição e a
violência contra outras ideologias.
Al Ghamdi é o autor da célebre obra “O Desvio Decadal na Literatura e na
Ideologia da Modernidade” (The Decadal Deviation in the Literature and Ideology
of Modernity, em inglês).
Publicado pela primeira vez em 2003, o volume de 2000 páginas critica a
literatura moderna influenciada pelas escolas de pensamento ocidentais.
Al-Ghamdi descreve a literatura moderna como um desvio ideológico do Islão e
acredita que faz parte de uma conspiração contra a religião.
Nascido em 1959 na Arábia Saudita, Al-Ghamdi viveu no Reino durante vários
anos e licenciou-se no Shariah College de Abha em 1980.
Obteve depois um mestrado em 1988 e um doutoramento em 1998 na Faculdade de
Fundamentos da Religião da Universidade Al-Imam de Riade. Mais tarde, foi
nomeado professor assistente no Departamento de Fé e Doutrinas Contemporâneas
da Faculdade de Sharia e Fundamentos da Religião da Universidade King Khaled,
em Abha.
Diz-se que as suas tendências extremistas foram influenciadas por outros
académicos extremistas famosos, como Nasser Al-Omar, outro pregador do ódio.
Al-Ghamdi não poupou um único poeta ou autor famoso do século XX no seu
livro. Acusou-os a todos - muçulmanos, cristãos, judeus, poetas, críticos ou
escritores - de blasfémia, apostasia e desvio ideológico. Chegou mesmo a pôr em
causa a integridade do Prémio Nobel egípcio Naguib Mahfouz, considerando a sua
obra como um instrumento para atrair pessoas.
Noutro livro, O Partido Baath, Al-Ghamdi escreveu: "O secularismo, que
é o maior shirk (politeísmo) da época, manifesta-se por vezes nos tanques,
aviões de combate e fogo do Partido Baath, e outras vezes nas canetas de
intelectuais e escritores modernistas. Manifesta-se também nas instituições
administrativas e económicas".
Al-Ghamdi juntou-se a um outro pregador do ódio do Arab News, Omar Abdel
Aziz, para formar o "Partido da Assembleia Nacional", um partido
político criado pela diáspora saudita sob o pretexto de oposição e que inclui
também o filho do pregador extremista Salman Al-Audah, Abdallah Al Audah, que
se encontra detido.
Salman al-Odah (Arábia Saudita)
Nascido e criado na cidade saudita de Buraidah, começou a destacar-se nos
anos 80 com as suas palestras no instituto local onde leccionava, antes de se
radicalizar no final da década e se tornar uma das vozes do movimento do
Despertar Islâmico (Al-Sahwa).
Em 1994, o governo saudita pôs fim ao movimento, que adoptou uma abordagem mais extremista do Islão e difundiu uma ideologia favorável ao terrorismo entre os jovens da região que se opunham à presença de forças militares estrangeiras em solo saudita durante a Operação Tempestade no Deserto, em 1991.
Proibido de entrar na Dinamarca em 2017 e detido na Arábia Saudita desde Setembro de 2017, este clérigo é membro do conselho de administração da União Internacional de Académicos Islâmicos.
Fundador da islamtoday.net; é autor de "A Indústria da Morte" e "Come to Jihad", disponíveis no seu site, www.salmanalodah.com e em várias redes sociais que têm um total de mais de 30 milhões de subscritores.
Safar Al Hawali (Arábia Saudita)
Presidente da Campanha Mundial Anti-Agressão e membro do Comité para a
Defesa dos Direitos Legítimos, este clérigo foi preso na Arábia Saudita em Julho
de 2018.
Safar Al-Hawali, que no passado pôs em dúvida a existência da Al-Qaeda,
voltou à ribalta com um livro polémico de 3000 páginas, no qual apela à
inclusão da jihad no currículo escolar, critica os esforços de moderação e
modernização da Arábia Saudita e apela ao recrudescimento dos atentados
suicidas.
Nascido na tribo Hawala, em Al-Baha, no sudoeste da Arábia Saudita, obteve
a licenciatura em Direito Islâmico na Universidade Islâmica de Medina e o
mestrado e o doutoramento em Teologia Islâmica na Universidade Umm Al-Qura, em
Meca.
Durante muitos anos, Al-Hawali pregou ideias anti-semitas e anti-ocidentais
ao lado do famoso pregador Salman Al-Ouda, com quem foi um dos líderes do
movimento Islamic Revival.
Em 1993, uma comissão mista chefiada pelo Xeque Abdul Aziz ibn Baz, Grande
Mufti, concluiu que o discurso do movimento representava um perigo para a
sociedade saudita e emitiu um aviso para tentar pôr termo aos sermões dos seus
líderes.
Al-Hawali foi detido em 1994 e condenado a cinco anos de prisão por
promover a ideologia terrorista nos seus sermões. Libertado em 1999, separou-se
da Al-Ouda e raramente aparece nos meios de comunicação social.
Numa entrevista concedida à televisão saudita após os atentados de 11 de Setembro,
o clérigo criticou os meios de comunicação social ocidentais, acusando-os de
exagerar o envolvimento da Al-Qaeda e chegando mesmo a declarar que não tinha
provas da existência do grupo. Após a invasão do Iraque pelos Estados Unidos em
2003, o clérigo saudita apoiou a jihad contra a América.
Awad Al Qarni
Nascido em 1957, na aldeia de Bal Qarn, na província de Assir, no sudoeste
da Arábia Saudita, o antigo professor da Universidade Islâmica Imam Muhammad
ibn Saud foi detido em Setembro de 2017, juntamente com os seus colegas
pregadores extremistas Salman Al-Odah e Ali Al-Omari.
Al-Qarni alcançou um vasto público mesmo antes do surgimento das redes
sociais, tendo transmitido as suas ideias através de pregações em mesquitas e
de actividades extra-curriculares destinadas aos jovens da cidade de Abha.
Considera que a guerra contra o terrorismo é "engendrada" pelo
Ocidente para colonizar a região e destruir o seu modo de vida.
No seu livro de 1998, Modernism in the Balance of Islam: Islamic
Perspectives in the Literature of Modernity, Al-Qarni defende a tese de que as
obras literárias modernas levariam a humanidade a acreditar nas mentiras que
visam destruir os ensinamentos do Islão.
O modernismo", diz ele, "corroeu a nação e [...] procura [...]
revoltar-se contra a moral, os valores e as crenças". Acrescentou que
"o modernismo é uma ideia subversiva" e "uma invasão que deve
ser combatida". Durante anos, Al-Qarni recrutou jovens e enviou-os para zonas
de guerra, acreditando que era importante espalhar a mensagem de Deus por todos
os meios.
Numa entrevista ao canal de televisão Al-Majd, afirma que a guerra contra o
terrorismo é uma ferramenta que o Ocidente criou "para estabelecer uma
nova era de colonialismo, dominação, exploração e escravização dos povos, tanto
quanto possível; não há dúvida sobre isso".
Em Março de 2017, Al-Qarni foi multado em 100 000 riyals sauditas (27 000
dólares) e proibido de publicar pelo tribunal criminal especializado de Riade,
que trata de casos de terrorismo.
A sua detenção em Setembro de 2017 ocorreu depois de se ter descoberto que
ele e Al-Ouda tinham recebido pelo menos 20 milhões de dólares do governo do
Qatar. Foram também apresentadas provas de que Al-Qarni financiava a Irmandade
Muçulmana e outros grupos jihadistas extremistas na Península do Sinai, no
Egipto.
Omar Abdel Aziz Al-Zahrani (Arábia Saudita)
Exilado no Canadá desde 2009, Omar Abdelaziz Al-Zahrani nasceu e cresceu em Jeddah, na Arábia Saudita, onde frequentou a escola, antes de partir para estudar no Canadá em 2009. Este digitalista, muito activo nas redes sociais, antigo simpatizante do Daesh, reuniu a oposição saudita na diáspora e pediu asilo político no Canadá.
Tareq Abdel Haleem (Egipto – Canadá)
Tareq Abdel Haleem, que é egípcio mas vive em Mississauga, Ontário, Canadá,
é Director do Instituto Dar Al-Arqam.
Nascido no Egipto em 1948, o seu avô materno era Abdul Aziz Al-Bishri, um
académico e escritor moderado, e o seu avô paterno era um académico da
Universidade de Al-Azhar, no Cairo.
Seduzido pela ideia da jihad armada desde tenra idade, fundou a instituição
Dar Al-Arqam depois de emigrar para o Canadá no final da década de 1980 e
começou a leccionar um curso de direito islâmico em cooperação com a American
Open University em 1998. Foi também chefe de redacção do Ummat Al-Islam, um
periódico de língua árabe e inglesa, durante vários anos em Toronto.
Ideologicamente, Abdelhaleem, que vive no Canadá, subscreve as tácticas da
Al-Qaeda e dos seus filiados. Parece apoiar o pensamento jihadista salafista,
embora discorde selectivamente dos seus ideólogos. Escolher entre a Al-Qaeda e
o Daech, quando este último apareceu pela primeira vez no Médio Oriente, não
foi fácil para ele.
É apoiante de dois dos grandes oradores salafistas do século passado: Sayed
Abul 'Ala Maududi, o autor paquistanês, e Sayyid Qutb, o teórico egípcio da
jihad egípcia.
Nasser Al Omar (Arábia Saudita)
Este clérigo, membro da Associação de Académicos Muçulmanos, é presidente
da Associação Internacional Tadabbur Al-Quran.
Detido na Arábia Saudita desde Agosto de 2018, é conhecido pelas suas
fatwas (éditos religiosos) contra as mulheres e pelas suas críticas aos
esforços sauditas para promover a moderação. Membro da Associação de Académicos
Muçulmanos, dirigida por Yusuf Al-Qaradawi, foi detido em Agosto de 2018 devido
à sua filiação na Irmandade Muçulmana.
Nascido em 1952 na aldeia de Al-Moraidasiih, na região saudita de Qassim,
Al-Omar completou os seus estudos secundários no Instituto Metódico de Riade em
1970.
Em seguida, frequentou a Universidade Islâmica Imam Muhammad bin Saud e
obteve o grau de bacharel na faculdade de sharia em 1974, antes de ser nomeado
professor na universidade, onde prosseguiu os seus estudos de pós-graduação de
1979 a 1984. Tornou-se professor assistente e foi promovido a professor
associado em 1989, antes de se tornar professor em 1993.
Al-Omar opôs-se à reescrita dos manuais religiosos sauditas para eliminar
os ensinamentos anti-ocidentais e anti-judaicos e proibiu os muçulmanos de
entrarem nas igrejas.
Ayat Oraby (Egipto - Estados Unidos)
Ayat Oraby, uma jornalista egípcia radicada nos Estados Unidos, é conhecida
em todo o Egipto pelas suas tendências extremistas e pela sua retórica
anti-cristã. O seu site Web contém uma secção inteira que apela a um boicote
económico aos cristãos no Egipto, que acusa de conspirarem contra os muçulmanos
e de tentarem formar o seu próprio Estado copta.
Também se pronunciou publicamente contra a celebração do Natal no Egipto,
uma vez que alguns aspectos da festa são financiados pelos contribuintes, na
sua maioria muçulmanos.
Emigrou para os Estados Unidos pela primeira vez cerca de um ano depois de
ter iniciado a sua carreira como apresentadora no terceiro canal da televisão
egípcia, em 1992. Alguns anos mais tarde, em 1996, voltou a atravessar o
Atlântico para ser co-apresentadora do famoso programa "Bom dia
Egipto" no Canal 1. Mas em 1999, regressou definitivamente aos Estados
Unidos e tornou-se correspondente internacional da televisão egípcia. Fundou e
dirigiu a Noun Al-Niswa, a primeira revista feminina de língua árabe nos
Estados Unidos.
Oraby apoia a Irmandade Muçulmana e adere abertamente à ideologia de Sayyid
Qutb. A sua conta no Facebook conta com mais de um milhão de seguidores.
Ahlam Al Nasr (Síria): O poeta do Daesh
Ahlam Al Nasr, "sonhos de vitória" é um pseudónimo. Acredita-se
que o seu nome verdadeiro seja Shaima Haddad, embora tal ainda não tenha sido
estabelecido com certeza.
Quando fugiu de Damasco em criança, no início da guerra civil síria em 2011, a sua família refugiou-se no Kuwait. Mas Ahlam regressou à Síria em Junho de 2014 e, quatro meses mais tarde, casou com o extremista vienense Abu-Usama Al-Gharib em Raqqa, a capital de facto do grupo terrorista, que tem vindo a aumentar com as fileiras dos recrutas do Daech.
Al-Nasr ganhou rapidamente uma certa notoriedade entre os extremistas. Os seus poemas, que têm como tema a morte, a destruição, a lealdade ao califado e a decapitação dos apóstatas, espalharam-se como fogo entre os militantes e comandantes, que ficaram ainda mais entusiasmados com a visão fantástica da sua situação apresentada nos poemas.
Al-Nasr era uma "poetisa da corte" em Raqqa e foi-lhe atribuído o papel de propaganda oficial pelo grupo terrorista - uma decisão no mínimo paradoxal, dadas as severas restrições que o grupo impõe às mulheres.
O seu livro, A Chama da Verdade, contém uma colecção de 107 poemas que enaltecem os objectivos do Daech e apoiam a "viagem" dos militantes.
Num dos seus poemas, exorta os muçulmanos de todo o mundo a matar e queimar os inimigos do Islão.
Al-Nasr tem uma paixão incondicional e uma lealdade inabalável à missão do Califado Islâmico, que procura impor a lei da Sharia em todo o mundo.
Al-Nasr escreveu um ensaio de trinta páginas em que defende em pormenor a decisão da Daech de queimar Muath Al-Kasasbeh, o piloto jordano capturado pelo grupo extremista.
Fonte: Islam-Occident 3/4: Les prédicateurs de la haine – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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